Estimado camarada Luong Cuong, presidente da República Socialista do Vietnã;
Estimados líderes do Partido Comunista Vietnamita, do Estado, do Governo e das instituições;
Queridos e admirados ex-líderes do Partido, Governo e Estado vietnamita que tanto contribuíram, a partir de seus antigos cargos, para as relações entre Cuba e Vietnã, das quais celebramos hoje o 65º aniversário;
Amigos da solidariedade;
Irmãos e irmãs vietnamitas;
Membros da delegação cubana;
Camaradas:
É uma honra e um privilégio extraordinários celebrar 65 anos de relações bilaterais em solo vietnamita e, ao mesmo tempo, testemunhar os dias alegres de admirável patriotismo e orgulho nacional que marcam o 80º aniversário da Proclamação da Independência do Vietnã.
A Revolução de Agosto foi um evento épico de ressonância global que abalou os fundamentos do colonialismo na Ásia e deu origem ao primeiro estado democrático e popular do Sudeste Asiático, sob a orientação do Partido Comunista da Indochina, hoje Partido Comunista do Vietnã, e com a liderança segura de um revolucionário ilustre de todos os tempos, amado e admirado pelos cubanos: o venerável presidente Ho Chi Minh.
Em 1889, o Herói Nacional Cubano José Martí, em um relato visionário, Um Passeio pela Terra dos Annamitas, disse sobre os filhos deste nobre povo que eles sofreram e lutaram para serem livres, livres em sua terra, livres em seus pensamentos e, como os mais bravos, lutaram e lutariam novamente. A história subsequente, até os dias atuais, não se cansa de confirmar essas palavras do mais universal dos cubanos, com feitos heroicos de renome mundial, como a Batalha de Dien Bien Phu, a vitória contra o imperialismo ianque e a reunificação do país, que tornou possível sua independência definitiva.
Essa extraordinária história de resistência e vitórias, que rendeu ao Vietnã o respeito e a admiração do mundo, está na base dos nossos laços exemplares, com o apoio incondicional da Revolução Cubana aos bravos anamitas desde o seu início.
Estamos profundamente honrados por sermos o primeiro país latino-americano a estabelecer relações diplomáticas com o Vietnã, em 2 de dezembro de 1960, o primeiro no mundo a estabelecer um Comitê de Solidariedade com o Vietnã do Sul e o primeiro a abrir suas salas de aula para jovens vietnamitas em 1961.
Uma relação única foi construída entre Vietnã e Cuba, uma relação que resistiu ao teste do tempo e se tornou uma referência fundamental de amizade e cooperação, especialmente em tempos de enormes desafios à paz.
Esse vínculo peculiar transcende formalidades e protocolos porque nasce e se afirma em profundas tradições e identidades, forjadas nos dias em que o Comitê Cubano denunciava constantemente os crimes do imperialismo no Vietnã. E essa irmandade tornou-se ainda mais cativante quando o líder histórico da Revolução Cubana garantiu a uma imensa multidão de cubanos que, pelo Vietnã, estávamos dispostos a dar até o nosso próprio sangue.
Hoje podemos confirmar que esses sentimentos permanecem e que, pelo Vietnã de hoje, também estamos dispostos a dar até mesmo o nosso próprio sangue (Aplausos).
Essa proximidade, essa identificação moral de que falava o presidente Ho Chi Minh, foi reforçada pela presença de Fidel nos territórios libertados do Sul, em 1973. Ali, bem próximo de zonas de combate ativo, o líder histórico da Revolução Cubana, cercado por jovens combatentes, agitou a bandeira da Frente de Libertação Nacional como prova de sua absoluta confiança na vitória e da confirmação de que nós, cubanos, estávamos dispostos a compartilhar seu destino. A imagem desse evento é o símbolo mais belo da profunda amizade que celebramos hoje.
Ombro a ombro, tal como aconteceu em Haiphong durante os dias turbulentos dos bombardeios no norte ou na limpeza da lendária Trilha Ho Chi Minh, nossos irmãos e irmãs vietnamitas nos acompanharam mais tarde em nossos momentos mais difíceis: durante os anos difíceis do «período especial», durante a pandemia da Covid-19, depois que desastres naturais atingiram a Ilha e sempre, de forma especial, com sua valiosa e sustentada contribuição para a segurança alimentar de Cuba.
Este brevíssimo relato de acontecimentos emblemáticos destes 65 anos basta para resumir a exemplaridade destas relações entre duas nações do chamado Terceiro Mundo, cujos povos partilham ideais de independência, soberania e desenvolvimento com justiça social.
Hoje, nossos laços se fortalecem em todas as esferas: partidária, parlamentar, de defesa e segurança, judiciária, trabalhista, feminina, jovem comunista e solidária.
O diálogo político no mais alto nível é sistemático e se distingue pela honestidade, abertura, confiança mútua, amplo consenso na agenda internacional e uma constante disposição para trocar experiências sobre os processos de renovação no Vietnã e a atualização do Modelo Econômico e Social em Cuba.
Na esfera política, destaca-se a histórica visita a Cuba, em setembro de 2024, do secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, camarada To Lam. Este foi um evento decisivo para as relações bilaterais, que reafirmou os laços estreitos entre os dois povos, partidos e governos e delineou novos projetos econômicos e de cooperação em setores estratégicos para Cuba, com um novo foco na sustentabilidade e no benefício mútuo.
Os laços inquebráveis entre os dois partidos comunistas continuam a se fortalecer como um pilar da cooperação bilateral.
Entre outros acontecimentos recentes, destaca-se a visita a Cuba do camarada Nguyen Xuan Thang, membro do Bureau Político, presidente do Conselho Teórico Central e diretor da Academia Nacional de Política Ho Chi Minh, por ocasião do 6º Seminário Teórico Interpartidário realizado em Havana, como um espaço sistemático para a troca de experiências sobre a construção do socialismo em ambas as nações.
A cooperação histórica nas áreas de defesa e segurança é mais uma expressão da confiança mútua que distingue as relações bilaterais. Entre seus marcos mais recentes estão a presença no Vietnã do camarada general-de-corpo-de-exército Álvaro López Miera, ministro das Forças Armadas Revolucionárias, para participar das comemorações do 80º aniversário do Exército Popular do Vietnã, e a recente visita ao nosso país do camarada Nguyen Tan Cuong, vice-ministro e chefe do Estado-Maior do Exército Popular do Vietnã, em junho passado.
Também nos juntamos ao heróico povo vietnamita nas comemorações do 80º aniversário da Segurança Pública, que ocorreram em 19 de agosto, quando o general-de-corpo-de-exército Luis Alberto Álvarez Casas, ministro do Interior de Cuba, visitou Hanói.
Compartilhamos também com o Vietnã uma tradição de cooperação na esfera parlamentar no que diz respeito ao exercício da legislação e ao funcionamento de nossas respectivas assembleias nacionais, referências valiosas para continuar aprimorando a institucionalidade do poder popular e o Estado de Direito socialista em nossos países.
A consolidação de importantes mecanismos institucionais em vigor, como as consultas políticas entre ministérios das Relações Exteriores e a Comissão Intergovernamental para Cooperação Econômica, Científica e Técnica, que se reuniram recentemente em Hanói, nos permitiu delinear com mais precisão os próximos passos na agenda bilateral para fortalecer a cooperação multifacetada nos setores agroalimentar, saúde, educação, ciência e tecnologia, mídia e associações, construção, biofarmacêutico e biotecnologia, energia e bancos, entre outros.
O Vietnã consolidou sua posição como principal parceiro de investimento de Cuba na região asiática, com projetos ligados à produção agroalimentar, produtos básicos, biotecnologia e energia renovável. Cuba reafirma sua disposição de promover um ambiente cada vez mais atrativo para empreendedores vietnamitas, com base nas facilidades e incentivos aprovados pelo governo cubano.
Valorizamos profundamente o apoio inabalável do Vietnã em nossa luta contra o embargo econômico, comercial e financeiro imposto e intensificado pelos Estados Unidos, e a inclusão injusta e inaceitável de nosso país na lista de Estados patrocinadores do terrorismo. Apreciamos especialmente a declaração feita pelo secretário-geral, To Lam, no Segmento de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2024.
Seguindo o espírito do provérbio vietnamita que diz: «Beber água lembra a fonte», agradecemos mais uma vez ao nosso país irmão, o Vietnã, por seu inestimável apoio à segurança alimentar do nosso país.
A sensibilidade especial que encontramos no Partido e no Governo vietnamitas na criação de facilidades comerciais para garantir o fornecimento de arroz ao povo cubano, em meio à complexa situação que enfrentamos, confirma a força e a profundidade da nossa amizade.
Este gesto generoso se estende ao povo vietnamita, que muitas vezes nos comoveu ao longo dos anos com seus atos de solidariedade a Cuba. Mais recentemente, e no contexto deste aniversário, fomos tocados por uma campanha de arrecadação de fundos sem precedentes, que superou em muito as estimativas dos organizadores da Cruz Vermelha Vietnamita, arrecadando mais de US$ 14 milhões em apenas 30 horas, com uma única família entregando seis toneladas de arroz ao nosso consulado na Cidade Ho Chi Minh.
Tomo emprestadas, nesta ocasião, as palavras do camarada Do Van Chien, membro do Bureau Político do Partido Comunista do Vietnã e presidente da Frente Pátria do Vietnã, ao se referir ao impressionante resultado da campanha: «O afeto fraternal superou todas as distâncias geográficas e condições econômicas para se tornar um valor espiritual duradouro».
Por ocasião do 65º aniversário do estabelecimento das relações entre as nossas nações, os nossos povos, podemos afirmar mais uma vez:
Viva a amizade inquebrável entre Cuba e Vietnã! (Gritos de «Vida longa!»)
E como sempre: Cuba e Vietnã unidos vencerão!
Muito obrigado (Aplausos).
