
A decisão bem pensada de criar, em dezembro de 1962, a empresa estatal socialista MediCuba, respondeu à necessidade de proporcionar fornecimentos de insumos, medicamentos, equipamentos e tecnologias, requeridos no sistema de saúde cubano.
Hoje, esta sociedade mercantil, com capital netamente autóctone, trabalha para estabelecer políticas quanto à gestão de importação, em concordância com a aspiração de ir introduzindo fornecedores de maior notoriedade, que possam realmente responder aos requerimentos da economia nacional.
Esta entidade, adstrita ao Ministério da Saúde Pública, deve garantir com efetividade as provisões externas demandadas pelas instalações sanitárias no atendimento primário, secundário e terciário, mais as colaborações médicas de Cuba no exterior.
Para isso, mantém um trabalho consolidado e estável de muitos anos com empresas fornecedoras da Europa, Ásia e América, em países como a China, Alemanha, Itália, Japão, Suíça, França, Espanha, Índia, Dinamarca, Reino Unido, Panamá e Holanda.
A engenheira Laritza Joanicot Mas, à frente do Departamento de Compras de Medicamentos, conta ao Granma Internacional que os 13 especialistas de sua área devem realizar a aquisição de mais de 280 medicamentos não produzidos pela indústria cubana, para completar os 857 definidos no quadro básico dos medicamentos precisados.
O grupo empresarial BioCubaFarma satisfaz em 80% a demanda interna (com mais de 560 produtos) e MediCuba gere os mercados, pactua as quantidades, paga os lotes, coordena o translado de mercadorias e sua entrada às fronteiras cubanas. Depois se auxilia da Empresa de Fornecimentos Médicos para colocar os medicamentos na rede de farmácias, hospitais, policlínicas e consultórios.
“Realizamos um trabalho muito sensível”, refere a engenheira com 22 anos de trabalho na empresa. “Somos o suporte para salvar a vida de muitas pessoas, penso nos doentes de câncer necessitados dos soros citostáticos e nos pacientes com doenças cardiovasculares e neurológicas, que devem consumir medicamentos específicos. Caso não contarem com elas isso tem um impacto negativo, devemos buscá-las no menor custo possível e no tempo requerido”.
Com ela concorda Zurama Martínez Osorio, chefa do Departamento de Tecnologias Médicas e Peças de Reposição. “Nossa população é beneficiada pelo trabalho da MediCuba, importamos o que o país não pode produzir, por carecer de tecnologias ou porque são produtos que se produzem em pequenas quantidades. Também introduzimos equipamentos médicos e insumos para oferecer um serviço de qualidade. Portanto, o desenvolvimento atingido por Cuba na área de saúde está muito ligado a esta empresa”, afirma a especialista em Marketing.
A instituição exibe uma pasta de oportunidades para a busca de pulmões artificiais, resinas sintéticas para ortopedia, malhas tubulares elásticas, termômetros sem mercúrios, nebulizador ultrassônico, lâmpadas de foto-branqueamento curado e seus componentes, materiais descartáveis para cirurgia cardiovascular e autotransfusão, kit de anestesia espinal, peridural, mesas cirúrgicas e fixações externas para fraturas.
Também se incluem soluções parenterais, vacinas e imunoglobulinas, reagentes e meios de cultura para a fertilização in vitro, equipamentos de oncologia, cuidados intensivos, urologia e reabilitação, esponjas hemostáticas para cirurgia, gel condutor de alta qualidade, drenagem pós-operatória, crisóis, coaguladores de plasma de argônio, esfigmomanômetros, estetoscópio e manômetros, implantes mamários e ortopédicos e outros.
“Em 2015, a empresa em sua gestão de compra moveu um capital de mais de US$400 milhões e no mês de março concluíram as contratações das mercadorias, que se devem importar neste ano, com a garantia de chegar à fronteira cubana no tempo pactuado”, garante Martínez Osório.
A solvência econômica da empresa respaldada pelo Estado cubano se focaliza também em exigir padrões de qualidade para prevenir adulterações ou falsificações, cujo uso possa constituir um risco para a saúde das pessoas. Por isso se guia por estritas diretrizes, legisladas pelo registro de medicamentos do Centro Estatal de Medicamentos e Equipamentos (Cecmed) bem como certificações emitidas pelo Gabinete Nacional de Normalização.
A especialista acrescenta que as leis do criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos entorpecem a atividade ainda que se tenham dado passos bilaterais para a normalização das relações. Assevera: “Ainda não podemos comprar diretamente a fornecedores estadunidenses e devemos recorrer a terceiros, pelo qual se encarece o produto e seu frete. Hoje as principais bancas do mundo são perseguidas e multadas por realizar operações com Cuba e nossa empresa não escapa a essa situação”.
Similar critério é sustentado pela jovem Solainy Fajardo Araujo, especialista principal do Departamento de Materiais Gastáveis, que viveu a experiência de fazer gestões com um fornecedor espanhol para adquirir próteses ortopédicas. Após ter sido realizada a contratação e o processo se encontrar na fase de faturamento, foi preciso cancelá-lo. A empresa estrangeira passou às mãos de um estadunidense, que se negou a comercializar com a cubana, alegando temores a uma possível sanção, por causa das leis do bloqueio.
Esta jovem sente um profundo amor por seu trabalho e expressa: “Quando corremos atrás de um produto e conseguimos adquiri-lo, sentimos um grande regozijo. Somos conscientes do bem social gerado por nós. Recebemos pedidos para salvar a vida de uma criança ou para tentar salvar da morte a um paciente com câncer. Nesse momento todas as energias se viram em solucionar o problema, com uma consagração plena e a gente se apaixona cada dia mais do trabalho que realiza”.
As entrevistadas concordam em ressaltar que no futuro imediato, a MediCuba tem importantes desafios. Primeiro, conseguir a satisfação de todos e cada um dos clientes; segundo, melhorar a eficácia nos processos comerciais na importação e exportação de produtos médicos, e por último, a partir da consequente aplicação dos regulamentos vigentes no país e de maior organização empresarial, atingir a condição de Empresa do Comércio Exterior, com aperfeiçoamento consolidado.
Elas veem a empresa como uma organização de alto reconhecimento social, com profissionais capazes e comprometidos, que garantem com efetividade os fornecimentos externos necessários para o Sistema Nacional de Saúde e seus Serviços no Exterior.