REMEDIOS.– Quanto pior a situação, mais adversa a natureza se tornava com suas tempestades, mais difícil era a luta do agricultor Abel González López. Essa tenacidade o levou a converter um terreno abandonado — transformado em aterro sanitário após ser usado para o cultivo de frutas cítricas — em um espaço na província de Villa Clara que produz belas frutas e outras maravilhas.
Aquele ponto no mapa é a fazenda Colón; foi aqui que o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, iniciou sua agenda de visita na manhã de quarta-feira, 22 de outubro. Ele, acompanhado pelo membro do Bureau Político e secretário de Organização, Roberto Morales Ojeda, e pelas autoridades territoriais, segue um estilo de trabalho que busca ver, em primeira mão, experiências diversas em todo o país.
Antes de receber visitantes em sua fazenda, Abel González — que começou a plantar árvores frutíferas em 6 hectares de terra em 2008 — disse aos repórteres que a chave para seu sucesso é a perseverança: «Quanto mais difícil tudo era, mais trabalho dava». Outros fatores possibilitaram o avanço do projeto: ele recebeu apoio de entidades nacionais e projetos de colaboração internacional, como Consas e Alass.
Em conversa com o produtor de 51 anos, o presidente Díaz-Canel comentou: «Aqui há uma saúde tremenda; esta cultura é muito saudável». Expressou admiração durante o passeio pelas plantações. Mais de uma vez, o chefe de Estado perguntou sobre o uso de bioprodutos, e a resposta foi afirmativa.
A próxima parada da visita a Remedios foi a fábrica de conservas Los Atrevidos. «Eles sofrem os efeitos do bloqueio, tal como todos os outros, e vejam a cultura de atenção aos detalhes aqui», afirmou o presidente, perguntando aos trabalhadores por que eles não podem ser uma PME estatal e por que precisam depender de outra empresa. Também perguntou sobre seus salários e lucros, bem como as maneiras que encontraram para trabalhar lá, apesar das frequentes quedas de energia.
Díaz-Canel consultou sobre matérias-primas e embalagens. Na fábrica, recebeu detalhes sobre projetos em andamento para instalação de painéis solares e reparos em residências.
EXPERIÊNCIAS EM CAIBARIÉN
Em Caibarién, visitou um centro de processamento de alimentos que se encontrava em grave estado de degradação e que, há cerca de dois meses, começou a ser reformado por meio da produção cooperativa entre três entidades: a MPME Rempez, o Projeto de Desenvolvimento Local e a Empresa de Comércio e Gastronomia.
As mudanças que ocorrerão com esforço e com o passar do tempo terão um impacto positivo — como explicaram trabalhadores e gestores à administração do país — no sistema de Comércio e Gastronomia de Caibarién. «Este é um modelo que pode ser multiplicado», enfatizou Díaz-Canel.
Neste território, o chefe de Estado visitou então um centro emblemático: a Unidade Básica de Negócios (UEB) da CaimaR, cujo objeto social é a captura de espécies marinhas na plataforma insular e o desenvolvimento da cultura de esponjas.
A UEB detém o status de Vanguarda Nacional há três anos consecutivos. Lá, o presidente conversou com lideranças e pescadores, que discutiram duas necessidades da entidade produtiva: um investimento na fábrica de gelo; e a inauguração do centro de beneficiamento de esponjas, atualmente exportadas como matéria-prima.
EM CIENFUEGOS, PENSAMENTO DESPERTO E POTENCIAL
Apesar de obstáculos aparentemente intransponíveis, razões numéricas e pouco poéticas que poderiam explicar ineficiências, a verdade é que ainda existe um limiar de potencial que pode dar força a pequenos ou grandes triunfos, que podem nascer do aprimoramento de estruturas, da conexão de partes interessadas e do investimento no subjetivo.
Essa lição emerge com frequência nos roteiros que a liderança do país realiza há algum tempo pelos municípios cubanos, sempre com o objetivo de analisar como uma realidade produtiva pode se superar.
Em 22 de outubro, por exemplo, o presidente iniciou um percurso por dois municípios da província de Cienfuegos. No primeiro, Aguada de Pasajeros, visitou o Centro de Produtos Cárnicos, da Empresa Agrícola Primero de Mayo. Ele o fez acompanhado pelo membro do Bureau Político e secretário de Organização do Comitê Central, Roberto Morales Ojeda, bem como pelas autoridades locais.
Ali, uma reflexão sobre o arcabouço estrutural revelou o vasto potencial que pode ser identificado se as partes interessadas o conhecerem. A entidade — anteriormente subordinada a uma empresa nacional — pertence à Empresa Agroindustrial Municipal Primero de Mayo há dois anos, e sua produção é destinada ao turismo, consumo social e feiras locais.
A próxima parada do itinerário, no município de Aguada de Pasajeros, foi a fazenda La Perseverancia, pertencente à Cooperativa de Crédito e Serviços Sergio González (CCS). Lá, o presidente Díaz-Canel conversou com o produtor Frank Michel Becerra sobre a necessidade de defender a ideia de que é possível atingir a meta nacional de 200.000 hectares plantados com arroz.
«Temos que acreditar verdadeiramente», enfatizou o chefe de Estado, «que podemos plantar arroz para a autossuficiência nacional». Observando as plantações e notando a «cor uniforme» do arroz, o dignitário retornou a uma reflexão essencial e recorrente: por que algumas colheitas são excelentes e outras não, se as dificuldades afetam a todos igualmente? Frank Michel é um dos que romperam a inércia: alcançou bons resultados por meio da inovação e da colaboração com seus irmãos e irmãs vietnamitas e desenvolveu variedades de sementes mais resistentes e com maior produtividade.
OUTRAS LIÇÕES NO MUNICÍPIO DE ABREUS
A agenda da tarde desta quarta-feira, 22, no município de Abreus, em Cienfuegos, incluiu uma visita da liderança do país à empresa Horquita. Lá, o chefe de Estado conversou com líderes locais e da entidade produtiva — que está sob controle nacional — e indicou que consideraria operar como uma estrutura local, o que daria uma contribuição maior ao território.
Embora a cultura tradicional da empresa seja a batata, a banana-da-terra tornou-se recentemente um incentivo crescente para os agricultores. Islay Castellanos, por exemplo, contou ao presidente sobre os métodos que lhe permitiram atingir uma produtividade de 80 toneladas por hectare, utilizando a variedade fhia-04.
Não muito longe dali, Díaz-Canel visitou a casa de crianças Semillitas del Mañana, onde 24 crianças recebem os melhores cuidados. Elas pertencem a famílias trabalhadoras da Empresa Horquita, bem como dos setores de saúde e educação.
A próxima parada no roteiro foi a Unidade Básica de Negócios (UBN) Sergio González López — conhecida como Fábrica de Papel Damují — fundada por Ernesto Che Guevara em 21 de outubro, há 63 anos.
Trata-se de um espaço onde são produzidas diariamente entre 15 e 17 toneladas de papelão, destinadas à saúde, educação, comércio interno e diversas MPMEs.
O mundo da manufatura tem motivações relacionadas ao orgulho: nesta quarta-feira, trabalhadores da fábrica de papel disseram a jornalistas que, durante os dias difíceis da Covid-19, o centro encontrou alternativas na área de produtos químicos leves — explorando a produção de água sanitária, álcool em gel, desincrustantes, detergentes, colas, entre outros produtos.









