ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O presidente indicou que já haviam «planejado onde precisaríamos abrigar temporariamente as pessoas cujas casas foram gravemente danificadas». Foto: Estúdios Revolución

Holguín.– Mesmo com a dor deixada por um furacão, aprendemos. Melissa, por exemplo – o furacão mais poderoso que Cuba já enfrentou desde o início dos registros meteorológicos – devastou a região com suas rajadas, inundando terras, submergindo vilarejos com a subida das águas e arrancando árvores. Mas também mobilizou forças incríveis, guiadas pelo princípio sagrado de que a vida vem em primeiro lugar; e, mais uma vez, deixou para trás inúmeras lições sobre as quais o presidente Díaz-Canel refletiu nesta quinta-feira, 30 de outubro, de manhã.

 Na capital da província de Holguín, no Instituto Pré-Universitário Vocacional de Ciências Exatas (IPVCE), José Martí, o presidente compartilhou com jornalistas ideias relacionadas a essas valiosas lições. E não foi por acaso que a troca de mensagens ocorreu em um espaço que deu refúgio a 321 pessoas – dos municípios de Cacocum e Urbano Noris – cujas vidas estavam em perigo com o furacão, e que nesta quinta-feira, 30, contaram com alegria às autoridades do país sobre a sorte de estarem vivas e protegidas.

 «Que possam retornar logo para casa...», desejou o presidente a todos, no local do instituto pré-universitário, no começo uma visita às províncias do Leste de Cuba afetadas pelo furacão, com início em Holguín.

 O chefe de Estado será acompanhado nesta visita pelo chefe do órgão de trabalho político-ideológico e partidário, Roberto Morales Ojeda, por vice-primeiros-ministros, um grande grupo de ministros e pelas autoridades de cada território.

 «Hoje iniciamos nossa visita às províncias afetadas pelo ciclone, especificamente em Holguín, e o que constatamos é que um bom trabalho foi realizado em cada uma das fases», comentou.

 O presidente compartilhou suas avaliações e instruções e, ao final de seu discurso, disse: «Ficamos com uma boa impressão de como o trabalho foi realizado em Holguín e queremos aproveitar esta oportunidade para reiterar as felicitações que estendemos, em 29 e outubro, a todas as províncias. Ontem à noite, o general-de-exército me pediu que, quando chegássemos às províncias do leste, deixássemos suas saudações em todos os lugares ao povo de Holguín e aos órgãos governamentais que têm trabalhado».

  Antes de partir, afirmou que a liderança do país retornaria a essas áreas afetadas na semana seguinte. Na escola, famílias permaneceram, tendo acesso a equipes de saúde e psicólogos, e recebendo o apoio dedicado de um jovem professor, o diretor do IPVCE (Instituto Vocacional Pré-Universitário de Ciências Exatas), Andrés Barea. Mais uma vez, a humanidade de uma Revolução que não abandona seu povo ficou evidente.

OUTRAS DECLARAÇÕES NO PRÉ-UNIVERSITÁRIO

 «Há lugares que são mais complicados do que a capital da província, como Cueto, que vocês nos descreveram; mas aqui já podemos ver um clima de trabalho, um clima de organização; podemos ver que os próprios moradores estão limpando os estragos, e essa é uma das primeiras tarefas: a limpeza, que remove a destruição deixada pelo furacão», afirmou o presidente.

 «Acredito que vocês são capazes, se organizarem bem o trabalho, pelo menos aqui na capital — teríamos que ver como serão os outros municípios — de, com um cronograma intenso de trabalho entre hoje e o fim de semana, praticamente deixar a cidade em seu melhor estado até domingo, e então nos dedicarmos a trabalhar nas coisas que levarão mais tempo, que é principalmente a recuperação das moradias».

 Díaz-Canel contou aos repórteres sobre os lugares que visitou antes de chegar à escola pré-universitária: «Aqui vimos experiências na conservação de parques fotovoltaicos, que acredito que devam ser aplicadas ao restante dessas instalações, não apenas em termos de preservação, mas agora na forma como precisam ser interligadas e no conjunto de elementos que devem ser levados em consideração para evitar maiores danos, especialmente agora, com a passagem do furacão», disse.

 Insistiu que «o retorno dos evacuados deve ser responsável e ordenado», seguindo as diretrizes emitidas pelos Conselhos Provinciais e Municipais de Defesa. Ele também mencionou a necessidade de «planejar onde teríamos que abrigar temporariamente as pessoas cujas casas foram gravemente danificadas».

 O chefe de Estado enfatizou a importância do trabalho dos órgãos administrativos: «Que sejam bem integrados, que sejam repartições onde haja atendimento adequado, sempre se colocando no lugar dos afetados, daqueles que perderam alguns de seus pertences, que também enfrentam uma situação habitacional difícil».

 Em relação à agricultura, o presidente do Conselho Nacional de Defesa observou «que existem culturas que se comportam de maneira diferente». Comentou sobre o inhame, uma cultura que gosta de umidade e que pode ser em grande parte recuperada; sobre a banana-da-terra, que é sempre muito danificada por tempestades e cujas áreas de cultivo, em vez de serem perdidas, podem e devem ser recuperadas.

 Preservar as sementes de mandioca; lançar uma ofensiva para plantar culturas de ciclo curto, a fim de ter uma variedade de hortaliças e verduras; restaurar imediatamente todas as hortas e fazendas urbanas; e não abrir mão do programa de arroz ou qualquer outra produção de grãos. Díaz-Canel abordou esses temas com a população de Holguín.

 Antes dessas reflexões, a liderança do país visitou um local pertencente à União de Construção Militar (UCM). Na oficina de construção de casas utilizando sistemas construtivos baseados em contêineres, o presidente enfatizou que esse método é «uma das soluções rápidas que temos para resolver diversos problemas». Ele também mencionou a possibilidade de futuras melhorias nas características das construções.

 Em seguida, visitou o parque solar fotovoltaico de Providencia, que resistiu à passagem do furacão Melissa. Depois disso, a visita prosseguiu para o hospital geral Vladimir Ilich Lenin, cujos serviços de cuidados intensivos e neonatologia permaneceram operacionais.

DESAFIOS E TRIUNFOS

 Na manhã de quinta-feira, 30, o presidente do Conselho Provincial de Defesa de Holguín, Joel Queipo Ruiz, declarou à imprensa que, durante esses tempos difíceis, «a prioridade tem sido a proteção de todas as famílias».

 O funcionário detalhou que, naquele momento, 275 mil pessoas estavam evacuadas ou sob proteção. Destas, especificou, 29 mil estavam em centros de evacuação.

 «Continuou chovendo nos últimos dias e a proteção é a prioridade máxima», enfatizou Queipo Ruiz, que também informou que «ainda, por exemplo, em três municípios, o nível da água continua subindo». Preservar a vida das pessoas em Cacocum, Urbano Noris e Cueto é, portanto, uma prioridade essencial.

 Entre os principais impactos mencionados pelo funcionário, estavam a queda de árvores e a perda de plantações: «Tínhamos planejado plantar 35 mil hectares». Queipo afirmou que essas terras foram seriamente afetadas «em todos os municípios, sem exceção». Isso, como explicou, torna a recuperação agrícola uma prioridade, assim como o restabelecimento da energia elétrica na província.

 Em relação ao serviço telefônico, o presidente do Conselho Provincial de Defesa — que enfatizou que os danos ainda estão sendo avaliados — comentou que «neste momento, temos 29.000 clientes de telefonia fixa afetados». E mencionou a área de entrada de Moa como um local onde as comunicações foram interrompidas.

  «Ontem, depois que a tempestade deixou a província, tivemos que esperar um pouco porque continuou chovendo», disse Queipo, que também observou as fortes rajadas de vento em algumas áreas e que o olho da tempestade tropical Melissa passou por 11 municípios da província.

 Entre os danos contabilizados estão os telhados no município de Cueto. Lá, no momento da entrevista com Queipo, 30 casas permaneciam submersas; «porque houve muita água da chuva, não só dos rios, mas também dos reservatórios e pequenas barragens». Impulsionadas pela recuperação — que é a tarefa da ordem — brigadas mistas chegaram à província de Holguín para restabelecer as comunicações e reabrir as estradas.

 Queipo lembrou aos repórteres que foi precisamente nesta província que a política de recursos hídricos defendida pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruiz começou a se materializar durante o furacão Flora. Referiu-se ao volume de chuva que caiu. «Vejam, nossos reservatórios receberam 198 milhões de metros cúbicos. Já temos 11 pontos vazando água, entre barragens de desvio e reservatórios. E alguns nos disseram: 'choveu tanto, ou até mais, do que durante o furacão Flora'»

 Explicou que «neste momento, os reservatórios estão com 89% da capacidade — de um nível anterior de 45% — e 11 reservatórios já estão vazando água». Agora, enfatizou o líder do Partido, «o que precisamos é ter um controle muito rigoroso sobre para onde essa água vai».

 Queipo Ruiz também abordou outros temas. E, sem dúvida, uma palavra central esteve presente em cada parte de sua explicação: o resgate e o cuidado com a vida, nestes momentos e para sempre.