Em uma agenda muito apertada, que começou em Santiago de Cuba ao amanhecer, o chefe de Estado chegou a Holguín à tarde para avaliar os danos causados pelo ciclone que atingiu o território cubano nas primeiras horas de 29 de outubro com categoria três, bem como para verificar os esforços de recuperação.
«Precisamos fornecer ao nosso povo muitas informações e explicações durante esta fase de recuperação, porque as soluções não virão de uma vez», disse o presidente às autoridades provinciais. «Estamos trabalhando arduamente, há apoio de todo o país, há um grande movimento de solidariedade, mas os graves danos que estamos sofrendo não serão resolvidos da noite para o dia», afirmou.
Ao final de sua visita a Cacocum, e em uma reunião do Conselho Provincial de Defesa, o presidente falou sobre a necessidade de restabelecer gradualmente os principais processos e retornar à normalidade o máximo possível, «como a retomada do ano letivo – embora não de forma uniforme em todos os lugares – e outras atividades que nosso povo normalmente realiza», disse.
Entre as prioridades de trabalho para esta etapa, destacou o saneamento, para apagar as cicatrizes desagradáveis do furacão, aquela imagem de decadência. Também se referiu à revitalização da agricultura, não apenas recuperando áreas onde for possível, mas também plantando novas.
Destacou o restabelecimento de serviços básicos, como eletricidade, abastecimento de água, telecomunicações e reparos em moradias, como prioridades essenciais no momento. E também pediu que se mantenha o controle sobre a distribuição das doações para garantir que cheguem às comunidades e pessoas mais vulneráveis.
Díaz-Canel também indicou que a construção de casas utilizando estruturas de contêineres deve ser acelerada; avaliações de danos devem ser feitas para subsidiar a tomada de decisões; os escritórios devem permanecer abertos para processar a documentação dos afetados; e uma política de máxima severidade deve ser mantida contra aqueles que se aproveitam deste momento difícil para cometer atos ilegais.
«O que precisamos agora», refletiu, «é criar um ambiente de solidariedade e apoio para que possamos nos recuperar».
COM O POVO, ALI ONDE AS ÁGUAS ATINGIRAM O NÍVEL MAIS ALTO
O presidente, acompanhado pelo membro do Bureau Político e secretário de Organização do Comitê Central do Partido, Roberto Morales Ojeda, por diversos ministros, vice-ministros e autoridades do Partido e do Governo da província, visitou nesta quarta-feira, 5 de novembro, no município de Urbano Noris, a escola politécnica Guillermón Moncada, onde 190 moradores de Holguín permanecem abrigados: a maioria crianças, idosos, mulheres e pessoas com deficiência, que moram em áreas alagadas pela impressionante e perigosa cheia dos rios.
Díaz-Canel foi calorosamente recebido e aqueles que disseram se sentir em casa expressaram sua gratidão. Foi-lhes garantido alimento, assistência médica contínua e proteção constante, embora também tenham manifestado preocupação com o estado de suas casas, mesmo em áreas onde as águas da enchente ainda não haviam baixado.
O presidente reiterou um conceito que tem repetido diversas vezes nos últimos dias aos evacuados e às autoridades: que ninguém deve regressar enquanto as condições não estiverem garantidas, e que aqueles que não puderem regressar devem receber os cuidados necessários.
Em seguida, visitou a comunidade Estrada, também em Urbano Noris, onde as águas subiram a níveis sem precedentes. Embora todos os moradores tenham sido salvos, muitos perderam colchões, equipamentos elétricos, telhados, roupas e pertences de todos os tipos. Eles informaram o chefe de Estado sobre sua situação, e ele garantiu que a ajuda estava a caminho e que ninguém ficaria sem assistência.
Ao mesmo tempo, levantaram outros problemas da vizinhança, como a reivindicação de uma escola mais próxima para os alunos do ensino secundário, sobre a qual o presidente instruiu as autoridades a avaliarem e tomarem decisões.
Em Cacocum, visitaram outra comunidade fortemente afetada pelo furacão Melissa, conhecida como La Agraria, onde 176 casas foram inundadas. De acordo com o que explicaram ao presidente local, uma avaliação dos danos foi concluída, assistentes sociais visitaram todas as famílias e o escritório para processar os pedidos de materiais para o reparo das casas dos afetados já está em funcionamento.
No município de Cacocum, foi relatado que cerca de vinte bairros sofreram inundações e sete permanecem submersos. A respeito disso, o presidente Díaz-Canel indicou que os planos para lidar com situações de desastre como a vivenciada aqui, que continua afetando profundamente essa comunidade na província de Holguín, serão atualizados.
ALGUNS FATOS
Segundo Joel Queipo Ruiz, presidente do Conselho Provincial de Defesa, que informou ao presidente do Conselho Nacional de Defesa, 10.116 casas em Holguín foram danificadas, das quais 546 desabaram completamente. Cento e quarenta e três escritórios já foram abertos para auxiliar a população afetada.
Em relação à infraestrutura do território, especificou que 141 unidades de saúde sofreram danos parciais e 457 escolas foram afetadas, 11 delas completamente. Quanto às comunicações, observou que 32.723 postes de serviços públicos e 40.112 linhas telefônicas foram danificados. A recuperação neste setor está em 60%.
No setor elétrico, as obras permitiram o restabelecimento do serviço para 56,95% dos clientes, o que corresponde a 197 mil pessoas. Segundo o ministro de Energia e Mineração, Vicente de la O Levy, 890 eletricistas de diversas províncias estão trabalhando em Holguín.
«As barragens estão com 94% de sua capacidade, em comparação com 60% em 28 de outubro, antes da chegada do furacão. Cerca de 198 milhões de metros cúbicos de água foram recebidos em oito horas», observou Queipo Ruiz, acrescentando que 18 barragens estão atualmente transbordando.
Na agricultura, mais de 18.000 hectares foram danificados, principalmente em cultivos de banana, além de mandioca, batata-doce e milho.
«Os municípios mais afetados pelo furacão, com seus ventos e chuvas muito intensas, foram Urbano Noris, Cacocum, Cueto, Sagua de Tánamo e Holguín», afirmou o líder do partido.
