ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Será necessário o esforço de todos, para recuperar o que foi perdido. Photo: Juan Pablo Carreras
O presidente do Conselho de Defesa Nacional (CDN), Miguel Díaz-Canel Bermúdez, reconheceu a sabedoria, a disciplina e a responsabilidade do povo cubano durante os esforços de recuperação após a passagem do furacão Melissa pelas províncias do Leste. Ele fez essa declaração ao avaliar o progresso dessa fase no programa «Da Presidência», transmitido pelo programa Mesa Redonda.
 
O presidente enfatizou que, apesar das perdas de bens materiais, colheitas — incluindo as cultivadas para a autossuficiência municipal — e infraestrutura de serviços, o resultado positivo foi que não houve perda de vidas humanas. Elogiou o trabalho realizado nos sistemas de evacuação, embora tenha observado que a coordenação não foi uniforme em todas as localidades. Também reafirmou que os Conselhos de Defesa, em todos os níveis, «agiram com responsabilidade, união, heroísmo e solidariedade».
 
Díaz-Canel especificou que aproximadamente 70 mil casas foram afetadas e dezenas de milhares de hectares foram danificados. Enfatizou, no entanto, que os danos são significativamente maiores devido ao prolongado bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos.
 
Relatórios preliminares indicam que mais de um milhão (1.003.120) de pessoas foram abrigadas, das quais aproximadamente 933 mil foram alojadas com familiares, vizinhos e amigos. Além disso, mais de 54 mil pessoas permanecem em centros de evacuação devido às enchentes.
 
«A recuperação levará tempo», reconheceu, mas esclareceu que estão trabalhando intensamente desde o primeiro dia: a energia elétrica e as linhas de comunicação já foram restabelecidas em algumas áreas, e caminhões-pipa com água potável estão sendo distribuídos para áreas de difícil acesso.
 
EM CUBA, TODOS NÓS SOMOS O ESTADO
 
Em resposta às narrativas de ódio que tentam desacreditar os esforços da Revolução e atribuir os efeitos do bloqueio à incapacidade do Estado, o presidente questionou: «Pode um Estado falido enfrentar um furacão com as características de Melissa e superar o desafio de proteger a vida das pessoas em momentos tão críticos?»
 
«Uma semana depois», acrescentou, «as feridas que Melissa abriu durante sua estadia em Cuba continuam nos desafiando. Os dias passam lentamente para aqueles que aguardam eletricidade, água, comida e suprimentos essenciais, mas reiteramos a todos, garantimos a todos, que ninguém será deixado à própria sorte».
 
Após visitar as áreas mais atingidas, o presidente descreveu a experiência como «duplamente impressionante, devido à destruição, é claro, mas também devido à resiliência inabalável deste povo invencível». Além dessa característica, acrescentou algo ainda mais poderoso: «a unidade da nação diante da adversidade e a obra humanista da Revolução».
 
Dirigindo-se aos seus críticos, a quem chamou de «porta-vozes do ódio», referiu-se ao conceito de um «Estado falido» e afirmou enfaticamente: «O que os que odeiam não percebem é que, quando essa expressão é usada numa tentativa de desacreditar a Revolução, esquece-se que, em Cuba, o Estado somos todos nós».
 
Para sustentar essa afirmação, o presidente descreveu a estrutura estatal como uma rede que se estende do Conselho de Defesa Nacional aos líderes comunitários e deu como exemplo «aqueles dois colegas que atravessaram a nado o rio caudaloso em Los Reinaldos para nos explicar a situação de sua comunidade, não perguntando, mas propondo soluções práticas».
 
«O tecido social que a Revolução criou em nossos quarteirões, em nossos bairros, em nossas comunidades urbanas e rurais, é mais poderoso do que um Estado comum. O poder do povo, esse é o verdadeiro poder», afirmou o chefe de Estado.
 
Por fim, evocou o legado do Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, lembrando as suas palavras durante os anos do 'período especial', e concluiu com um agradecimento «a todos aqueles que compreenderam e abraçaram este legado desafiador, com a convicção de que com este ímpeto iremos viver e superar».
 
SITUAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NAS PROVÍNCIAS DO LESTE
 
Antonio Rodríguez Rodríguez, presidente do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos (INRH), informou que os reservatórios nas províncias do Leste permaneceram estáveis ​​durante o furacão, e alguns chegaram a registrar níveis recordes de transbordamento.
 
Em relação ao abastecimento, estão em curso esforços para restabelecê-lo o mais rapidamente possível, especialmente nas comunidades mais afetadas.
 
Em Las Tunas, as redes de distribuição já estão totalmente restabelecidas.
Em Santiago de Cuba, as duas principais fontes de água que abastecem a capital provincial foram restabelecidas. A empresa Águas Turquino já atendeu 22% da população, enquanto a Águas Santiago alcançou 33%.
Além disso, está prevista a chegada de oito tanques de 3.000 litros e mais 30 tanques de 1.000 litros, bem como dez grupos geradores para edifícios sem serviço.
 
Em Guantánamo, 87% da população agora tem acesso à água potável, e em Holguín, a porcentagem sobe para 68%. Rodríguez destacou o progresso na construção de um encanamento de água em Moa e os esforços para resolver os problemas de abastecimento de água para a usina termoelétrica Lidio Ramón Pérez, em Felton.
 
Uma estação de tratamento de água chegou a Granma para abastecer o Rio Cauto, enquanto outras três estão a caminho de Cauto Cristo. Essas instalações, juntamente com o uso estratégico de reservatórios, garantirão o fornecimento de água potável de qualidade.
 
RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA
 
Todas as linhas de transmissão de energia foram restauradas. Foto: Addys Hernández / ACN.
O ministro de Energia e Mineração, Vicente de la O Levy, apresentou um relatório detalhado sobre a recuperação do Sistema Elétrico Nacional, destacando os progressos e as estratégias para as áreas mais críticas.
 
Confirmou que todas as linhas de transmissão foram restauradas, com exceção daquela que liga Cueto a Bayamo, e que o trabalho agora se concentra nos níveis de distribuição. E especificou que Guantánamo ainda não está conectada ao Sistema Elétrico Nacional (SEN), mas «a prioridade é realizar a conexão amanhã mesmo».
 
Em Las Tunas, o serviço foi restabelecido em 97,8%, e em Holguín, os níveis de recuperação atingiram 61%. De la O Levy observou que a província de Granma, um dos territórios mais afetados, conseguiu restabelecer 64% de seus serviços e reconheceu o trabalho realizado lá e em Guantánamo com fontes de geração distribuída.
 
As ações imediatas incluem conectar Bayamo à linha de 110 quilovolts para consolidar a estabilidade do sistema na região.
 
Ele descreveu Santiago de Cuba como a província com a situação mais difícil, devido aos extensos danos nas redes de distribuição e em diversas cidades. Embora o município de Guamá permaneça inacessível por via terrestre, um gerador foi entregue com sucesso e já está em funcionamento.
 
Explicou que, à medida que o trabalho for concluído em outras províncias, as equipes se deslocarão para Santiago de Cuba, onde um plano abrangente de recuperação está sendo implementado para atingir um alto percentual de restauração na próxima semana.
 
Enfatizou que os geradores de emergência permanecem operacionais em todas as províncias, com fornecimento de combustível garantido. O ministro expressou sua gratidão pela dedicação dos trabalhadores do setor elétrico, dos eletricistas e pelo apoio das instituições e do público.
 
MAIS DE 76 MIL CASAS AFETADAS
 
O ministro da Economia e Planejamento, Joaquín Alonso Vázquez, informou que «não tivemos que lamentar nenhuma morte ou ferimento devido ao furacão», resultado da implementação das decisões do CDN e das evacuações realizadas.
 
Os números preliminares de danos a residências, sujeitos a atualização, são os seguintes:
 
- Casas com danos relatados: 76.689
- Colapso total: 4.743
- Danos parciais em paredes e estruturas: 10.311
- Danos totais no telhado: 12.056
- Danos parciais no telhado: 47.753 (destes, 2.190 já foram recuperados)
 
Alonso Vázquez enfatizou que esses números são dinâmicos, pois as equipes de avaliação ainda precisam acessar áreas isoladas. Assegurou que, apesar do bloqueio, «nenhum esforço ou recurso está sendo poupado», como demonstra a mobilização imediata de materiais.
 
A recuperação conta com múltiplas fontes de apoio: brigadas técnicas de agências estatais, ajuda internacional, auxílio da população cubana e uma notável participação da comunidade.
 
O ministério ativou grupos de trabalho especializados:
 
 Jurídico: Serão aplicadas medidas contra a indisciplina e os crimes.
 
Saúde: Reforço dos controles sanitários para prevenir epidemias.
 
Alimentação: Garante a distribuição equitativa de doações e produtos estaduais.
 
Indústria: Apoia a recuperação de bens domésticos e residências.
 
Seguros e subsídios: Os danos já estão sendo avaliados e uma política de subsídios para materiais de construção foi aprovada.
 
O ministro alertou para a necessidade de se tomarem medidas extremas de segurança contra incêndios devido ao grande volume de material inflamável acumulado. E enfatizou que «mais uma vez ficou demonstrado que um povo organizado e unido, sob a liderança do Partido, é invencível».
 
ASSISTÊNCIA MÉDICA E MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS
 
«O Sistema Nacional de Saúde mantém sua estrutura totalmente ativada nas províncias do Leste», assegurou Tania Margarita Cruz Hernández, primeira vice-ministra da Saúde Pública.
 
Até o momento, 642 unidades de saúde relataram danos, com maior incidência em Santiago de Cuba (231), Granma (144), Holguín (127) e Guantánamo (124). Os danos são parciais (telhados, carpintaria), mas 4% dessas unidades já retomaram as operações.
 
Para garantir a cobertura médica, 33 equipes médico-cirúrgicas permanecem mobilizadas, prestando assistência, especialmente em áreas de difícil acesso. Cuidados especializados estão sendo oferecidos a bebês, crianças menores de um ano e idosos em centros de evacuação.
 
AÇÕES PARA PREVENIR SURTOS EPIDÊMICOS
 
Em resposta ao risco de doenças, foi implementada uma operação intensiva de controle epidemiológico. Equipes de controle de vetores e de higiene estão trabalhando para monitorar a qualidade da água e o preparo dos alimentos, prevenindo doenças diarreicas agudas e outras infecções.
 
É realizado um levantamento de síndromes febris inespecíficas e distribuído hipoclorito de sódio para garantir cobertura por vários dias. Apoio psicológico também é oferecido por psicólogos e psiquiatras em centros de evacuação e comunidades afetadas.
 
Equipes eletromédicas estão sendo preparadas para reparar equipamentos danificados, priorizando programas como saúde materno-infantil, hemodiálise e terapia intensiva. "Todos os nossos prontos-socorros e hospitais estão em pleno funcionamento", assegurou ele.
 
Por fim, foi relatado que nas Universidades de Ciências Médicas as aulas serão retomadas na próxima segunda-feira, 10 de novembro. O presidente observou que livros didáticos foram perdidos em áreas afetadas por enchentes, sendo necessário revisar e garantir que tudo o que precisa ser reposto seja substituído.
 
O ANO LETIVO JÁ RECOMEÇOU
 
A ministra da Educação, Naima Ariatne Trujillo Barreto, confirmou a retomada do ano letivo, que está prosseguindo «com a mesma urgência e abordagem gradual planejada». Das 2.117 escolas afetadas, mais de 50% já se recuperaram «graças ao esforço de todos».
 
Especificou que em Santiago de Cuba uma reabertura gradual será avaliada a partir de segunda-feira, 10, devido à situação complexa, enquanto no Granma 219 instituições em quatro municípios já reabriram, principalmente centros infantis e escolas primárias.
 
Destacou o trabalho altruísta dos educadores — 23 dos quais ministraram aulas em suas próprias casas — e pediu calma em relação ao calendário escolar, já que «o ano letivo ainda tem pelo menos três semanas reservadas para todos os níveis». Enfatizou que a certificação de higiene para as escolas é uma prioridade na atual conjuntura epidemiológica.
 
Como exemplo de compaixão humana, ela citou o caso de uma criança que doou seus melhores brinquedos: «Foi muito comovente ver seu gesto altruísta». Esses primeiros dias de aula também serão dedicados a compartilhar esses atos cotidianos de heroísmo, nos quais «as próprias crianças responderam de maneira extraordinária».
 
MAIS QUE AJUDA, SOLIDARIEDADE MÚTUA
 
Enfrentamos e superamos o desafio de proteger vidas humanas nos momentos mais críticos. Photo: Juan Pablo Carreras
O vice-primeiro-ministro e ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Oscar Pérez-Oliva Fraga, lembrou que, dias antes do furacão, o Sistema das Nações Unidas mobilizou recursos previamente posicionados.
 
Onze milhões dos 74,2 milhões de dólares previstos em um plano de ação da ONU já foram recebidos, graças às contribuições da Alemanha, Noruega e Canadá. Ajuda concreta também está chegando de dezenas de países, com destaque para a resposta imediata da Venezuela.
 
Cubanos residentes no exterior, organizações de solidariedade, empresas estrangeiras e investidores estão participando desse esforço. Em 6 de novembro, chegaram dois navios e dois voos fretados: um da Colômbia com 240 toneladas de água, alimentos e medicamentos, e outro da Índia com 20 toneladas, incluindo um hospital móvel para 300 pessoas.
 
«Houve especulações de que a ajuda não chega diretamente, mas tudo é recebido pela população sem burocracia ou intermediários. Impedimos que as doações sejam armazenadas em depósitos e as direcionamos aos conselhos de defesa zonais, municipais e provinciais», afirmou.
 
Oliva Fraga destacou como a ajuda planejada para a Ilha constitui uma resposta recíproca à solidariedade histórica por ela praticada.
 
SANTIAGO DE CUBA DEPOIS DE MELISSA
 
Beatriz Johnson Urrutia, presidente do Conselho Provincial de Defesa de Santiago de Cuba, informou que os principais danos incluem casas desabadas, árvores caídas, postes de energia e telefone derrubados, além de ruas e estradas danificadas, deixando municípios como San Luis e Palma Soriano isolados.
 
Na agricultura, os danos incluem a perda de diversas culturas, equipamentos de irrigação e instalações de produção, embora estejam em curso esforços para recuperar o máximo de hectares possível. Mais de 2.000 instalações estatais sofreram danos.
 
Até o momento, a energia foi restabelecida para 28.140 clientes. Materiais de construção estão sendo distribuídos aos afetados pelos deslizamentos de terra. A administração enfatizou o trabalho árduo que está sendo feito para reparar os danos o mais rápido possível.
 
 A CIDADE RETOMA ALGUNS DOS SEUS SERVIÇOS
 
A presidente do Conselho Provincial de Defesa de Granma, Yudelkis Ortiz Barceló, indicou que pouco mais de 5.000 pessoas ainda estão abrigadas em centros administrados pelo governo. Mais de 186 mil pessoas foram abrigadas em centros e em casas de parentes, e cerca de 2.000 moradores de Granma foram acolhidos por pessoas de Las Tunas.
 
Em nome do Conselho de Defesa e do povo de Granma, ela expressou sua gratidão pela hospitalidade demonstrada pelos moradores de Las Tunas. O trabalho também está concentrado no município de Río Cauto, epicentro das operações mais intensas.
 
Destacou o restabelecimento do serviço de energia elétrica, que atingiu 64% (embora 50 circuitos principais ainda estejam sem energia), e agradeceu às equipes de manutenção de Villa Clara e Matanzas pelo trabalho realizado. O serviço de telefonia móvel foi restabelecido e 79% dos serviços de telefonia fixa estão operacionais.
 
Foram tomadas medidas firmes contra cinco crimes cometidos, foram recebidas doações e reconhecidos os esforços de recuperação, que incluíram desde a limpeza até a retomada do ano letivo em 219 instituições em diversos municípios.
 
HOLGUÍN CONTINUA EM RECUPERAÇÃO
 
O presidente do Conselho Provincial de Defesa de Holguín, Joel Queipo Ruiz, relatou a complexa situação no território e o progresso na recuperação.
 
Aproximadamente 299 mil pessoas foram protegidas, sendo que 29.244 foram alojadas em centros de evacuação. Atualmente, 1.068 pessoas permanecem em 18 centros e 12.819 continuam alojadas em outras residências.
 
O sistema hidráulico recebeu 217 milhões de metros cúbicos de água, atingindo 94,5% da capacidade dos reservatórios. «Dezesseis barragens e doze barragens de desvio estão liberando água, um número recorde», especificou. Em relação aos serviços básicos, 68% do abastecimento de água residencial foi restabelecido e 33 dos 51 pontos de abastecimento de caminhões-pipa foram reabertos.
 
O setor elétrico está apresentando progressos, com 127 circuitos religados e uma taxa diária de 10 a 20% de avanço nos 80 restantes. Em Moa, 85% da população já tem acesso à energia. As telecomunicações também melhoraram, com 49 postes telefônicos reparados e o serviço restabelecido para 30.982 clientes.
 
Na área da educação, «91 escolas estão agora prontas para reabrir», o que foi descrito como «um dos símbolos e sinais de recuperação». O setor da saúde conta com 1.250 unidades operacionais, sendo que 31 das 141 afetadas já se recuperaram.
 
Há 14.630 relatos de danos a residências, com um total de 784 desabamentos. A agricultura perdeu 35.987 hectares, mas esforços estão sendo feitos para recuperar sementes para o plantio de inverno. No setor comercial, 10 das 60 padarias e 41 dos 230 armazéns estão em funcionamento.