ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Reynier Mariño atingiu o sucesso com seu violão e o flamenco em quatro continentes.

VIOLÃO e flamenco são duas palavras essenciais para falar de Reynier Mariño. É um virtuoso do instrumento e o gênero. Para ele, “o violão é minha vida e o flamenco, minha alma”.

“Minha viagem pelo mundo tem sido longa, onze anos que estive na Europa, Ásia, África e a América toda, mas em algum momento a gente volta a sua terra, disse: eu quero voltar, fazer coisas para as pessoas, para meu país”, confessa a esta publicação pouco antes da estreia, na sala Avellaneda, do Teatro Nacional de Havana, de seu espetáculo Regreso, o qual encenará depois na província de Cienfuegos e neste mês de setembro em Santa Clara e Pinar del Río.

Os concertos, com seu grupo e uma dupla de dançarinos, têm como convidada Miriela Moreno, líder da orquestra Aceituna sin hueso. “Propomos um repertório variado” — disse Mariño — “focalizado principalmente no flamenco, mas também versões de peças espanholas e as clássicas cubanas muito conhecidas e suas próprias composições. Peças como Entre dos aguas, do maestro Paco de Lucía, de Camarón de la Isla, Rocío Durcal e Rocío Jurado, por exemplo, Se nos rompió el amor, 20 años, La vida se me va, Teatro, Regreso, Lo siento mi amor”.

Regreso, é por Cuba e pelo gênero?

“Com certeza. Parti em 2000, quando havia um auge grande do flamenco em Cuba. Lamentavelmente, ele tem sido substituído por outro estilo, talvez agora um só estilo se esteja escutando. Daí que vejo a utilidade de voltar com Miriela para fazer um esforço por resgatar as raízes espanholas. Nós os cubanos temos muito de espanhóis e, com certeza, também de descendência de africanos e chineses. Temos que defender a cultura espanhola, a partir de nossa própria idiossincrasia, de nossa cubanidade. O que tentamos fazer nesta união é recuperar nosso público, que o flamenco seja a alternativa para quem não queira escutar o reggaeton”.

Faz um flamenco clássico e misturado...

“O flamenco que faço em Cuba é misturado com o son, rock, pop, o punto cubano, jazz, músicas árabes, trova e música clássica. Faço-o assim porque fazer flamenco original aqui é complicado, as pessoas não o conhecem, e falo tanto dos artistas quanto do público. Na Espanha eu faço flamenco original. Tenho minha Companhia de Reynier Mariño, embora minha irmã e eu sejamos os únicos cubanos, o resto dos 17 integrantes são ciganos todos. É mais fácil e o público que nos vai ver nos conhece. Os ciganos nos seguem. Tenho outra Companhia aqui, é integrada por um grupo de cubanos que gostamos do flamenco e da música cubana”.

Mantém as duas companhias?

“É assim, e com elas vou fazer as próximas turnês. A da Espanha e Europa, que começa em novembro, com a espanhola e a turnê por Hong Kong e outras cidades da Ásia, em dezembro, com a de Cuba”.

É interessante um cubano regendo músicos ciganos e tendo sucesso entre eles...

“Isso custou muitos anos para consegui-lo. Comecei tocando no metrô e conhecendo pessoas, ciganos, o maestro Paco de Lucía me ajudou muito, foi um impulso muito grande. A partir daí me apresentei publicamente e comecei o recrutamento de dançarinos e cantores”.

Um breve passo atrás, às origens?

“A música estava em mim desde criança. Comecei aos nove anos receber aulas na Casa da Cultura do município 10 de Octubre, atingi o nível elementar na escola Manuel Saumell, depois fui ao conservatório Amadeo Roldán até o terceiro ano e paralelamente frequentei aulas particulares com a professora Leopoldina Núñez. Porém, certamente quando escutei Paco de Lucia eu disse: ‘isto é o meu’. Entrei como terceiro violão com o Balé Espanhol, depois estive com a companhia Lizt Alfonso e ali conheci bem o flamenco. Em 2000, obtive o Prêmio Nacional do Centro da Música de Concerto e isso me deu a possibilidade de fazer meu primeiro concerto, em 21 de outubro, na sala Caturla, do teatro Amadeo Roldán”.

Em 2003 gravou com a EGREM o CD Alma Gitana...

“Diziam que não teria ventas e foi o terceiro CD mais vendido nesse ano em Cuba. É considerado o primeiro do flamenco gravado na Ilha”.

Outros CDs?

“Tenho outro em Cuba e seis na Espanha, entre eles Lorca en mí que nasceu de um espetáculo e se converteu em disco, sob o selo RDI Canárias. Lorca é uma referência mundial e em seu país é um Deus. Agora estou gravando um CD novo com doze peças, algumas minhas e duas de Miriela Moreno que penso começar a gravar em novembro, com a Bis Music”.

Reiynier Mariño destacado compositor e violonista flamenco consagrado, volta à Ilha e tem feito uma nova projeção, por dizê-lo de modo algum “com vista a preservar a cultura e as raízes espanholas em Cuba”.