
Quando se passarem cem, 200, muitos anos, nós que hoje tanto sentimos a saída do maestro Adalberto Álvarez, obviamente não estaremos vivos. Estarão sim os nossos descendentes, que continuarão desfrutando da obra do Caballero del Son, por eles entesourada como uma oferenda da cultura cubana, que por sua vez legarão a outras gerações.
Não há como abafar o que está enraizado, nem como tirar do coração o que tanto nos tem dado prazer, saber que somos parte de uma canção, de uma letra, de um ritmo, todos nele sempre novos, tudo o que tem sido este criador para os cubanos, cuja fidelidade ao som foi mais que uma obsessão, e encontrou, para amá-lo, uma fórmula: multiplicar aqueles que já haviam elevado o nome da música cubana.
É difícil buscar consolo em argumentos desse tipo, quando parte quem deu tanto. Qualquer despedida é dolorosa, principalmente quando em tempos de pandemia eles se reúnem e não deixam espaço para conceber a ideia. Mas há algo indizível quando quem sai transcende o círculo familiar. A dor sacode um país e o abatimento se amplia.
Enquanto Adalberto lutava contra a doença –e nem na saúde– seu povo não o abandonou. O desejo de uma recuperação rápida foi uma constante em seus conterrâneos. O mesmo nas redes sociais, que no dia-a-dia, a preocupação com o famoso sonero marcou os últimos dias.
Quando a notícia foi conhecida, na manhã do dia 1 de setembro, personalidades e instituições culturais expressaram seu pesar e reconheceram a marca profunda que o Caballero deixa na música cubana.
A anedota ao vivo, o reconhecimento da grandeza, a discordância diante do inexorável e a certeza de que não há adeus para quem sabe ficar, foram linhas de mensagens expressas do coração de Cuba, para um artista que, inclusive partindo do mundo, não poderá deixá-lo.




