
A abertura do 45º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, realizada em 5 de dezembro, no cinema Charles Chaplin, no bairro de Vedado, em Havana, foi como a festa que é todo encontro concebido para o crescimento pessoal e a diversão, em um espaço onde houve alegria, reafirmação latino-americana e a certeza de que é necessário construir pontes e levantar a voz em favor das melhores causas humanas.
A música de Desde la aldea, que tradicionalmente acompanha o spot do Festival, colocou o salão em um estado de alerta, daqueles que anunciam a chegada do esperado.
A Balada a Elpidio Valdés, do piano de Alejandro Falcón, e um audiovisual que tratava da restauração de filmes de animação do personagem criado por Juan Padrón – um dos grandes pais da cinematografia na região – pela Fundação do Patrimônio Fílmico Colombiano, deram lugar no palco ao destacado saxofonista César López; ao quenista Rodrigo Sosa, com seu trio, e à orquestra do Lyceum de Havana. Eles apresentaram, primeiro separadamente, belas melodias e, depois, juntos, uma grande colagem de temas latino-americanos, acompanhados na percussão por Armando Osuna, em uma viagem mágica pela música continental.
«Aqui estamos», disse Tania Delgado, diretora do Festival, ao se dirigir ao auditório para abrir oficialmente o evento, e um forte aplauso interrompeu sua voz, sabendo que o Festival é celebrado quando o país supera dificuldades imensas, como a vivida no dia anterior. «Aqui estamos nós, como prova do valor e do dever da cultura quando ela precisa se elevar acima das dificuldades, e oferecer encorajamento e esperança, e a possibilidade de redescobrir o melhor de nós mesmos».
Tania se referiu à realidade que Cuba vem enfrentando há décadas: uma guerra econômica, comercial e cultural que busca nos deter, nos fazer retroceder, apagar nossa história e nossa identidade. Muitos de nossos países podem escrever uma história semelhante», enfatizou, e denunciou o genocídio perpetrado contra o povo palestino.
Outras homenagens incluíram a apresentação por Delgado e Alexis Triana, presidente do Instituto Cubano de Cinema (Icaic), do Coral de Honra a Carol Rosenberg, fundadora do Festival de Cinema de Havana em Nova York, bem como a apresentação de uma peça comovente da cineasta palestina Farah Nabulsi, intitulada Write my name (Escreva meu nome). Os presentes apreciaram o filme argentino Los domingos mueren más personas, do diretor Lair Said, que agradeceu ao Festival pela deferência de exibir o filme na abertura do grande evento.
A inauguração foi presidida por Marydé Fernández, vice-chefa do Departamento Ideológico do Comitê Central do Partido, pela vice-primeira-ministra Inés María Chapman e por Alpidio Alonso, ministro da Cultura.