ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
«Campeão, obrigado por existir». Photo: Ricardo López Hevia
Anunciam a entrada de Mijaín López Núñez no teatro Yara, em Havana. As luzes se concentram nele. Ele, que sempre parece imenso, parece ainda mais imenso na penumbra de um teatro lotado. Todos o olham, param, aplaudem...
 
E não foi a primeira vez que os longos e intensos aplausos foram ouvidos ali, na noite de sábado, 2 de agosto, durante a exibição especial do documentário de longa-metragem Mijaín. Poucas obras recebem tanto entusiasmo genuíno, mesmo antes da exibição, quanto esta produção de Rolando Almirante, Héctor Villar e Ángel Alderete.
 
Durante uma hora e 20 minutos, o filme — coproduzido pelo Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (ICAIC) e pelo coletivo independente de criação audiovisual D'Alma Films — desenvolve dois fios condutores intimamente ligados: a preparação final para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a competição em si, num crescendo que mais uma vez faz o espectador se levantar, com a mesma emoção daqueles dias; e, ao mesmo tempo, a reconstrução, por meio dos depoimentos do próprio atleta e de pessoas próximas, dos inúmeros sacrifícios que o levaram a alcançar a glória esportiva.
 
Os presentes no cinema Yara, entre eles a vice-primeira-ministra Inés María Chapman Waugh e o ministro da Cultura Alpidio Alonso, foram testemunhas da humildade da família do Herói da República de Cuba, cuja naturalidade e genuína cubanidade são um exemplo perfeito de sua mãe, Leonor Núñez; da simplicidade de sua primeira partida, dos tropeços antes de sua primeira medalha; da influência dos treinadores Pedro Val, já falecido, e Raúl Trujillo; assim como do exaustivo comprometimento físico e psicológico por trás do feito em Paris.
 
Como Almirante afirmou antes da exibição, o que eles pretendiam era «entender as reviravoltas da alma de um homem, o que se esconde por trás de um sorriso ou de um rosto sério».
 
Segundo Osvaldo Vento Montiller, presidente do Instituto Nacional de Esportes, Educação Física e Recreação (Inder), Mijaín também realiza um dos sonhos de Fidel: ver as histórias dos maiores atletas da Ilha na tela grande; um projeto que, segundo se soube, continuará no futuro com outras figuras.
 
Esta apresentação de longa-metragem, que está entre os destaques do 9º Festival de Cinema de Verão, antecede outras programadas no país, como a do cinema Praga, em Pinar del Río, por exemplo — explicou Alexis Triana, presidente do ICAIC — e as aguardadas com ansiedade na Rússia, Bielorrússia e França.
 
Na ocasião, o único pentacampeão olímpico em uma única prova individual aconselhou todos os jovens atletas, especialmente aqueles que se preparam para participar dos próximos Jogos Pan-Americanos Júnior em Assunção, que aparecem no filme, a «manter, acima de tudo, uma mentalidade forte».
 
Poucos segundos antes das luzes se apagarem para a exibição do documentário, e depois de Mijaín agradecer à equipe de produção por um trabalho feito com humildade, uma voz anônima da plateia disse: «Campeão, obrigado por existir».
 
E houve, mais uma vez, aplausos.
O prelúdio da apresentação especial foi transmitido ao vivo pela Telerebelde. Foto: Cubacine.