
A participação das mulheres na atividade física e no esporte continua a ser menor que a dos homens e não é um acontecimento casual porque nos âmbitos tradicionalmente públicos, como no trabalho, político, cultural e esportivo, os homens são maioria.
O acesso das mulheres ao mundo do esporte foi demorado, devido às barreiras criadas por estereótipos socioculturais e às ideias que minimizavam as potencialidades reais do mal chamado sexo fraco.
Não se pode esquecer que o esporte promove valores como a concorrência, a fortaleza física ou a agressividade, baseadas em capacidades motrizes com a força, a potência ou a resistência.
Desde os anos da antiga Grécia, o esporte foi uma atividade interdita para a mulher, que era excluída como esportista e espectadora. Só as solteiras podiam assistir aos jogos, e a punição para as casadas era a morte, pois os atletas concorriam nus, exibindo seus corpos como símbolo de perfeição e dedicação.
Os Jogos Olímpicos de Paris, em 1900, abriram portas às mulheres, muito apesar, aliás, de seu grande líder e estrategista, Pierre Coubertin, vítima de uma época escura que condenava a mulher ao mais grosseiro ostracismo.
Na olimpíada de Paris, as seis mulheres participantes só concorreram em golf e tênis. Um dado que permite compreender isso: esses jogos tiveram o mérito de reunir um número impressionante de concorrentes, 1,070 e a inglesa Charlotte Cooper foi primeira campeã olímpica, concorrendo no tênis, chamado de o esporte branco.
FRANCESA ALICE MELLIAT, A PORTA-BANDEIRAS
Possuidora de um mérito só para homens, o de remadora de longa distância, a francesa Alice Melliat se tornou a porta-bandeira do movimento esportivo feminino.
Em 1917, fundou a Federação de Sociedades Femininas da França (FFSF) e posteriormente, em 31 de outubro de 1921, com o apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Tchecoslováquia e a França criou a Federação Internacional Esportiva Feminina (FSFI, as siglas em inglês).
No entanto, a irrequieta personalidade de Melliat não parou aí e em 20 de abril do ano 1922 organizou em Paris, os 1os Jogos Mundiais Femininos. Mais tarde, no ano 1926, em Gotemburgo, Suécia, celebrou-se a segunda edição, um evento que chamou a atenção dos organizadores e dirigentes dos Jogos Olímpicos.
Melliat, então, não satisfeita com a pouca atenção oferecida ao seu movimento pelos Jogos Olímpicos dos anos 1928 e 1932, decidiu realizar, em 1930 e 1934, os Jogos Mundiais Femininos, em Praga e Londres, respectivamente.
A FSFI foi dissolvida em 1938, pois algumas modalidades femininas foram sendo incluídas, pouco a pouco, nos Jogos Olímpicos, com destaque para o atletismo.
A história deu a razão a Melliat. A mulher atingiu um importantíssimo papel nos Jogos Olímpicos, oferecendo excepcionais espetáculos e conseguindo a admiração e expectação do mundo.
Atletas do nível de Nadia Comaneci, Nelly Kim, Mildred Didrickson, Fanny Blankers-Koen, Evelyn Ashford, María Caridad Colón, Zola Budd, Sara Simeoni e Jeanatte Campbell, entre outras, já escreveram seus nomes com letras douradas na história olímpica. (PL)