ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Idalys Ortiz exibe rendimento internacional no ano 2016 de dez vitórias e só duas derrotas. Photo: Ismael Batista

CHEGOU o fim do Campeonato Pan-americano de judô em Havana, com a reconquista do título pela equipe do Brasil (7-4-6) nesta ocasião seguida do Canadá (2-5-3), os Estados Unidos (2-2-1) e Cuba (2-1-8). Nesta reta final do ciclo classificatório, rumo aos Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro, a intensidade no tatame continua.
 É por isso que em 3 de maio, sem respiro algum, a dezena de judocas cubanos encorajados na luta pela classificação para os próximos Jogos Olímpicos viajou à Europa, com o propósito de manter-se ou conseguir melhores colocações no ranking, tendo como objetivos a participação no Grand Slam de Baku (6-8 de maio) e no Grang Prix de Almaty (13-15).   
 Estes torneios exigirão de maior esforço para os discípulos de Armando Padrón e Justo Nodas, pois além de concorrer vários dos judocas estrangeiros que conquistaram medalhas no certame finalizado recentemente em Havana também marcarão presença representantes da Europa e da Ásia, com a intenção de finalizar entre os 16 primeiros de cada divisão, pois se o conseguirem terão a opção de finalizar seu treino, pouco antes da olimpíada em solo carioca, concorrendo no World Máster de Guadalajara, no México.
 Armando Padrón, treinador da equipe feminina mostrou-se satisfeito com o rendimento de suas discípulas: “Mostraram agressividade, estão se adaptando à procura de variantes para resolver situações táticas de combate em frente de rivais de elite e, do ponto de vista técnico, tentamos diversificar o arsenal de técnicas”.  
 “Este torneio mostrou um alto nível qualitativo. Brasil, Canadá e os Estados Unidos vieram com suas primeiras figuras e se percebeu a rivalidade. Maricet Espinosa (63 quilos) e Yalennis Castillo (78 quilos) concorreram ainda em fase de recuperação de suas lesões e fisicamente se comportaram ao mesmo nível do evento. Nesse sentido agradecemos o acompanhamento e o trabalho minucioso dos doutores Liván e Anido, os quais não deixaram de oferecer seus serviços às atletas”, acrescentou.
 Quanto ao rendimento, as equipes cubanas tiveram um desempenho inferior relativamente ao torneio anterior, quando obtiveram quatro medalhas de ouro, duas de prata e oito de bronze (4-2-8) e exceto a campeã olímpica de Londres 2016, Idalys Ortiz (+ 78 quilos), os restantes judocas cubanos perderam seus combates para os contrários brasileiros.
 Destaque para o judoca da província de Cienfuegos, José Armenteros (100 quilos), quem venceu em quatro ocasiões por ippon, sem que nenhum dos contrários oferecesse resistência mais de dois minutos e meio, incluindo o combate pela medalha de ouro com o canadense Kyle Reyes, quem tinha vencido o favorito brasileiro Luciano Correa.
 Depois deste evento continental, vejamos as posições nas quais aparecem no ranking a dezena de judocas da Ilha, tendo em conta o fato que na chamada cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro cada nação pode inscrever um judoca, condição reservada para as 14 primeiras mulheres de cada categoria e os 21 primeiros homens. Caso aparecerem na lista judocas de um mesmo país, a colocação caberá ao de outro país.   

José Armenteros quer fechar este ciclo com uma medalha de ouro na competição olímpica. Photo: Ismael Batista

Desta forma, Dayaris Mestre, com 928 pontos, aparece na 13ª colocação, nos 48 quilos; Maricet Espinosa, com 872 desce para a 14ª nos 63 quilos; Onix Cortés, com 699, precisa melhorar seu desempenho, pois se coloca-se na 23ª  nos 70 quilos; Yalennis Castillo possui 665 e fica na 14ª do ranking, nos 78 quilos; e Idalys, com 2,326, se reafirma na segunda, na divisão de mais de 78 quilos.     
 Entretanto, na seleção masculina, Magdiel Estrada acumula 662 pontos e neste momento está na 20ª colocação, nos 73 quilos; Iván Silva, com 591, aparece na 24ª colocação dos 81 quilos; Asley González preserva sua 11ª posição, com 1,232 pontos, embora não concorresse na divisão de 90 quilos, devido a uma leve lesão no ombro direito; Armenteros, com 1,484, está na 10ª no ranking dos 100 quilos e Alex García, com 672, coloca-se na 19ª em mais de 100 quilos.
VOZES EM SINTONIA OLÍMPICA
Idalys: “Estou muito contente de ter vencido na presença do meu povo. Esta é minha 15ª coroa nos campeonatos pan-americanos. Em meus anos como judoca, é a primeira vez que consigo um título em meu país. Estes pontos me ratificam na segunda colocação do ranking, indicador muito importante”.
 “Dedico este triunfo também a meu grande professor Ronaldo Veitía, que ainda continua acompanhando-me” acreditou Idalys, que dirigiu seu olhar ao professor, quando ergueu os braços em sinal de vitória.  
 “Depois do Rio de Janeiro estarei um tempo longe do tatame para assumir a etapa da maternidade”.
 “Nesta etapa final não devemos descuidar o processo de classificação, no pessoal eu estou praticamente segura, mas as restantes compatriotas não. Para nós sempre é bom concorrer, mas no meu caso não seria muito recomendável mostrar-me demais, pois muitas rivais estão empenhadas em vencer a campeã olímpica”.       
 “Porém, procurar elevar o nível e treinar para obter a forma esportiva ótima também pode me trazer bons resultados”, disse.
 Armenteros: “Este rendimento é a expressão do trabalho forte nos treinos, o apoio do coletivo”.   
 “Saí à procura de um resultado e o consegui. Neste momento procurarei manter-me e continuar obtendo pontos, antes de fechar a classificação nos dois torneios da Europa e no World Máster de Guadalajara, no México”.
 “Este ciclo tem sido o do meu relançamento, tentarei continuar com essa filosofia até o Rio”.
 “Estamos procurando variantes técnicas, diversificar o repertório para surpreender os rivais, que conhecem minha força com as projeções de ombro. O sonho de qualquer atleta é escalar o pódio nesse certame”.
 “Estou-me esforçando e dando o maior esforço, felizmente quase dois meses de preparação na areia serviram para fortalecer a maioria dos músculos e as articulações e esquecer um pouco das lesões do tornozelo que vinha sofrendo”, significou.      
 Yuri Alvear (representante da Colômbia nos 70 quilos): “Este torneio (o campeonato pan-americano de judô de Havana) teve um nível alto, não só era importante para mim atingir os 400 pontos que outorga a medalha de ouro, ainda significava lidar com rivais como a cubana Onix Cortés — derrotou-a por yuko e igualou o enfrentamento entre elas, com cinco vitórias cada uma — medalhista mundial e várias vezes pan-americana, e a canadense Kelita Zupancic, que elevou seu nível e esta participando em muitos certames”, acrescentou a colombiana que está disposta a igualar ou superar a medalha de bronze olímpico de Londres 2012 e que desde há vários anos treina sob o olhar de um treinador japonês.
 “Há muitas atletas fortes em minha categoria, com cada uma dela devo traçar uma estratégia particular, por sorte até agora a preparação corre bem e não tive lesão nem interrupção alguma”, afirmou.
Thiago Camilo (do Brasil): “Vim a Havana à procura da vitória, também desejava enfrentar-me a Asley González, sempre que posso lido com ele e isso serve para avaliar minha forma esportiva. É um dos melhores do mundo e sinto grande admiração por ele. Lamentavelmente não pôde acontecer. Para mim, a divisão dos 90 quilos é uma das mais fortes do circuito. Agora resta pôr toda a energia em função dos Jogos Olímpicos, preparar-me forte no componente físico e psicológico, cuidar do meu corpo, lidar com outros contrários no torneio de Guadalajara, é um objetivo prioritário de nossa federação e meu no pessoal. Qualquer estudo e teste enfrentando os contrários da elite é muito importante”.
 Estas são opiniões de várias estrelas do tatame neste lado do Atlântico. Eles todos têm algo muito claro. Para vencer nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não poderá haver descanso nem respiro nos próximos compromissos.