ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

PANAMÁ.— Os representantes cubanos abandonaram temporariamente na quarta-feira, 8 de abril, o Fórum da Sociedade Civil da 7ª Cúpula das Américas perante a presença inaceitável de um grupo de mercenários, o qual havia sido previamente denunciado.

A delegação cubana saiu do Fórum da Sociedade Civil com a bandeira nacional no alto.
Photo: Juvenal Balán

A delegação retornará às mesas de trabalho na tarde com o mesmo reclamo de que seja retirada a credenciação a um grupo de pessoas que não representa a verdadeira sociedade cubana e que têm laços provados com os terroristas.

“A verdadeira sociedade civil saiu da sala porque não vamos compartilhar o espaço com representantes de uma suposta sociedade civil, que não é a nossa, que é paga”, explicou o deputado Luis Morlote, membro da delegação.

“Por uma questão de dignidade não nos podem pedir para compartilharmos o mesmo teto com esses mercenários”, acrescentou Morlote, vice-presidente da União dos Escritores e Artistas de Cuba (Uneac).

Photo: Juvenal Balán

Antes de iniciar o evento, escutavam-se na sala gritos de “Fora, Fora os contrarrevolucionários” e “Tirem-nos daqui”, que coreavam os cerca de 70 delegados de nosso país.

Enrique Alemán, da Plataforma de Diálogo Interreligioso, explicou que a retirada se produziu por respeito às autoridades panamenhas que falariam no Fórum.

Alemán enviou uma mensagem ao presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, para alertá-lo do fato de que no Hotel Panamá, sede do Fórum, estão sentados verdadeiros terroristas.

Joel Suárez, do Centro Martin Luther King e membro da delegação, lembrou que as Cúpulas das Américas e seus Fóruns têm uma história escura, e que desde 1994, quando começaram estes encontros hemisféricos, os povos sempre estiveram fora de seus muros e têm sido reprimidos.

“Contudo, tínhamos a esperança que desta vez fosse diferente e se efetuaram encontros em Cuba para trazer ao Panamá uma agenda construtiva”, precisou Suárez.

Em um incidente anterior, cerca de 20 delegados cubanos tiveram problemas em sua credenciação no Fórum e até alguns minutos antes que começasse o evento não puderam ingressar ao recinto. Uma dezena de delegados venezuelanos estava na mesma situação.

Photo: Juvenal Balán

Na própria entrada do Fórum, produziu-se um protesto espontâneo ao qual aderiram dezenas de pessoas e outros tantos jornalistas.

As delegações fizeram tremular bandeiras cubanas e venezuelanas e gritaram “Não, nós não queremos ser uma colônia norte-americana; sim, sim é nosso desejo sermos uma pátria livre e soberana”, “Abaixo a contrarrevolução” e “Cuba sim, terroristas não”.

Finalmente, os organizadores do Fórum permitiram a entrada por uma lista oficial, e não através do sistema de credenciações que está estabelecido.

Ruben Castillo, coordenador panamenho do Fórum, disse que a situação era resultado de um atraso por problemas técnicos e negou qualquer tipo de seletividade política.