POUCOS minutos após o desembarque no aeroporto internacional Panamá-Pacífico, uma antiga base militar norte-americana, recuperada para a soberania nacional, a delegação cubana aos fóruns paralelos da 7ª Cúpula das Américas estabeleceu os princípios que nortearão a única, legítima e verdadeira representação do nosso país a esta reunião hemisférica.

Através de uma declaração pública, os delegados cubanos consideraram inadmissível a presença no país centro-americano de mercenários pagos pelos inimigos históricos de nossa nação.
A uma pergunta da imprensa sobre como seria o cenário nos fóruns temáticos que iniciam suas sessões a partir da quarta-feira, 8 de abril, um dos representantes cubanos garantiu que em nenhum caso vai se legitimar um diálogo com a contrarrevolução.
"Do ponto de vista ético e por humanidade não se pode pactuar com a violência e o terrorismo. Não se pode dialogar com a traição", disse Rigoberto Fabelo, diretor do Centro de Iniciativas Comunitárias, uma das nossas organizações da nossa sociedade civil que estarão presentes nos fóruns paralelos da Cúpula.
No teatro da Universidade do Panamá, onde se realizou a entrevista coletiva, foi distribuído um tablóide com dados e evidências sobre a relação de alguns desses mercenários com terroristas de origem cubana.

Na foto principal da capa do suplemento aparece um dos pretensos defensores da situação dos direitos humanos em Cuba, junto ao terrorista declarado Luis Posada Carriles, o mesmo que tentou fazer explodir com C-4 o auditório da Universidade do Panamá, no ano 2000, durante um evento com a participação de três mil pessoas, incluindo o comandante-em-chefe Fidel Castro.
Em nome das mais de quatro mil vítimas do terrorismo em nosso país, falou Odalys Pérez González, cujo pai era um dos pilotos do avião da Cubana de Aviação que foi destruído em voo, em 1976, por ordem de Posada Carriles e outros membros da máfia de Miami.
“Ainda, os familiares dos 73 civis mortos naquele dia estão à espera de justiça”, disse Pérez González, que tinha apenas dez anos quando se realizou o atentado. "Nós os familiares estamos ofendidos pelo fato de que eles pretendam representar uma Cuba que ainda chora suas vítimas", indicou.
Outro dos jornalistas que participou da entrevista coletiva perguntou sobre a posição da sociedade civil cubana em relação ao processo para a restauração das relações diplomáticas entre Havana e Washington.
"Somos a favor da melhoria das relações", disse um dos delegados do nosso país.
“A indignação que sentimos vem depois de saber que foi credenciado apenas um grupo de mercenários que se opõe a que haja uma melhoria entre os dois países”, disse José Antonio Guardado, membro do Conselho Nacional da Sociedade Cubana para a Promoção das Fontes Renováveis de Energia.
Guardado pôs ênfase em que nosso país não é perfeito, mas não é válido chegar a um cenário internacional discutir assuntos relativos apenas aos cubanos.
O presidente da Federação de Estudantes Universitários, Yosvani Montano, ratificou o apoio incondicional de nosso país à Venezuela e rejeitou a ordem executiva de Barack Obama que declarou essa nação sul-americana como uma ameaça para a segurança nacional dos Estados Unidos.
Ele acrescentou que a agenda dos contrarrevolucionários, previamente elaborada, inclui não só tirar a legitimidade à realidade cubana, mas também a da esquerda latino-americana e caribenha.
O reverendo Raul Suarez, membro do Conselho de Igrejas de Cuba, destacou que o decreto norte-americano não reflete os interesses dos povos da nossa região que foi declarada em Havana, durante a Segunda Cúpula da Celac, como uma Zona de Paz.
"Essa é a razão pela qual nenhum governo latino-americano apoiou o presidente Obama, nem um só. Pode ser que algum deles se manteve em silêncio, mas, em geral, todos apoiaram o direito de realizar o projeto social e político que escolheu o povo venezuelano".
"Coitados aqueles que fazem leis injustas e ditam decretos que afetam a vida dos órfãos, viúvas e os pobres" citou o reverendo da Bíblia.
Suarez prolongou seu discurso com uma valorização do povo cubano, que tem resistido um bloqueio desumano e anticristão. "Um povo que fala pelos cotovelos, mas que não se deixa confundir."