PANAMÁ.— A jornada do sábado 11 de abril na 7ª Cúpula das Américas, realizada na cidade do Panamá, ratificou a condição histórica de um encontro que veio a transcender, sobretudo, pela primeira participação de Cuba nestes eventos.

Os oradores coincidiram em saudar a presença do presidente Raúl Castro aqui, bem como a disposição dos governos dos Estados Unidos e Cuba para restabelecer relações diplomáticas. Foi reiterado, também, o rechaço à ordem executiva assinada por Obama que classifica a Venezuela como uma ameaça.
O general-de-exército foi o sexto mandatário a fazer uso da palavra, justamente depois do presidente estadunidense, e recebeu uma ovação unânime, na qual se reconhecia esse momento histórico. Raúl disse que era uma alegria para ele estar presente na reunião e disse gracejando que deviam ter sido seis Cúpulas, pelo qual havia pedido a Juan Carlos Varela, mandatário do país anfitrião, que lhe cedesse uns minutos mais para falar.
Em sua intervenção, Raúl rendeu homenagem a José Martí, a Fidel Castro e a seu heróico povo, lembrando os momentos difíceis e inesquecíveis da história da Ilha, que têm marcado para sempre a Revolução cubana, a obra imensa pela que respira paixão cada vez que fala dela.
Reiterou a Obama a disposição ao diálogo, baseada no respeito e a convivência pacífica; e apreciou a intenção dele de tirar Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo.
Raúl disse que o bloqueio se mantém intato e constitui o principal obstáculo para a economia cubana e convocou os mandatários da região para continuar apoiando essa luta e reiterou a irrestrita solidariedade de Cuba com a Venezuela, país que “está passando pelas mesmas agressões que nós sofremos”.
Concluiu dizendo que graças a Fidel e ao povo cubano, viemos a esta Cúpula a cumprir o mandato de Martí com a liberdade conquistada com nossas próprias mãos, “orgulhosos de nossa América, para servi-la e honrá-la… com a determinação e a capacidade de contribuir a que seja estimada por seus méritos e seja respeitada por seus sacrifícios”.
Além de participar das sessões da Cúpula, Raúl teve uma intensa agenda bilateral, que começou na tarde com o encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama e concluiu à noite com o primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson, espaços que ratificaram a importância da presença do presidente cubano neste fórum hemisférico.
Um dos acontecimentos mais relevantes da Cúpula e mais esperado pelas delegações e a imprensa credenciada aqui.
A chancelaria da Ilha avaliou o intercâmbio como respeitoso e construtivo, no qual ambos os presidentes expuseram seus pontos de vista acerca do processo de restabelecimento das relações diplomáticas entre as duas nações vizinhas.
O general-de-exército também se reuniu com o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, onde se destacaram as boas relações com o país nortenho, valorizadas como um exemplo de vínculos mutuamente benéficos.
Depois, Raúl se reuniu com o mandatário colombiano Juan Manuel Santos para intercambiar, entre outros assuntos, sobre o processo de paz da Colômbia que tem sua mesa de diálogo em Havana. O presidente cubano reiterou novamente a disposição de Cuba de continuar apoiando, como até agora, esse anseio pela paz.
Mais tarde, o presidente cubano se reuniu com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte. Na reunião, se tornou evidente a etapa positiva que vivem as relações entre os dois países e o interesse de promover a presença de empresas holandesas na Ilha. O primeiro-ministro do Reino dos Países Baixos se mostrou particularmente interessado pela história cubana e a gênese do conflito entre os Estados Unidos e Cuba.
O último encontro de Raúl foi com a primeira ministra da Jamaica, Portia Simpson, e a delegação que a acompanha na Cúpula, que se converteu em outro espaço para confirmar a estreita relação que une as duas ilhas e lembrar a histórica decisão de um grupo de países caribenhos de restabelecer vínculos com Cuba no ano 972.
Em todas estas reuniões os interlocutores de Raúl mostraram interesse no andamento do processo de negociações para o restabelecimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos e apoiaram o pedido de Cuba de ser retirada da lista de países patrocinadores do terrorismo, bem como o levantamento do bloqueio.





