
CARACAS.— A chancelaria venezuelana enviou em 19 de novembro, uma carta de protesto ao governo dos Estados Unidos e iniciará um processo de revisão das relações com o país do Norte, após serem reveladas as ações de espionagem realizadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dessa nação a diretivos e trabalhadores da empresa estatal Petróleos da Venezuela S.A., (PDVSA).
Por ordem expressa do presidente Nicolás Maduro Moros, o reclamo escrito foi entregue ao encarregado de Negócios dos Estados Unidos na Venezuela, Lee Mcleeny, das mãos do vice-ministro das Relações Exteriores para a América do Norte e a Europa, Alejandro Fleming, segundo precisa uma informação publicada na conta da chancelaria no Twitter.
Além do trâmite formal, o mandatário indicou, em uma ordem dada desde o estado oriental de Anzoátegui, a revisão integral das relações com a potência norte-americana.
“Ordenei uma investigação. Dei ordens à chanceler para que inicie uma revisão das relações com o governo dos Estados Unidos porque a Venezuela deve ser respeitada, a classe operária deve ser respeitada”, declarou Maduro ao canal estatal VTV.
“O império estadunidense, há algum tempo, tem a intenção de sabotar a indústria petroleira e derrocar o governo Bolivariano para vir a apropriar-se e tirar o petróleo aos venezuelanos”, assinalou.
A denúncia teve lugar pouco depois que o canal multinacional Telesur difundisse, de maneira exclusiva, uma reportagem sobre um documento revelado pelo ex-analista da CIA e da NSA, Edward Snowden, o qual demonstra as ações de espionagem dirigidas desde Washington e com apoio de sua embaixada na Venezuela contra a empresa estatal PDVSA, a quinta maior empresa petroleira do mundo.
O relatório tem a data de março de 2011 e mostra a vigilância ilegal sobre o sistema de comunicação interna da entidade, o tráfico de correios eletrônicos, os perfis de mais de 10 mil empregados e o seguimento a altos funcionários, como o próprio presidente da organização, Rafael Ramírez, e Luis Vierma, na época diretor de Exploração e Produção.
A chancelaria emitiu, ainda, uma comunicação na qual exige ao governo dos Estados Unidos que se pronuncie de maneira oportuna e legal sobre a agressão, que viola as normas do Direito Internacional e as relações diplomáticas.
“Constitui um fato notório, comunicativo e inaceitável que a partir da embaixada dos Estados Unidos da América do Norte na Venezuela se viesse realizando espionagem em massa de informação das atividades, transmissões e comunicações dos funcionários de nossa principal indústria, com a consequência evidente de graves danos à economia, integridade e segurança da Venezuela, sem desdenhar o grave atentado ao respeito das garantias democráticas e constitucionais de nossos cidadãos que deve imperar na ordem internacional”, detalha o documento.
Mediante o texto, Venezuela também reclama conhecer as identidades dos agentes que consumaram as ações de vigilância, “independente de sua condição de diplomatas ou de outra índole”.