
WASHINGTON.— O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou em 23 de fevereiro que apresentou ao Congresso um plano para fechar a prisão situada no território ocupado ilegalmente em Guantánamo, no leste de Cuba.
Em uma mensagem à nação, o presidente reconheceu que “há vários anos tem sido claro que o centro de detenção na baía de Guantánamo não fez avançar nossa segurança nacional, em vez prejudicá-la”.
Acompanhado do vice-presidente Joe Biden e do secretário da Defesa Ashton Carter, Obama justificou sua decisão explicando que manter a prisão "é contraproducente para a nossa luta contra o terrorismo, porque pode ser usada como propaganda no esforço para recrutar novos membros; gasta recursos militares, com quase 450 milhões gastos só no ano passado só para manter seu funcionamento e mais de 200 milhões em despesas adicionais necessárias para mantê-la aberta e que continue para um grupo de menos de 100 detentos”.
Obama reconheceu que seria um desafio convencer os norte-americanos de que trazer terroristas para o território nacional, em vez de mantê-los trancados longe, é um movimento correto e seguro.
Acerca das "transferências de segurança" dos presos para outros países, ele disse que “vamos continuar transferindo-os para outros países, com segurança, 35 dos 91 detentos que já foram aprovados para a transferência."
O plano prevê mover entre 30 e 60 prisioneiros para solo norte-americano, algo que os republicanos, que agora controlam o Congresso se opõem. Estes seriam levadosa para 13 penitenciárias que incluem as já existentes em estados como Colorado e Carolina do Sul, bem como a construção de novas instalações em algumas bases militares no país.
O presidente acrescentou que com o plano apresentado terça-feira "não apenas é para fechar a instalação de Guantánamo, mas também de lidar com o atual grupo de detentos, que é uma questão muito complicada, porque temos de verificar como eles foram presos e o que aconteceu em cada caso e fechar um capítulo em nossa história”.
“Estou absolutamente comprometido com o fechamento da instalação de Guantánamo, e vou continuar apresentando o caso no tempo que me resta na presidência”, disse ele.
Desde o início do seu mandato, essa promessa teve a oposição do Congresso, especialmente os republicanos, que rejeitam a transferência de prisioneiros para prisões nos Estados Unidos, pois acham que é ilegal.
O Congresso, cujas duas Câmeras são controladas pelos republicanos, emitiu várias proibições de transferência de detidos de Guantánamo para solo norte-americano, além de aplicar restrições à circulação para outros países, argumentando que os detidos são uma ameaça à segurança nacional.
A prisão de Guantanamo chegou a ter 800 presos, logo após a abertura, ordenada pelo então presidente dos EUA, George W. Bush após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Comentando o anúncio, o The New York Times disse em um editorial que a oposição dos republicanos a fechar a prisão de Guantánamo é um dos capítulos mais vergonhosos da história recente dos Estados Unidos.
Funcionários da Casa Branca sugerem que tal atitude limita indevidamente a autoridade executiva do presidente, o que pode desencadear um confronto constitucional durante as últimas semanas da presidência de Obama.
A este respeito, a publicação, citado pela PL, convida os chefes dos comitês de serviços armados da Câmara e do Senado a trabalhar para chegar a um acordo.
KERRY ANUNCIA POSSÍVEL VIAGEM A CUBA
Na jornada também transcendeu o anúncio do secretária de Estado americano, John Kerry, sobre uma possível viagem a Cuba, em uma ou duas semanas, para discutir questões inseridas na anunciada visita do presidente Obama.
Kerry, que visitou Havana no ano passado para reabrir uma embaixada em Cuba, anunciou ao Comitê das Relações Exteriores do Congresso, a oportunidade de viajar para a ilha para discutir, entre outras coisas, os direitos humanos.
Ao confirmar a visita de Obama, o governo de Cuba na semana passada reiterou a disponibilidade para discutir qualquer assunto com base no respeito mútuo, e disse que a Ilha também tem pontos de vista sobre os direitos humanos nos Estados Unidos.
Segundo a PL, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos anunciou sua intenção de visitar Cuba, em resposta a uma pergunta do Congresso sobre o orçamento anual da Secretaria de Estado.