ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O banco Co-op Bank fechou, em março, as contas bancárias da Campanha de Solidariedade com Cuba com sede no Reino Unido.

TAL como informou este jornal, no passado mês de março, em novembro de 2015, o banco Co-op Bank fechou as contas bancárias da Campanha de Solidariedade com Cuba (CSC), com sede no Reino Unido, citando entre os motivos uma mudança em sua “apreciação de risco” e “regulamentações globais”.

Agora, depois de uma grande campanha promovida por membros e afiliados da CSC, o diretor executivo do banco, Niall Booker, finalmente confirmou por escrito que o motivo do fechamento era devido ao “risco” que surge das sanções impostas pelo governo de Estados Unidos contra a Ilha. Em resposta às perguntas diretas de ativistas da CSC, o sr. Booker afirmou: “é certo que as sanções que se aplicam são as impostas pelo OFAC”.

Dessa forma, o banco reconhece a aplicação extraterritorial do bloqueio neste caso. Obedecer as sanções impostas pelo Gabinete para o Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, é ilegal segundo a lei britânica e a da União Europeia.

Tanto o governo britânico quanto a União Europeia se opuseram ao fortalecimento por parte dos Estados Unidos da aplicação extraterritorial do bloqueio, nos anos 90, através das leis Torricelli (1992) e Helms-Burton (1996). O Conselho Europeu implementou, em 1996, o Regulamento (CE) nº 2271/96, “relativo à proteção contra os efeitos da aplicação extraterritorial da legislação adotada por um terceiro país (neste caso os Estados Unidos) e contra as ações baseadas nela ou derivadas dela”.

Por sua parte, nesse mesmo ano, o governo britânico aprovou o decreto nº 3171 para a “Proteção dos interesses comerciais” sobre a legislação extraterritorial dos Estados Unidos. A dita legislação outorga ao governo a faculdade de penalizar pessoas jurídicas e naturais que lançam mão da legislação norte-americana no território britânico, como medida de contestar os efeitos da mesma.

Contudo, embora esta legislação conste como lei aprovada pelo Parlamento, nunca tem sido implementada, apesar de que o próprio Gabinete do Comércio e Investimento (UKTI, por suas siglas em inglês) do Reino Unido se refere à mesma, ao aconselhar os que querem desenvolver o comércio com a Ilha que as sanções norte-americanas não representam um empecilho legal.

Dado o anterior, a CSC prossegue com sua campanha, pediu aos seus ativistas escreverem aos seus respectivos deputados parlamentares, exigindo que o governo britânico inste o Co-op Bank a pôr fim a suas políticas discriminatórias contra as organizações que desejem realizar transações bancárias com Cuba; aplique a legislação vigente do Reino Unido para contestar os efeitos extraterritoriais do bloqueio; e presente queixas urgentes e firmes às autoridades pertinentes dos Estados Unidos para que cesse a aplicação das ditas medidas ilegais.

Igualmente, a CSC escreveu ao Ministério dos Assuntos Exteriores e da Commonwealth e ao Departamento do Comércio e Indústria do Reino Unido, para protestar e solicitar que o governo britânico apresente queixas urgentemente ao governo dos Estados Unidos e ao Co-op Bank para assegurar que as pessoas e empresas britânicas sejam livres de realizar transações e trabalhar com Cuba sem serem sujeitos às sanções do bloqueio.

Por sua parte, o Grupo Parlamentar Multipartidarista sobre Cuba (All Party Parliamentary Group on Cuba ou APPG, por suas siglas em inglês) também adotou ações e escreveu diretamente ao governo do Reino Unido sobre o tema. A deputada Cat Smith, presidenta do APPG, manifestou: “Não pode ser correto que esta organização com sede no Reino Unido (CSC) seja penalizada devido às políticas do bloqueio dos Estados Unidos, quando a organização não faz outra coisas que promover melhores relações entre o Reino Unido e Cuba, de acordo com as políticas do governo do R.U”.

Entretanto, a UKTI reconhece: “O risco de sanções por parte dos Estados Unidos pode criar incerteza e as empresas, especialmente os bancos, às vezes se encontram presos entre os requisitos legais em conflito”; os solidários com a Ilha seguem a campanha para que o governo aja de maneira bem clara, para assegurar que os que se encontrem em circunstâncias semelhantes possam apoiar-se na soberania das leis do país onde radicam e não forem obrigados a aplicar as sanções do OFAC.