
LA PAZ.— A Bolívia prontifica-se para a comemoração dos 11 anos da tomada de pose do presidente Evo Morales como primeiro presidente indígena desta nação do altiplano e o começo da revolução democrática e cultural.
Ao assumir o cargo, em 22 de janeiro de 2006, Morales e o governante Movimento ao Socialismo (MAS) começaram várias transformações estruturais conhecidas como processo de mudanças, mediante o qual mostraram um novo rosto ao país considerado, então, o segundo mais pobre do hemisfério.
O próprio presidente referiu-se, várias vezes, à importância das transformações políticas, econômicas e sociais empreendidas por seu governo, durante a última década, que colocam a Bolívia como uma nação a caminho de um desenvolvimento mais justo e equitativo.
Com a nacionalização dos recursos petroleiros, em maio de 2006, o governo não só obteve a soberania sobre as riquezas mineiras nacionais — antes nas mãos de multinacionais — mas começou uma política de distribuição equitativa dos lucros e um impulso à industrialização.
Tais dividendos, segundo relatórios oficiais, foram redistri-buídos de maneira equitativa para minorar as desigualdades sociais e são a base de importantes programas sociais para beneficiar grupos vulneráveis como as crianças (Bônus Juancito Pinto), as grávidas (Bônus Juana Azurduy) e os idosos (Renda Dignidade).
As autoridades ressaltam, igualmente, que as lutas e sacrifícios de camponeses e indígenas são alicerces do processo de mudanças, cuja fortaleza e capacidade para contornar as crises emanam do acompanhamento dos movimentos sociais na defesa da soberania e reivindicação histórica dos setores mais oprimidos.
A nação andino-amazônica destaca, nos últimos anos, por ser a de maior crescimento do Produto Interno Bruto na América do Sul, enquanto um amplo programa de empreendimentos estatais projeta convertê-la no coração energético da região.
Da mesma maneira, o governo boliviano prioriza o cumprimento da Agenda Patriótica 2025, estratégia que contempla diversos programas políticos, econômicos, sociais e culturais rumo à comemoração do bicentenário da independência.
Dentro desta linha programática se presta especial atenção à construção de obras de alto impacto social nas comuni-dades.
O crescimento econômico do país na última década, unido a diversos projetos sociais amparados pelo Executivo, estimularam o crescimento de cidades e povoados e que maiores segmentos da população saiam da pobreza e demandem melhor qualidade de vida.
Dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) confirmam que aproximadamente 20% da população boliviana saiu da pobreza, na última década, coincidente com o período de governo do presidente Evo Morales.
Se, em 2005, os 59,6% dos cidadãos se encontravam abaixo do limiar da pobreza, esse número diminuiu para 39%, em 2015, revelou um recente relatório da entidade.
Contudo, os esforços governamentais se concentram em acabar com a pobreza, em 2025, quando se comemorem 200 anos da fundação da república.
Os últimos 11 anos foram caracterizados, também, pelo exercício de uma ativa diplomacia, em nível mundial, que tem como bússola fortalecer a cooperação com os países e blocos econômicos ou políticos, na base do respeito à soberania e à autodeterminação.
Por tal motivo, a Bolívia é hoje não só conhecida, mas também mais respeitada no mundo, segundo destacou o presidente.
Prova disso está no majoritário respaldo para que o país mediterrâneo ocupasse uma cadeira como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, desde 1º de janeiro passado.
Segundo fontes diplomáticas, La Paz dará impulso, de sua posição, a uma agenda para fomentar a paz global e o respeito aos direitos das pessoas e à Pachamama (Mãe Terra).
Em 18 de dezembro, ao comemorar o Dia da Revolução Democrática Cultural — data que lembra a vitória eleitoral de Morales, em 2005 — o chefe de Estado acusou os líderes da oposição direitista de carecer de um plano com luz longa para a Bolívia.
«A direita não propõe nada, não tem uma agenda para o período 2020-2025 (…) apenas sabe recusar e mentir, questionar e não propor», ressaltou durante o ato realizado em Irvigarzama, na região do Chapare, no departamento de Cochabamba.
Igualmente, referiu-se à história de saque à que foi submetido o país, durante quase 180 anos de vida republicana e à gestão de mais de uma década do MAS para refundar o país.
«Os humilhados, vilipendiados, marginalizados, discriminados nos organizamos, com muito, acerto em um movimento político, para dizer chega à dominação e ao saque», salientou.





