PARECE que a empresa da Huawei não vai ficar de braços cruzados com a investida do governo dos EUA. Depois que o governo de Donald Trump colocou na lista negra o gigante das telecomunicações da China, em 16 de maio, o porta-voz da empresa, Glenn Schloss, garantiu a disposição de «enfrentar legalmente essa decisão dos EUA contra a nossa empresa, justificada pela calúnia».
Durante uma visita à sede da empresa na cidade de Shenzhen, pertencente à província de Cantão, com a presença de um grupo de jornalistas latino-americanos, o Granma Internacional conversou com Schloss, que asseverou que «o governo de Donald Trump está preocupado com o progresso que a Huawei alcançou no desenvolvimento da tecnologia 5g, e isso os levou a nos acusar de espionagem, sem uma única prova disso».
Mas duas semanas depois que o Google anunciou a cessação dos serviços oferecidos à Huawei e que foi seguido por outras empresas no mundo, nada altera a habitual serenidade da sede da empresa. Tomaram a decisão da administração Trump com muita calma, mas com grande determinação.
«Nesse cenário, a Huawei optará por não usar intermediários. Não queremos que isso seja um conflito resolvido com o governo chinês. Estamos dispostos a dialogar e chegar a um entendimento», disse o porta-voz da empresa, que acrescentou que a empresa apresentará uma alegação de julgamento sumário em seu processo contra o governo dos EUA com o objetivo de responder às sanções de Washington.
«A Huawei poderia sobreviver a um bloqueio infinito. É uma empresa bilionária, com 30 anos de experiência e operações em 170 países», disse Glenn Schloss com confiança. «Nós não queremos viver em um mundo dividido em dois. Vamos apelar para a justiça dos Estados Unidos», assinalou.
5G, A VERDADEIRA RAZÃO DA GUERRA CONTRA A CHINA E A HUAWEI
Enquanto Trump tem a determinação de parar o desenvolvimento que a Huawei alcançou no 5g, na sede se fala com otimismo sobre o que o futuro reserva quando todos tenham acesso a essa tecnologia.
Enquanto se deslocava de uma sala para outra do prédio, Schloss listou todas as vantagens: «Se você estiver conectado de um telefone celular à conexão 4g, o mais rápido para navegar será um gigabit por segundo; enquanto, com 5g, você pode fazer 10 gigabits por segundo. Isso significa, por exemplo, que os filmes de alta definição que hoje levam seis ou sete minutos para serem baixados, com o 5g levarão apenas dois ou três segundos».
Também disse que «a transmissão de informações será muito mais curta, o que significa que os carros podem ficar sem um motorista ao volante e que as máquinas dentro das fábricas, ao invés de serem conectadas por cabos, serão conectadas através de redes sem fio».
Essa tecnologia vai mudar radicalmente a maneira como vivemos, e a Huawei não pede nada em troca. «Queremos apenas um mundo interconectado, globalizado, próspero, de intercâmbio tecnológico. Mas isso não é muito útil quando o presidente Trump nos chama de uma companhia “perigosa”», refletiu.
HONGMENG, O NOVO SISTEMA OPERACIONAL DA HUAWEI
Há algum tempo, a Huawei estava se preparando para um momento como esse, no qual tinham que ter seu próprio sistema operacional (OS), e isso foi confirmado pelo porta-voz da empresa.
«Embora sempre tenhamos tido uma boa parceria com o Google, a Microsoft e a Intel, há dois anos desenvolvemos um OS próprio, que estará disponível ainda neste ano ou no início do próximo», informou.
Além do que aconteça com o Google, os smartphones da empresa que estão no mercado agora, e aqueles que estão prestes a serem colocados à venda, não serão afetados pelo veto dos EUA.
«Os usuários não precisam se preocupar, tudo vai ficar bem. Estamos pensando apenas nos dispositivos futuros da empresa, porque não sabemos o que pode acontecer com os Estados Unidos a partir de agora. O futuro é incerto, e é tudo porque a base industrial da Huawei está na China»,esclareceu Glenn Schloss.
Para a Huawei, é essencial manter compromissos sobre a segurança de seus clientes e proteger sua privacidade, acima de tudo. «As acusações do governo de Trump são completamente infundadas. Não há evidências, não há provas. São apenas especulações, que não vamos tolerar».
NO CONTEXTO:
A alegação, apresentada pela Huawei, em 4 de junho, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste do Texas, pede que a Lei de Autorização de Defesa Nacional de 2019 (NDAA) seja declarada inconstitucional em uma atualização de uma ação movida pela empresa em março passado.
O projeto de lei da NDAA, aprovado pelo Congresso dos EUA, no verão passado, proíbe as agências federais e seus empreiteiros de usar equipamentos da Huawei por razões de segurança nacional, alegando os vínculos da empresa com o governo chinês.





