O anúncio feito esta segunda-feira, 11 de janeiro, pelo Governo dos Estados Unidos de que Cuba voltou a figurar na espúria lista de países patrocinadores do terrorismo, mostra mais uma vez o culto à mentira e a duplicidade de critérios que caracterizam a ação política daquela administração.
O chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla, em sua conta no Twitter, rejeitou a medida proclamada por Washington: «Condenamos a qualificação hipócrita e cínica de que Cuba é um Estado patrocinador do terrorismo».
«O oportunismo político desta ação é reconhecido por quem tem uma preocupação honesta com o flagelo do terrorismo e suas vítimas», disse o ministro das Relações Exteriores e membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba.
Pedro Luis Pedroso, embaixador da Ilha nas Nações Unidas, descreveu a decisão como vergonhosa; enquanto isso, Johana Tablada, vice-diretora-geral do ministério das Relações Exteriores para os Estados Unidos, descreveu-a como uma grande mentira, muito prejudicial a Cuba, «para justificar e tornar ainda mais rígido o cerco econômico e financeiro que dificulta a vida de 11 milhões de pessoas».
Tablada explicou em sua conta no Facebook que o que o governo de Donald Trump busca é «satisfazer uma minoria reacionária que lucra com a deterioração das relações, constitui um ato escandaloso de corrupção política de Trump e Pompeo e uma decisão embaraçosa que desmoraliza ainda mais a política externa dos Estados Unidos».
A revisão do Departamento de Estado em 2015, durante o governo Barack Obama, sobre o comportamento de Cuba foi completa e decisiva para concluir que este país não fazia parte da lista dos patrocinadores do terrorismo. «Nada mudou desde então», explicou a funcionária.
Considerar o contrário é uma hipocrisia sem paralelo. Cuba é vítima constante, há mais de 60 anos, de ações violentas organizadas, financiadas e dirigidas pelos Estados Unidos.
Terroristas notáveis, como Luis Posada Carriles e Orlando Bosch Ávila, mentores do horrendo crime em Barbados, encontraram refúgio seguro naquela nação, apenas para citar dois exemplos de uma lista muito extensa.
A nação imperial desenvolveu uma guerra biológica cruel contra nosso país, patrocinou ataques a cidades indefesas, sequestrou e afundou barcos de pesca e, mais recentemente, sendo consistente com uma prática de anos, calou-se ante o grave ataque com um fuzil à embaixada cubana em Washington, em 30 de abril de 2020.
A rejeição, mesmo dentro dos Estados Unidos, não tardou a chegar. «Cuba não é um estado terrorista», disse Ben Rhodes, reagindo à decisão do Departamento de Estado. O ex-assessor do governo de Barack Obama a chamou de «lixo politizado», a fim de amarrar as mãos do governo que ocupará o gabinete oval de Washington em 20 de janeiro, em torno do tema sobre Cuba.
O senador Patrick Leahy, democrata de Vermont e futuro presidente pro tempore do Senado, disse: «Esta designação ostensivamente politizada é uma zombaria daquilo que tem sido uma forma objetiva e confiável de medir o apoio ativo de governos estrangeiros ao terrorismo. Não há nada remotamente parecido aqui».
«Devolver Cuba a esta lista é claramente uma decisão politicamente motivada, uma recompensa aos aliados políticos nacionais do governo Trump durante suas últimas semanas, ao invés de um passo efetivo na política externa», disse o presidente do Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos (Wola), Geoff Thale.
«É um passo vingativo que prejudicará o povo cubano e não fará nada que realmente promova os direitos humanos ou os interesses dos Estados Unidos», disse Thale.
A primeira vez que a Ilha maior das Antilhas foi incluída nessa lista negra foi em 1982, sob a administração de Ronald Reagan.
Devolver Cuba a essa lista unilateral é uma ação que as autoridades da Ilha rejeitam por considerá-la ilegítima, covarde e sem sentido.





