
Mortalmente ferido, um presidente narcisista, ele mesmo responsável pela morte de concidadãos, por assassinatos seletivos, por milhares de mentiras enumeradas pela própria mídia de seu país, exortou o fanatismo supremacista a apoiar seus delírios: as imagens, vídeos e áudios foram vistos pelo mundo, com seu vergonhoso rastro de destruição na sede do Capitólio (aonde entraram impunemente); as mortes e, como consequências quase previsíveis, as demissões de parte de seus funcionários no governo, demissões e até suicídios.
Agonizante, sem admitir a responsabilidade por nenhum dos absurdos de seu mandato (sem saber que a derrota também implica uma ética), ele ainda precisa cravar as garras nas feridas causadas continuamente. Cuba tem sido uma de suas obsessões; foi assim em maior ou menor grau para quase todos os presidentes daquele país, é verdade, mas este é particular, como todos os não apresentáveis que não estão dispostos a se preocupar com outra coisa senão com eles mesmos. Trump sucumbiu, como nenhum outro, ao mais rançoso do ódio: àquela parte, também doente, composta de cubanos que foram viver seu sonho norte-americano, e, obviamente, não é o suficiente para eles. E, por outro lado, que fez do ódio um suculento meio monetário de vida, que eles temem perder. Ele os preferiu, antes que esses milhares de cubanos que, em seu próprio território, pediram, muitos com risco de vida e ameaçando suas famílias, que fossem levantadas sanções e bloqueios contra seu povo.
Politicamente morto, ele assinou sanções polêmicas contra os países de sua obsessão. Cuba não podia faltar. E há aquela lista ilegal e personalista daqueles que – diz ele – patrocinam o terrorismo. A história de Cuba fala por si, mesmo nestes tempos sem precedentes de crise econômica global em um ano marcado pela pandemia da Covid-19. Uma lista que, se fosse elaborada pela boa gente do planeta, seria encabeçada pelo mesmo a quem tem direito de fazê-la. Uma lista que dificulta ainda mais as relações entre os dois países.
E onde você está, cubano? Você que diz que se preocupa com o bem-estar do povo cubano, que vê essa luta implacável para preservar a vida daqueles que diz amar, que vê, como consequência desta e de todas as infames listas de ódio, que seu país, seu país, está partilhando em 11 milhões de pedaços a menor coisa à que consegue acessar, para que alcance para todos... Onde está você que não condena, pelo menos, a infâmia?





