Em meio à forte pressão dos Estados Unidos sobre os Estados membros das Nações Unidas, foi aprovada uma resolução na Assembleia Geral para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos.
O documento foi adotado com 93 países a favor, 24 contra e 58 abstenções, e várias delegações denunciaram que o texto não foi previamente discutido com os Estados membros, informa a Prensa Latina.
Entre os países da América Latina, Cuba, Bolívia e Nicarágua votaram contra a decisão, enquanto o Brasil, El Salvador e México se abstiveram. A Venezuela não votou. O resto dos países da região apoiaram a decisão. A China, assim como o Irã, Argélia, Etiópia e Cazaquistão, também estão entre os países que não apoiaram a suspensão.
De acordo com a Rusia Today, o movimento segue as alegações da mídia contra os militares russos de matar civis na cidade de Bucha, que Moscou rejeitou repetidamente como uma «fabricação» pela Ucrânia.
O Conselho de Direitos Humanos é um órgão intergovernamental dentro do sistema das Nações Unidas, composto por 47 estados e responsável pela promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo.
A Assembleia Geral tem o direito de suspender a adesão de um país se ele «cometer violações graves e sistemáticas dos direitos humanos». A única vez que o fez foi em 2011, quando a situação da Líbia estava sendo debatida, em resposta à violência do governo de Muammar Gaddafi.
O Conselho de Direitos Humanos tem sido criticado por ser um órgão cheio de hipocrisia e de dois pesos e duas medidas.
A POSIÇÃO DE CUBA SOBRE O QUE ACONTECEU
Com relação à decisão da Assembléia Geral da ONU de suspender os direitos da Federação Russa como membro do Conselho de Direitos Humanos, Cuba advertiu sobre os perigos que as manobras dos EUA representam para a humanidade, informa o site do ministério das Relações Exteriores cubano.
O representante permanente de Cuba junto às Nações Unidas, Pedro Luis Pedroso Cuesta, enumerou as razões pelas quais Cuba votou contra o projeto de resolução A/ES-11/L.4, e denunciou que ele abriria um precedente adicional perigoso, particularmente para o Sul.
O diplomata advertiu que «este mecanismo de suspensão, que não tem paralelo em nenhum outro órgão da ONU, pode ser facilmente utilizado de forma seletiva. Hoje é a Rússia, mas amanhã poderá ser qualquer um de nossos países, particularmente as nações do Sul que não se curvam aos interesses da dominação e que defendem firmemente sua independencia».
Acrescentou que a nação caribenha sempre se opôs à cláusula de suspensão dos membros, «devido ao sério risco de que ela fosse utilizada por certos países que favorecem a duplicidade de critérios, a seletividade e a politização das questões de direitos humanos».
«O uso da cláusula de suspensão da participação no Conselho não favorecerá de forma alguma a busca de uma solução pacífica, negociada e duradoura para o conflito na Ucrânia, e muito menos ajudará a fomentar o clima de cooperação, diálogo e compreensão que deve prevalecer quando se trata da questão dos direitos humanos», enfatizou.
Também declarou que «Cuba sempre defendeu e trabalhou para um Conselho de Direitos Humanos capaz de enfrentar os complexos desafios enfrentados pela comunidade internacional nesta área, da qual nenhum país está isento».
«A Ilha sempre defendeu a objetividade, imparcialidade e transparência no trabalho deste órgão, e que seus procedimentos e mecanismos funcionam com base em informações verdadeiras e verificadas», enfatizou.
Lembrou que não foi por acaso que os promotores mais entusiastas da cláusula de suspensão, quando a construção do novo Conselho de Direitos Humanos estava sendo negociada, eram nações desenvolvidas com uma tendência comprovada de acusar países do Sul que não estão em conformidade com seus supostos modelos de democracia.
O embaixador questionou se «esta Assembleia alguma vez poderá aprovar uma resolução suspendendo a participação dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos? Todos nós sabemos que isto não aconteceu e não acontecerá, apesar de suas flagrantes e maciças violações dos direitos humanos», disse.
