ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: José Manuel Correa

O primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, Miguel Díaz-Canel, apelou à unidade das forças progressistas do mundo quando afirmou, no encerramento do Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba, «que somente a cooperação e a ajuda mútua poderão enfrentar a perversidade do império, a causa dos principais conflitos armados da humanidade».

Sobre esta ideia, o membro do Bureau Político e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, disse aos participantes que «é hora de cerrar fileiras em estreita unidade dentro de nossa diversidade para a luta antiiimperialista, em defesa da paz, da soberania, da autodeterminação dos povos, do desenvolvimento e da justiça social».

Rodríguez Parrilla agradeceu aos mais de mil delegados, que representam associações de amizade em seus respectivos países, pela árdua batalha que estão travando contra o bloqueio de Cuba pelo governo norte-americano, por enviar inestimáveis doações de medicamentos e suprimentos médicos para combater a Covid-19. «Com sua luta vocês encorajam a resistência criativa, persistente e vitoriosa do povo cubano em meio a enormes dificuldades», assegurou.

Durante a reunião, os delegados comentaram como organizam o envio de doações, sua luta diária contra o bloqueio e a ênfase que deram a esta luta, após as mais de 240 medidas da administração de Donald Trump, que se intensificaram em meio ao flagelo da pandemia. Neste sentido, eles compartilharam suas experiências, baseadas na solidariedade, a fim de alcançar seus objetivos, já que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, não mudou sua agressividade contra a Ilha maior das Antilhas. Também revelaram o impacto da solidariedade de Cuba sobre os países da região.

Alberto Mas, secretário do Clube Argentino de Jornalistas Amigos de Cuba e membro do Movimento Argentino de Solidariedade, que coordenou, junto com seus colegas, o envio de seringas para a imunização anti-Covid, disse que quando souberam da campanha mundial, eles se reuniram com os ativistas do grupo e concordaram em criar uma conta corrente para depositar fundos, e então conclamaram o maior número possível de pessoas e instituições a fazer contribuições.

Estabeleceram uma meta de 50.000 e levantaram fundos para comprar 850.000 seringas, às quais acrescentaram outras 550.000 do governo da província de Buenos Aires, que também forneceu outros suprimentos médicos. A ação foi concluída com o embarque para Cuba, para o qual tiveram que contratar os serviços de um avião fretado pela ONU para transportar pessoal militar do Haiti para a Argentina. Como faria a viagem de retorno vazia, eles providenciaram uma escala em Cuba para depositar a carga.

Carmem Diniz, membro do Comitê de Solidariedade de Cuba no Rio de Janeiro e ativista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil, contou como seu povo sofreu a partida dos médicos cubanos em 2018, quando o programa Mais Médicos chegou ao fim. «Antes de assumir a presidência, Jair Bolsonaro fez uma enorme campanha para desacreditar os cubanos, ignorando que mais de 700 municípios receberam atendimento médico pela primeira vez e que cerca de 60 milhões de pessoas ficaram desabrigadas quando esses profissionais partiram».

Disse que até hoje nunca foi possível restabelecer este cuidado comunitário, embora o governo tenha feito promessas. Acrescentou que em seu país, os profissionais são treinados com uma consciência mercantilista, com a aspiração de se formar para estabelecer uma propriedade privada e ter lucro a qualquer custo, «algo do qual os médicos não fogem, que querem montar uma clínica onde possam cobrar por consultas e serviços», disse.

«A população pede o retorno dos médicos cubanos de todas as maneiras possíveis, argumentando que eles trataram os pacientes como seres humanos, porque sentiram suas enfermidades e os trataram com carinho. Esta é também a razão de nossa luta».

Em torno desses temas, os participantes formularam dois documentos, que foram adotados como declarações da reunião: um contra a genocida política econômica, comercial e financeira dos EUA, e o outro sobre a Cúpula das Américas. O trabalho nas comissões do Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba chegou a um consenso semelhante para emitir um terceiro documento, que trata da unidade na diversidade na luta antiimperialista.

Também debateram amplamente sobre como fazer mais na mesma luta por outros processos progressistas na região, como os casos da Venezuela e da Nicarágua; e contribuir para as causas da descolonização; bem como sobre a exclusão dos países soberanos da próxima 9ª Cúpula das Américas.

Na segunda-feira, 2 de maio, data de encerramento da reunião, o subsecretário de Estado dos EUA, Brian Nichols, confirmou que seu governo excluiria Cuba, Venezuela e Nicarágua da Cúpula. Acrescentou que foi decisão do presidente (Biden) deixar essas nações de fora, de acordo com a agência de notícias Prensa Latina. A decisão gerou a mais forte rejeição por parte dos delegados reunidos no Palácio da Convenção de Havana.

Além da sessão plenária, o dia dos delegados incluiu um passeio pelas comunidades de Havana, intercâmbios com cerca de dez coletivos trabalhistas e participação no desfile do Dia de Maio.

No encerramento do evento, a Ordem de Solidariedade foi dada ao britânico Robert Frederick Miller. A cerimônia de encerramento do Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba contou com a presença dos membros do Bureau Político: Esteban Lazó Hernández, Roberto Morales Ojeda e Ulises Guilarte, entre outras autoridades.