ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O continente precisa conectar, ativar, mobilizar a força do povo, porque essa tem sido a fórmula para caminhar com o líder, nestes dez anos de ausência física. Photo: Estudios Revolución

Caracas, Venezuela.— Diante de uma multidão que assistiu ao reencontro com seu líder, às 16h25 de 5 de março, na mesma hora em que há dez anos o coração de Hugo Chávez parou de bater em seu peito para bater no coração da Venezuela e da América Latina, foram disparados novamente tiros de canhão em memória do comandante bolivariano, no Quartel da Montanha, onde descansam seus restos mortais.

Enquanto isso, em um dos salões do Teatro Teresa Carreño, representantes de mais de 60 países e numerosos movimentos sociais prestaram-lhe homenagem no Encontro Mundial: Validade do Pensamento Bolivariano do Comandante Chávez no século XXI.

O evento, juntamente com o general-de-exército Raúl Castro Ruz, também contou com a presença do primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz; do Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez, vice-primeiro ministro; do ministro das Relações Exteriores Bruno Rodríguez Parrilla, e dos ministros da Saúde Pública e de Energia e Mineração, entre outros funcionários do governo cubano.

Sem exceção dos estados, municípios, paróquias, bairros, comunas, Venezuela como um todo — e com ela os quase 19.000 colaboradores cubanos — amanheceram de pé, inflamados de patriotismo, de pé alto em sua lealdade bolivariana.

Diante da memória daquele que lhe devolveu a esperança, um povo inteiro se curvou em respeito, como tem feito todos os anos na última década, pois, com a partida física de Hugo Chávez, o dia 5 de março deixou de ser apenas mais um dia no calendário.

Figuras políticas, intelectuais e líderes de movimentos sociais de diferentes países concordaram que o trabalho do sucessor de Simón Bolívar transcende, e que a Revolução que ele iniciou é, antes do mundo, um exemplo de luta, mais válido do que nunca diante das hegemonias imperiais.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para quem a essência e a força do povo bolivariano estão na ação e no pensamento de Chávez, disse que o continente precisa conectar, ativar, mobilizar a força do povo, porque essa tem sido a fórmula para caminhar com o líder, nestes dez anos de ausência física. «Com o povo sempre, sem o povo, nunca!»

Em seu discurso, o intelectual argentino Atilio Borón leu uma declaração da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade. «Na vida de Chávez estão os feitos emancipatórios de nossa América», disse. «Ele nos contagiou com rebeldia, continuaremos com Chávez no antiimperialismo e no socialismo», comentou Borón, em nome deste movimento.

Rafael Correa, ex-presidente do Equador, descreveu o eterno comandante como um «homem de grandes feitos, mas também de imensa ternura, generosidade e solidariedade», e disse que a melhor maneira de sermos coerentes com ele é nunca desistir.

Da mesma forma, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, definiu a melhor homenagem a Chávez como «ser revolucionário, e ser revolucionário significa ser antiimperialista, não trair a luta dos povos». O líder indígena referiu-se à necessidade de unidade, e de nunca negociar com os inimigos da humanidade. «Chávez, como Fidel, eu os conhecia como os homens mais unidos do mundo». Também lembrou Fidel dizendo-lhe: «Evo, temos que compartilhar o pouco que temos». E também comentou sobre o impacto da Missão Milagre na região, «Isso é que é solidariedade», reafirmou.

Manuel Zelaya, ex-presidente de Honduras, disse que «para aqueles que celebraram a morte de Chávez e acreditaram que a Venezuela seria presa fácil para o imperialismo, para aqueles que tentaram assassinar líderes bolivarianos, para aqueles que levaram a julgamento político contra líderes de esquerda e líderes da América Latina, para os autores de golpes de Estado, para aqueles que têm bloqueios infames contra a Venezuela, Nicarágua e Cuba, para aqueles membros fatídicos da comunidade internacional dizemos: vocês estavam errados, aqui está a Venezuela com seu presidente da classe trabalhadora, Nicolás Maduro. Estamos aqui», frisou.

O primeiro-ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit, declarou que Chávez não está morto, «ele vive entre nós», disse. E condenou as sanções injustas e ilegais impostas ao povo e ao governo venezuelano.

Luis Arce Catacora, presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, destacou a solidariedade e a coerência entre o pensamento e a ação de Chávez, «inabalável em seus princípios, cuja ideologia integracionista ainda hoje enfrenta a globalização».

Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e as Granadinas, disse que Hugo Chávez morreu invicto, que «o imperialismo nunca poderia conquistá-lo, nem a morte; por isso ainda está vivo; quando o chamamos de Comandante Eterno, não é pura retórica, porque suas ideias, seu exemplo, sua vida ainda estão conosco e entre nós».

«Eu vim para honrar este amigo», acrescentou o granadiano. E lembrou a batalha antiimperialista de Chávez pela emancipação, solidariedade e unidade dos povos. Elogiou a sinceridade e a força que viu no amor de Chávez pelas crianças, pelos pobres, pelos mais fracos, pelos sofredores, e o descreveu como «um homem sensível, gentil e amoroso».

Ralph Gonsalves também denunciou as contínuas tentativas do imperialismo de derrotar o processo bolivariano, e revelou que, ao acordar todas as manhãs, ele se lembra de Fidel e Chávez, que chama de «pais».

O próximo orador, Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, relatou a relação entre Chávez e Fidel, «nosso irmão mais velho, um daqueles homens que nunca morre», sublinhou. E disse que a figura do Comandante-em-chefe foi decisiva na vitória da Revolução Sandinista.

Do líder bolivariano, Ortega disse que é a síntese das lutas travadas pelo povo da Venezuela desde a época dos invasores colonialistas até sua vitória eleitoral em 1999. Ao povo de Bolívar e Chávez ratificou o amor e o carinho de seus irmãos nicaraguenses, bem como o sentimento de gratidão para com Chávez, que, «tal como Fidel, sentimos que é nosso».

No encerramento da homenagem ao melhor amigo de Cuba, dez anos após sua morte, o general-de-exército Raúl Castro Ruz também falou de como «em tantos anos de luta revolucionária, experimentamos a dor da perda de muitos camaradas, alguns muito jovens, no momento do maior esplendor de suas vidas», como no caso de Chávez, cujo exemplo renasce e se multiplica na nobreza de seu povo.