ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Marrero Cruz enfatizou que, com união de esforços e ações, é possível alcançar um mundo melhor para todos. Foto: Estudios Revolución

Sochi, Federação Russa.-«Vamos unir esforços e ações para alcançar o mundo melhor que merecemos. Este é o momento da ação, em que os atos validam o poder das palavras». Esse foi o apelo feito pelo membro do Bureau Político e primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, ao participar pessoalmente - pela primeira vez - de uma nova sessão do Conselho Intergovernamental da Eurásia, que começou na quinta-feira, 8 de junho, na cidade russa de Sochi.

Cuba participa desta reunião, pois desde 11 de dezembro de 2020 possui o status de Estado observador da União Econômica Eurasiática (EAEU), um importante bloco de integração econômica regional composto por quatro órgãos, incluindo o Supremo Conselho Econômico Eurasiático, que opera em nível de presidentes de países membros e observadores, e o Conselho Intergovernamental Eurasiático, em nível de primeiros-ministros e chefes de Governo.

Nesse sentido, Marrero Cruz transmitiu - em nome do povo e do governo cubanos -«saudações afetuosas e gratidão pelo evento».E reiterou o «compromisso político sério e responsável com o desenvolvimento dos laços econômicos, comerciais e de cooperação com a União e seus Estados membros». Marrero também lembrou como o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz teria ficado orgulhoso de ver Cuba presente em um palco como esse.

Durante o Conselho - presidido por Mikhail Mishustin, primeiro-ministro da Federação Russa - houve um amplo debate sobre a situação internacional que as nações estão vivendo, caracterizada por um mundo pós-pandêmico desafiador, no qual são evidentes as graves consequências das múltiplas crises que estamos atravessando, incluindo os impactos notáveis das mudanças climáticas.

Nesse sentido, o primeiro-ministro cubano destacou a importância de que as esferas produtivas, comerciais e financeiras dos países que compõem a União tendam a uma maior e mais eficiente integração, como uma das formas de gerar economias de escala, com base na expansão dos mercados, conforme evidenciado nos debates do Conselho.

«Issonos vai permitir alcançar níveis mais altos de especialização e vínculos que levariam a uma maior produtividade, melhor qualidade de bens e serviços, maior facilidade para o desenvolvimento de infraestruturas complementares, esforços conjuntos para alcançar resultados técnico-científicos inovadores e outros benefícios derivados de processos integracionistas».

Marrero Cruz reiterou que «nossos países têm muito a compartilhar na construção de uma rota econômica mutuamente benéfica». E destacou que Cuba oferece uma porta de entrada para a América Latina e o Caribe, «uma região com a qual assinamos acordos de complementaridade econômica para reduzir tarifas. Nosso potencial, como ponte para a América Latina, oferece alternativas para nos complementarmos e projetarmos esforços para novas áreas de integração».

Além disso, afirmou que o mercado formado pelos países membros da União é muito atraente para os empresários cubanos, e se referiu à nossa grande delegação desse setor, que está mostrando seus projetos na exposição internacional Eurásia-nosso lar, que está sendo realizada paralelamente ao Conselho Intergovernamental.

«É nossa intenção promover a criação de um parque industrial da União na Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel. Sua materialização seria a expressão de um esforço conjunto para alcançar vínculos que levem à integração interregional a que aspiramos, especialmente no contexto de um mundo multipolar», disse Marrero.

O QUE CUBA TEM A OFERECER

«Os pontos fortes de cada um de nossos países têm enorme potencial para se materializar em projetos conjuntos ligados à indústria, saúde, biotecnologia, turismo, educação, economia digital, comércio eletrônico e energia, entre outras áreas de interesse comum», disse o chefe doGoverno cubano.

Também destacou os resultados dos intercâmbios nos grupos de trabalho sobre a formação de enfoques comuns para regular a circulação de medicamentos e dispositivos médicos na União, bem como no Comitê de Farmacopeia, que resultaram em opções mais imediatas para materializar projetos conjuntos nos quais nosso país está participando ativamente.

«Com o objetivo de melhorar a saúde e o bem-estar de nossos povos,Cuba propõe a criação de uma aliança multinacional no setor biofarmacêutico para alcançar a soberania no desenvolvimento e na produção de vacinas e produtos farmacêuticos. A criação de um portfólio de produtos biofarmacêuticos destinados a combater doenças infecciosas e não transmissíveis poderia ser um projeto específico a ser implementado em curto prazo», disse.

Em outro ponto de seu discurso, o primeiro-ministro se referiu à 3a sessão da Comissão Conjunta Econômica Cuba-Eurásia, que será realizada este ano e dará continuidade às realizadas em 2019 e 2021. Acrescentou que essa reunião será «um cenário propício para analisar o potencial e as perspectivas de colaboração, comércio e investimento entre as partes, além de promover um intercâmbio mais amplo e franco, de acordo com as prioridades de trabalho estabelecidas pela Comissão e por Cuba».

Conselho Intergovernamental da Eurásia, 2023. Photo: Estudios Revolución

Marrero Cruz reiterou que o mundo, talvez como nunca antes, necessita de uma nova convivência civilizada, baseada em uma nova ordem internacional, justa e equitativa, na qual prevaleçam a solidariedade, a cooperação, a integração entre os países e o multilateralismo. «Sem paz não haverá desenvolvimento e justiça social, e sem desenvolvimento e justiça social não haverá paz duradoura».

«Nossos povos precisam e exigem soluções eficazes e imediatas para suas necessidades por parte daqueles que os lideram. Temos o compromisso de legar confiança no futuro às novas gerações e mostrar a elas que o mundo melhor com o qual sonhamos é possível», disse.

Por fim, Marrero reiterou que a nação antilhana está passando por momentos complexos, principalmente devido ao impacto do bloqueio intensificado dos EUA; mas «o povo e o Governo estão lutando, não apenas para resistir, mas para se desenvolver, e posso garantir que Cuba nunca se renderá e que defenderemos nossa independência e soberania 'até a vitória sempre'».