Roma, Itália.－«Os sinos que hoje dobram por aqueles que morrem de fome todos os dias, amanhã dobrarão por toda a humanidade se ela não quiser, não puder ou não quiser ser sábia o suficiente para salvar a si mesma».
Foi com essas palavras proféticas que o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz encerrou seu discurso na Cúpula Mundial da Alimentação, realizada na sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), nesta cidade, em 16 de novembro de 1996.
O discurso de Fidel foi breve － muito breve, pode-se dizer, em comparação com seus discursos habituais － mas foi amplamente divulgado pela mídia na época e ainda é relevante hoje. Foi a primeira vez que o Comandante-em-chefe visitou a República Italiana, onde cumpriu uma extensa agenda que incluiu reuniões com as principais autoridades governamentais e estatais do país.
Essa visita, de acordo com especialistas em relações internacionais, definiu o tom das relações bilaterais entre as duas nações, que datam de 4 de fevereiro de 1903.
Esses laços são considerados históricos e estáveis e, nos últimos anos, vêm se expandindo em vários campos de cooperação. As visitas de alto nível a Cuba, em outubro de 2015, do então presidente do Conselho de Ministros, Matteo Renzi, e à Itália, em maio do mesmo ano, do general-de-exército Raúl Castro Ruz, na qualidade de presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, deram novo impulso às relações.
Em declarações feitas à imprensa pelos dois homens － após a reunião que tiveram no contexto da estada do general-de-exército em Roma － Renzi considerou este «um dia de alegria para nossos governos, que vêm trabalhando há meses e continuarão trabalhando ainda mais. É um grande dia para todos os italianos que amam Cuba e para todos os cubanos que amam a Itália. Pudemos tocar com nossas mãos que muitas coisas estão mudando, que a história seguiu seu curso e que queremos ser protagonistas da nova história».
«Podemos fazer muitas coisas juntos», disse.
Por sua vez, Raúl descreveu a reunião como importante, na qual, disse, «conversamos sobre tudo, sobre o passado, o presente e as relações que cubanos e italianos têm mantido historicamente. As relações são boas, o intercâmbio comercial está progredindo e, sem dúvida, continuará se desenvolvendo no futuro próximo».
A colaboração cultural entre os dois países é muito ampla e diversificada, assim como a relação econômica e comercial particularmente intensa com a Itália, que é um dos dez principais parceiros comerciais de Cuba, sendo a Ilha maior das Antilhas considerada um país prioritário para a cooperação italiana, especialmente nas áreas de segurança alimentar e restauração do patrimônio arquitetônico.
Os passos dados nos últimos anos para desenvolver esses laços ratificam a vontade de ambos os países de continuar fomentando-os em áreas de interesse mútuo, entre as quais se destacam as esferas econômico-comercial, cultural e de saúde.
Prova do apoio da Itália a Cuba é a posição firme que mantém, desde 1995, a favor da Resolução contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos Estados Unidos, que a Ilha caribenha apresenta todos os anos na Assembleia Geral das Nações Unidas.
ENFRENTANDO A COVID-19: UM NOVO PONTO DE VIRADA NA COOPERAÇÃO
2020 foi um ano tremendo para o mundo por causa da pandemia daCovid-19. A República Italiana passou por momentos críticos após o vírus, e os parceiros da brigada Henry Reeve estavam lá, prestando apoio nas regiões da Lombardia e do Piemonte.
«Foram dias de trabalho intenso, de profunda troca de experiências e rigoroso cumprimento de protocolos de saúde que nos deram mais segurança em nosso trabalho», disse o dr. Carlos Ricardo Perez, chefe da brigada médica que esteve na Lombardia, em seu retorno à Ilha maior das Antilhas.
E, embora no início os profissionais italianos tenham olhado com desconfiança para os nossos profissionais, sua atuação altruísta, humana e muito comprometida com a vida desse povo amigo marcou um ponto de virada positivo em termos de cooperação médica entre as duas nações.
A vontade dos dois ministérios da Saúde é continuar aprofundando esses laços bilaterais. Em apoio a esse interesse, no contexto da recém-concluída 76ª Assembleia Mundial da Saúde, os ministros da Saúde da República Italiana e de Cuba, Orazio Schillaci e José Angel Portal Miranda, respectivamente, assinaram um Memorando de Entendimento sobre colaboração nas áreas de Saúde e Ciências Médicas, que fortalece as relações entre as duas instituições.
De acordo com as ideias compartilhadas pelo ministro da Saúde Pública de Cuba em sua rede social Facebook, na reunião, seu homólogo italiano «reconheceu o progresso de Cuba na saúde e na pesquisa científica e biofarmacêutica, ao mesmo tempo em que considerou como áreas-chave para a promoção da cooperação bilateral a resposta a emergências de saúde, a luta contra doenças transmissíveis e não transmissíveis, bem como a pesquisa farmacêutica e biotecnológica».
Em 19 de junho, o presidente Díaz-Canel chegou à Itália, em uma visita que durará até 20 de junho e que reafirma, mais uma vez, a vontade inquestionável de ambas as nações de avançar no fortalecimento de seus laços para fazer mais em benefício da cooperação mútua.
ITÁLIA, UM BREVE PERFIL
- Nome oficial: República Italiana
- Localização geográfica e fronteiras: A Itália está localizada no centro do Mar Mediterrâneo, no sul da Europa. Ocupa a península italiana, bem como a planície de Padana, as ilhas da Sicília e da Sardenha e cerca de 800 ilhas menores. Ao norte, é cercado pelos Alpes e faz fronteira com a França, a Suíça, a Áustria e a Eslovênia. Os microestados de San Marino e Cidade do Vaticano são enclaves dentro do território italiano.
- Área: 301 337 km2
- População: 58 851 000 (Fonte: Istat/Instituto Nacional de Estatística da Itália)
- Capital: Roma
• Estabelecimento das relações diplomáticas com Cuba: 4 de fevereiro de 1903
