ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foto: Alejandro Azcuy 

Paris, França.— Chegou a hora de enviar uma mensagem política clara que renove nosso compromisso coletivo de implementar a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e de repensar as bases atuais que definem as relações Norte-Sul e a coexistência no planeta.

O discurso do primeiro-secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, em um dos espaços da Cúpula por um Novo Pacto Financeiro Global, foi claro, sem meias medidas.

Além de Díaz-Canel, que esteve à frente da delegação cubana no exercício da presidência pro tempore do G-77 mais a China, participam também os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Gustavo Petro, da Colômbia.

O encontro, que está sendo realizado no Palácio Brongniart, reuniu cerca de 40 chefes de Estado e de governo, diretores de instituições internacionais e representantes da sociedade civil entre ontem e hoje.

Também estão presentes os primeiros-ministros do Caribe, Ralph Gonsalves, de São Vicente e Granadinas, que atualmente preside a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e Mia Amor Mottely, de Barbados.

A Iniciativa Bridgetown de Mottely está entre os principais antecedentes desta Cúpula, sem dúvida uma das mais importantes deste ano em termos econômicos, sociais e ambientais.

Na abertura da reunião, seu organizador, o presidente francês Emmanuel Macron, pediu «soluções muito concretas» para reformar a atual arquitetura financeira global para o financiamento do desenvolvimento, de modo a permitir que os países mais afetados possam lidar melhor com os efeitos das mudanças climáticas.

«Nenhum país deveria ter que escolher entre reduzir a pobreza e proteger o planeta», foi um dos axiomas de Macron.

Analisando os efeitos da pandemia da Covid-19 no mundo, que aumentou as desigualdades e a vulnerabilidade social, o presidente francês observou que este é um momento em que «as desigualdades estão aumentando e as mudanças climáticas estão elevando os riscos».

A intenção por trás dessa Cúpula, que tem como fim criar as bases para um novo sistema de financiamento para o desenvolvimento, também foi considerada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para quem a atual estrutura financeira internacional é obsoleta e contribui para o aumento das desigualdades.

Guterres pediu medidas urgentes que caminhem rumo a uma maior «justiça global», sem esperar pela transformação radical da atual arquitetura financeira internacional, uma mudança na qual, explicou, não tem muita esperança.

Além do segmento de alto nível, a reunião foi estruturada em quatro grupos de trabalho que discutirão a restauração do espaço fiscal em países com situações difíceis em curto prazo; a promoção do setor privado em países de baixa renda; a promoção de investimentos em infraestrutura «verde» para a transição energética em países emergentes e em desenvolvimento; e a mobilização de financiamento inovador em países vulneráveis às mudanças climáticas. O evento conta com seis painéis de discussão, 30 eventos rotulados e mais de 50 eventos paralelos.

A agenda de 23 de junho, seu último dia, inclui a habitual «foto de família» e a cerimônia de encerramento. Haverá também uma entrevista coletiva, mas a resposta à pergunta se as soluções mais urgentes de que o mundo precisa podem ser realizadas só será dada pela vida e pelo tempo.

Esperamos que as palavras essenciais do presidente Díaz-Canel na Cúpula sejam ouvidas e levadas em consideração.