
Bruxelas, Bélgica.— A primeira atividade do primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, foi íntima, cubana, familiar e muito calorosa, poucas horas depois de sua chegada a esta cidade, onde participará da 3a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
O intercâmbio também foi marcado pela admiração e respeito para a Ilha maior das Antilhas, com uma representação de cubanos que moram na Bélgica e em outros países europeus; amigos solidários de toda a região, bem como membros da delegação cubana na Cúpula dos Povos. Também estiveram presentes membros da embaixada de Cuba na Bélgica, vários deputados do Parlamento Europeu e autoridades do Partido Trabalhista Belga, do Partido da Esquerda Europeia e do Partido Comunista da Espanha.
No bom estilo cubano, como diria o próprio chefe de Estado: «um ajiaco(consomé) cubano; porque há pessoas de diferentes credos, origens e latitudes, unidas pela amizade, pelo amor e pela convicção de que juntos podemos alcançar um mundo melhor. Uma mistura de amor e solidariedade».
«Um sonho que se tornou realidade», tal como disse a embaixadora cubana na Bélgica, Yaira Jiménez Roig, ao dar as boas-vindas ao presidente, juntamente com sua colega Lis Cuesta Peraza e a delegação cubana que participará do evento. «Todas as pessoas que estão nesta sala têm uma história de amor por Cuba e a defendem em todos os palcos», disse a embaixadora.
Em seguida, o presidente Díaz-Canel comentou sobre a gratidão e o compromisso com o «apoio constante». «No domingo, 16 de julho, estamos em uma grande família e, por essa razão, também queremos agradecê-los por terem aceitado o convite para se juntar a nós».
«Somos todos uma família, e estamos muito agradecidos e satisfeitos por ter uma família como a sua», refletiu o presidente, destacando em seguida a importância da «compreensão que vocês tiveram da situação que Cuba atravessa neste momento, e como, em meio a ela, continuam demonstrando apoio e confiança na Revolução Cubana».
COMPLEXIDADES, PÁTRIA, AMIGOS
Pouco mais de 200 pessoas participaram da reunião, na qual o presidente Díaz-Canel explicou detalhadamente o quanto a situação econômica em Cuba se tornou mais complexa desde o segundo semestre de 2019, quando o governo dos EUA «levou à máxima expressão sua intenção de sufocar o povo cubano e buscar uma explosão social que derrubasse a Revolução Cubana».
«A lógica imperial que tem sido aplicadatem vários componentes», entre os quais mencionou a estratégia midiática de desacreditar a Revolução e a plataforma de restauração neocolonial e neoliberal, destinada a «quebrar as identidades de nossos povos, buscando fazê-los ver suas essências culturais e históricas como obsoletas».
Entre outros atos terríveis cometidos contra nosso país, lembrou o endurecimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro em escalas sem precedentes, e a inclusão de Cuba na lista de supostos Estados patrocinadores do terrorismo, ações que trouxeram consigo, entre outras consequências, a escassez de medicamentos, matérias-primas e combustível para apoiar a geração de eletricidade em determinados momentos.
Em suas palavras com amigos, era inevitável falar sobre aqueles dias tão difíceis na Ilha maior das Antilhas durante o confronto com a pandemia da Covid-19; sobre a dedicação do pessoal de saúde, tanto no país quanto em outras partes do mundo; e sobre o desenvolvimento de nossas próprias vacinas, fato que tornou possível a façanha de realizar uma campanha de vacinação sem precedentes no país.
E bem aqui, no meio de tantos amigos, estava Belinda Sánchez Ramírez, cientista do Centro de Imunologia Molecular, que fez parte da equipe de pesquisadores cubanos que desenvolveram nossas vacinas e que agora está em Bruxelas como parte da sociedade civil cubana que participa da Cúpula dos Povos. O presidente a apresentou à plateia, e ela recebeu um estrondoso aplauso, agradecimentos e um caloroso abraço.
«Foram anos extremamente complexos», lembrou Díaz-Canel, «nos quais, além dos muitos obstáculos e adversidades provocados pelo vírus, Cuba teve de enfrentar um déficit no fornecimento de oxigênio médico; a explosão do hotel Saratoga; o incêndio nos depósitos de combustível em Matanzas; bem como a passagem do furacão Ian pelo oeste da Ilha. A ajuda de países solidários foi fundamental para lidar com cada um desses cenários complexos».
O presidente cubano falou a seus amigos sobre resistência criativa, um conceito que tem sido colocado em prática em Cuba nos últimos anos, que não se trata apenas de resistir ao bloqueio, mas também, em meio a essa resistência, de fazer coisas que desenvolvam o país. «Trata-se de criar com nosso próprio talento e nossos próprios esforços», enfatizou o presidente, «e de levar essas ideias a todas as áreas da vida da sociedade cubana».
«Vocêstambém fazem parte dessa resistência criativa de nosso povo: os que moram no exterior e não romperam com Cuba nem com suas famílias; nossos diplomatas, que não só assumem o desafio de defender a pátria na esfera política, mas também buscam fortalecer os laços que nos permitirão melhorar a situação econômica; e aqueles que nos defenderão na Cúpula dos Povos», disse.
Como parte dessa resistência criativa, também reconheceu os companheiros solidários com Cuba na Europa, «que dia a dia nos animam, nos dão força e nos comprometem muito, porque saber que vocês estão vendo na posição cubana uma luz para que o mundo melhore, isso também nos compromete a fazer as coisas melhor».
Com relação aos princípios que a Ilha maior das Antilhas veio defender nesta 3a Cúpula Celac-UE, o chefe de Estado assegurou que «não permitiremos ingerências em nossos assuntos internos, nem individualizaremos nossas realidades ou as de qualquer outro país, e defenderemos nossas convicções».
E concluiu dizendo que Cuba e a Revolução Cubana serão sempre vitoriosas.
VOZES AMIGAS NA EUROPA
Emoções e experiências foram compartilhadas na tarde de domingo, 16 de julho, em Bruxelas, onde vozes amigas demonstraram, mais uma vez, que Cuba não está sozinha e nunca estará sozinha em sua luta contra o injusto bloqueio imposto pelo governo dos Estados Unidos.
Aqui mesmo, no coração da Europa, o vice-presidente dos Amigos de Cuba, Freddy Tack, reconheceu que a Ilha é «um exemplo de solidariedade internacional, um pequeno país do Caribe que serve de exemplo para todos os povos do mundo».
Em seguida, Loraine González Arroyo, cubana residente nesta nação europeia, falou sobre a honra de participar desta reunião. «Há milhares de cubanos neste paísque permanecem comprometidos com a pátria, como uma comunidade unida e solidária que continua apoiando nossa Ilha, apesar dos mais de 7.600 quilômetros que nos separam dela», disse.
«Nosso deveré apoiar e preservar nossa soberania, não importa a distância física, e manter vivo o sentimento de amor, solidariedade e humanismo que nos identifica como cubanos», afirmou.
«O que mais podemos fazer por Cuba?», perguntou Raoul Hedebouw, presidente do Partido Trabalhista Belga, que também é chefe do Grupo Parlamentar de Amizade com Cuba, uma posição a partir da qual, disse, «tem a oportunidade de também assumir a tribuna diplomática para fazer mais por Cuba do ponto de vista da solidariedade».
«Estamos aquipara dar testemunho do apoio do nosso partido a Cuba em um momento que não é fácil, porque para nós Cuba representa a chama, a esperança, a prova de que um mundo diferente é possível, que um mundo melhor é possível», reafirmou.
De força, amor, compromisso, apoio... esperanças, falou-se na tarde de domingo, 16 de julho, na Bélgica. E como sinal de gratidão a Cuba e ao seu heroico povo, o presidente Díaz-Canel recebeu das mãos da cubana residente na Bélgica, Menia Martínez, primeira bailarina do Balé Nacional de Cuba e diretora artística do Conservatório de Dança de Bruxelas, uma réplica do único busto de José Martí que se encontra nessa cidade; um lugar, dizem os amigos, que se tornou obrigatório para os cubanos que vêm à Bélgica. O busto é obra do artista José Villa Soberón, ganhador do Prêmio Nacional de Artes Plásticas.
O encontro, marcado pelo amor e pela familiaridade dos filhos de Cuba e de seus amigos, que, por mais longe que estejam de Cuba, sempre encontram motivos para continuar cantando sua terra natal, fechados ao ritmo da mais alegre música cubana.