ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Ao receber Díaz-Canel, o presidente angolano considerou fundamental a elaboração de estratégias para avançar conjuntamente nas «questões de desenvolvimento, progresso e bem-estar de nossas populações». Photo: Estudios Revolución

Luanda, Angola.— O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, qualificou como «muito frutíferas» as conversações mantidas com seu homólogo angolano, João Gonçalves Lourenço, no Palácio Presidencial dessa nação africana.

O diálogo ratificou a disposição de ambas as nações de continuar fortalecendo e expandindo seus laços, de acordo com Díaz-Canel, enquanto participava de uma sessão do Conselho de Ministros de Angola.

As «calorosas saudações» que o líder cubano transmitiu ao povo angolano, em nome do general-de-exército Raúl Castro Ruz, atestam esses laços históricos e fraternos, que vêm sendo fomentados há mais de 40 anos.

«Cuba e Angola estão unidas por laços indestrutíveis de sangue, amizade e fraternidade, nascidos durante o triste e vergonhoso período da escravidão — porque uma parte importante de nossos antepassados veio dessa região — e que continuaram depois com o apoio dado por nossas forças internacionalistas à Fapla, com o objetivo de consolidar a independência e preservar a soberania nacional de Angola».

«Nosso apoio a Angola é inspirado e sustentado por essas bases sólidas, e o mantemos há décadas, com uma ampla parceria civil que, modestamente, orgulha-se de ter contribuído também para o desenvolvimento socioeconômico de Angola em um período de paz», lembrou.

Essa, segundo Díaz-Canel, «foi uma visita há muito esperada, desejada e aguardada por todos nós, que foi necessariamente adiada por causa da pandemia em 2020». Ela ocorre em um momento de importantes comemorações para o povo angolano, como o novo aniversário da proclamação de sua independência e a histórica batalha de Kangamba, um marco militar na guerra pela libertação da nação.

Esta visita também homenageia os combatentes da Fapla e das Forças Armadas Revolucionárias que participaram das lutas pela independência de Angola, os mortos e os feridos no campo de batalha.

O presidente angolano convidou a «pensar em mecanismos práticos para facilitar o intercâmbio entre nossos países em todos os níveis». Photo: Estudios Revolución

O presidente cubano falou da relação única que uniu o dr. Agostinho Neto e Fidel, pois nela «foram forjados os fundamentos das bases da amizade íntima que hoje dá rumo às indestrutíveis relações de amizade, solidariedade e fraternidade que existem entre os nossos povos e entre as nossas nações».

«É desejo de ambas as partes», disse, «continuar ampliando e consolidando nossas relações em áreas de interesse mútuo». Acrescentou que as novas gerações de líderes em ambos os países, que por processos naturais da história assumiram posições fundamentais no Partido e no governo, «também representam uma continuidade do legado de nossos líderes históricos, que foram os que promoveram a amizade que temos hoje».

Díaz-Canel expressou sua confiança de que «podemos aproveitar conjuntamente, de uma forma melhor e mais eficiente, o potencial existente para aumentar o nível das relações econômicas, comerciais e financeiras nas áreas de colaboração, investimento e comércio exterior, colocando-as no mesmo nível das excelentes e históricas relações políticas que temos».

Angola é o país da África onde temos a parceria mais diversificada, e há potencial para expandi-la em outras áreas, como fontes de energia renovável e biotecnologia.

Agradeceu o apoio recebido na luta contra o bloqueio imposto pelo governo dos Estados Unidos, que veio não apenas de Angola, mas também da União Africana e de outros fóruns multilaterais, nos quais os países africanos exigiram o levantamento dessas medidas injustas de perseguição e assédio que também afetam terceiros, dado seu componente extraterritorial.

«Quero reafirmar perante os senhores», disse, «a firme vontade de Cuba de continuar consolidando uma relação respeitosa e amistosa com o povo e o Governo de Angola, de cuja solidariedade também nos beneficiamos em momentos difíceis, especialmente nos últimos anos».

«Minha nova visita a Luanda, pela primeira vez como chefe de Estado, dá continuidade ao intercâmbio sistemático de visitas de alto nível que se realizam entre ambas as nações, e contribui para consolidar nossos laços bilaterais, que remontam a 1975, e se caracterizam pelo legado de amizade entre nossos líderes históricos, o dr. Agostinho Neto e o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz».

Ambos os presidentes ratificaram a vontade e o interesse em «incrementar as relações econômicas, comerciais e de investimento, apesar da grande distância geográfica, considerando as valiosas relações comerciais, que devem ser ainda mais reforçadas, incluindo as ligações entre a Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel e a Zona Econômica Especial Luanda-Bengo», disse.

CUBA, UM PAÍS IRMÃO

«Angola valoriza muito suas relações com Cuba, país irmão com o qual pretendemos aprofundar e consolidar nossos laços de amizade e cooperação econômica. Acreditamos que esta visita a Angola é um passo importante para a concretização deste objetivo». Assim se expressou o presidente João Gonçalves Lourenço, que lembrou como, nos momentos mais difíceis da história angolana, Cuba acolheu a formação de jovens desse país, muitos dos quais ocupam hoje altas responsabilidades na nação.

Destacou o papel desempenhado pelos «profissionais de saúde cubanos, que durante um período considerável garantiram o funcionamento das nossas unidades hospitalares em todos os níveis de atendimento, e em todo o território nacional, enquanto os nossos estavam sendo formados em Angola, em Cuba e em países europeus».

«Estamos satisfeitos com esse grande resultado de nossa cooperação bilateral», disse Lourenço, e afirmou que os vínculos devem ser mantidos, «dando-lhes um novo paradigma, e concentrando-se no intercâmbio especializado de alto nível em áreas críticas do conhecimento, para o que contamos mais uma vez com sua abnegada colaboração e solidariedade».

Considerou vital «elaborar estratégias comuns que nos ajudem a superar juntos todos os desafios relacionados às questões de desenvolvimento, progresso e bem-estar de nossas populações».

«É essencial pensar em mecanismos práticos que facilitem o intercâmbio entre nossos países em todos os níveis, o livre comércio, a complementaridade no uso dos recursos disponíveis, a transferência de conhecimentos técnicos, tecnológicos e científicos, e a prioridade em termos de implementação de projetos para a industrialização de nossas nações, com base no uso sustentável de matérias-primas e outros recursos à nossa disposição».

«Angola defende o fim do bloqueio econômico ao qual seu país tem sido submetido há décadas», disse.

ASSINATURA DE ACORDOS BILATERAIS

Os dois líderes testemunharam a assinatura de três acordos bilaterais que contribuem para o fortalecimento da cooperação entre os dois países.

Memorando de Entendimento entre o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed) da República de Cuba e a Agência Reguladora de Medicamentos e Tecnologias de Saúde (Armed) da República de Angola, para desenvolver uma relação de cooperação no campo da regulamentação e regulação farmacêutica.

Memorando de Entendimento entre o Mministério do Turismo da República de Cuba e o ministério da Cultura e Turismo da República de Angola para a cooperação no campo do turismo, a fim de promover uma colaboração recíproca e frutífera para o benefício de ambos os povos.

Memorando de Entendimento para a promoção de investimentos entre o Gabinete da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, da República de Cuba, e a Empresa de Desenvolvimento da Zona Econômica Especial Luanda-Bengo E.P., da República de Angola, com o objetivo de instituir um intercâmbio benéfico, tanto em elementos operacionais como em cooperação para o estabelecimento de investimentos.

Em declarações à imprensa, Lourenço disse que «falar das relações entre os nossos dois países é falar de relações fraternas entre dois povos que se amam muito e que, nos momentos de dificuldade em que cada um deles se encontra, o outro aparece para ajudar. Cuba ocupa um lugar importante na vida de nosso país».

Reconheceu que «o nível de cooperação econômica entre Angola e Cuba está abaixo do que nossos povos exigem de nós. Portanto, estamos dispostos a trabalhar para elevar o nível de cooperação econômica entre os dois países ao nível das relações de amizade entre nossos dois povos».

Garantiu que responderia ao convite do presidente Díaz-Canel para fazer uma visita oficial a Cuba e participar da próxima Cúpula do G77 mais a China, a ser realizada em Havana.

Díaz-Canel disse que as conversas realizadas «representam um marco em nossas relações, e também no presente, por tudo o que podemos fazer juntos. É nossa vontade manter, continuar e expandir a cooperação, a colaboração, a amizade e a solidariedade com a República de Angola».