ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
As duas delegações assinaram sete instrumentos de cooperação que fortalecem as relações nos campos econômico, de saúde e técnico-científico, entre outros. Foto: Alejandro Azcuy Foto: Internet
As duas delegações assinaram sete instrumentos de cooperação que fortalecem as relações nos campos econômico, de saúde e técnico-científico, entre outros. Foto: Alejandro Azcuy Photo: Alejandro Azcuy

«Sua estada em nosso país, depois de 21 anos desde que um presidente cubano nos visitou, é muito importante (...) nas relações atuais entre dois povos irmãos como Irã e Cuba». Foi o que disse o presidente da República Islâmica do Irã, aiatolá Seyyed Ebrahim Raisi, ao receber, em 4 de dezembro, seu homólogo Miguel Díaz-Canel Bermúdez.

Em declarações à imprensa, os dois líderes falaram enfaticamente sobre questões internacionais e condenaram a agressão de Israel contra o povo palestino, que se transformou em genocídio na Faixa de Gaza, onde mais de 6.000 crianças e mais de 4.000 mulheres morreram, segundo denunciaram.

De acordo com o site da Presidência da República de Cuba, saudaram o alto nível das relações políticas e diplomáticas entre as duas nações e expressaram a vontade e a decisão de elevar as relações econômicas e comerciais ao mesmo nível.

O presidente cubano disse que «essa é uma visita que consolida, fortalece, diversifica e amplia as relações já históricas de fraternidade, solidariedade e cooperação entre nossos povos e nossos governos».

Raisi disse que «Cuba e Irã têm visões comuns sobre diferentes questões, ao mesmo tempo em que mantemos relações em diferentes áreas, e um dos exemplos dessa cooperação tem sido a produção conjunta de vacinas, que tem sido muito eficaz e bem-sucedida».

«Agora assinamos acordos que complementarão essa relação em setores como agricultura, medicina, mineração, energia, entre outros», disse Raisi.

O presidente iraniano ponderou sobre a necessidade e a certeza dessas ações de resistência e soberania de ambos os países, «diante das sanções a que estão submetidos pelo imperialismo, que faz exigências ilegítimas, como forma de manter sua hegemonía», denunciou.

«Diante dessas sanções», refletiu Raisi, «nossos povos responderam com resistência e o imperialismo não foi capaz de nos fazer recuar de nossos princípios e, diante dessas ações nossos países decidiram enfrentá-las, aumentando e promovendo nossas relações em todas as esferas possíveis, com base em nossas capacidades e potencial», disse.

ACORDOS FIRMES AO AMANHECER

Mais cedo, Raisi esperou por Díaz-Canel nos jardins do Palácio de Sadabad. Os dois mantiveram um diálogo particular e, em seguida, juntaram-se às suas delegações para conversar. No final das conversações, foram assinados sete instrumentos de cooperação, fortalecendo as relações nas áreas econômica, de saúde e técnico-científica, entre outras, com o objetivo de pavimentar um caminho mais forte para estreitar os laços entre os dois lados.

O primeiro documento assinado foi um memorando de entendimento entre o ministério da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Citma) e a vice-presidência Iraniana de Ciência, Tecnologia e Conhecimento baseado na Economia, assinado pelo membro do Bureau Político do Partido Comunista de Cuba e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, e Rouhollach Dehghani Firouzabadi, vice-presidente dessa entidade.

Os ministros de Energia e Mineração da Ilha, Vicente de la O Levy, e de Cooperativas, Trabalho e Bem-Estar Social do país anfitrião, Seyyed Sowlat Mortazavi, endossaram outro do mesmo nível no âmbito da cooperação energética e de minas; e Ydael Pérez Brito, ministro da Agricultura, e seu homólogo Mohammad Ali Nikbakht, concordaram com a cooperação agrícola, pecuária e pesqueira. Por sua vez, a primeira vice-ministra da Saúde Pública, drª Tania Margarita Cruz Hernández, e seu homólogo, dr. Seyed Haider Mohammadi, assinaram um plano de ação para a implementação da cooperação no campo da saúde e das ciencias médicas.

Outro plano de ação acordado foi o plano de cooperação nas áreas de telecomunicações, tecnologias da informação, comunicações e serviços postais, selado pelo embaixador cubano, Alberto González Casals, e pelo dr. Mohammad Kansari, vice-ministro e chefe da Organização de Informação e Tecnologia do Irã, bem como o memorando de entendimento entre o Instituto Pasteur do Irã e o Instituto Finlay de Vacinas, assinado pelo dr. Rahim Sorouri e pelo dr. Vicente Vérez Bencomo, diretores-gerais dessas instituições.

Um texto semelhante foi assinado entre o grupo BioCubaFarma e a Tamin Pharmaceutical Investment Company, assinado pelo dr. Eduardo Martínez Díaz, presidente desse grupo empresarial, e Hossain Attar, director-geral do Tpigo Group.

Díaz-Canel também conversou com Mohamad Baqer Galibaf, presidente da Assembleia Consultiva Islâmica, na sede dessa instituição. Seu anfitrião disse que «nossas revoluções lutam contra a injustiça, contra o imperialismo e contra os padrões duplos».

«A visita a Teerã do senhor e a de sua delegação», disse Baqer Galibaf ao chefe de Estado cubano, «é um bom sinal para iniciar o aprofundamento de nossas relações».

Presidente da República Islâmica do Irã, aiatolá Seyyed Ebrahim Raisi e Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba Photo: Estudios Revolución

IRMANDADE E BEM COMUM NA AGENDA DO IRÃ E DE CUBA

Teerã.— A reunião entre o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, Miguel Diaz-Canel Bermudez, com o líder da Revolução Islâmica do Irã, aiatolá Seyed Ali Khamenei, em 4 de dezembro, à tarde, foi como um símbolo para selar a primeira parte de uma visita oficial na qual prevaleceram a fraternidade e o bem comum.

«Devemos aproveitar as capacidades políticas e econômicas existentes entre o Irã e Cuba para formar uma união, uma coalizão entre países que compartilham a mesma posição contra as imposições dos EUA e do Ocidente», disse o aiatolá Khamenei na rede social X.

Aprofundando os vínculos históricos entre os processos iraniano e cubano, o líder da Revolução Islâmica acrescentou que «há 22 anos, encontrei-me com o senhor Fidel Castro. A Revolução Cubana e a figura de Castro sempre tiveram uma atração especial para os revolucionários iranianos, mesmo antes do triunfo da Revolução Islâmica. O motivo era sua sinceridade em suas posições revolucionárias».

Na mesma rede social, Díaz-Canel destacou a honra de ser recebido pelo Líder Supremo da Revolução Islâmica do Irã, Grande Aiatolá Seyed Ali Khamenei, e referindo-se à evocação de seu encontro com o Comandante-em-chefe, ratificou «a vontade de continuar desenvolvendo as relações de amizade e cooperação entre nossos países».