Cuba e São Petersburgo: o exemplo mais vivo de amizade entre dois povos
O presidente Díaz-Canel se reuniu com o governador de São Petersburgo. Iniciou sua agenda oficial na Rússia prestando homenagem aos heróis e mártires do cerco à cidade de Leningrado
Estudantes cubanos dos ensinos médio e superior poderão estudar em escolas de São Petersburgo. Foto: Alejandro Azcuy Dominguez.Photo: Granma
SÃO PETERSBURGO, Federação da Rússia.— «Se alguma coisa distingue o encontro entre russos e cubanos é a proximidade, a alegria, a sensação de eu temos coincidido em algum lugar; uma história comum, marcada por eventos políticos e econômicos; mas também, sobretudo, por afetos familiares, pessoais, lembranças de gerações que podem ir desde uma música, um desenho animado, um filme, um equipamento eletrodoméstico até uma viagem ao cosmos. Uma história comum que é respeitada e honrada em um caminho de dois sentidos: desde a Ilha maior do Caribe até o país mais extenso do mundo».
Precisamente por essa admiração mútua, o presidente Miguel Díaz-Canel iniciou sua agenda oficial no cemitério memorial Piskaryovskoye, onde é cuidada e preservada a memória de 490 mil heróis e mártires do desumano cerco a Leningrado, a cidade que por mais de 900 dias suportou as dores infernais do assédio nazista; diga-se fome, frio, bombardeios diários, morte por todos os lados, e saiu vitoriosa graças a uma resistência que ainda hoje surpreende e que se acabou convertendo em caráter distintivo da alma russa.
Uma oferenda floral em nome do governo e do povo cubanos foi colocada ali pelo chefe de Estado, da mesma forma que o fez durante sua visita a esta bela cidade em 2019.
O presidente caminhou pela avenida principal de 480 metros que conduz até o monumento à Mãe Pátria, onde foram escutados os hinos de ambas as nações e cada elemento da delegação cubana colocou cravos vermelhos, em números pares, tal como é a tradição nesta terra, nas lajes de mármore escura.
O presidente Díaz-Canel, com esses fortes sentimentos que sempre provocam os exemplos de heroísmo, escreveu no livro dos visitantes que novamente estava neste Memorial, no âmbito da comemoração do 80º aniversário da vitória da Grande Guerra Pátria, «para prestar tributo às vítimas dos bombardeios e da fome, e aos heróicos soldados que morreram defendendo esta cidade».
«A heróica resistência dos moradores de Leningrado, perante a fome, o cerco e o frio, enfrentando a maquinaria de guerra nazista, é admirada e respeitada pelos povos do mundo», asseverou.
Díaz-Canel lembrou aqui os jovens cubanos que participaram como combatentes na Grande Guerra Pátria: os irmãos Vivó, que lutaram em Leningrado, e Enrique Vilar, que combateu na Polônia.
«Hoje, quando se tornam frequentes as tentativas de reescrever a história e minimizar o heroísmo da URSS e do Exército Vermelho, e seu papel de protagonista na vitória, queremos patentear aqui que o povo cubano bem conhece a verdadeira história e a contribuição à humanidade da União Soviética e do Exército Vermelho para atingir a vitória, a um alto custo material e humano», destacou.
Destacou que «essa é a verdade histórica, a história demonstra que somente unidos, mediante a cooperação, a solidariedade e a amizade poderemos enfrentar os desafio de hoje e do futuro», afirmou o presidente cubano, nesse sagrado local da Rússia. Lá existem 186 valas comuns que falam do horror do fascismo e da ameaça que hoje paira sobre a humanidade toda.
VISITA QUE FORTALECE CONVICÇÕES E PROMOVE NOVOS COMPROMISSOS
Da mesma forma em que são recebidos os amigos, com um abraço e na porta do lar, o governador de São Petersburgo, Alexandre Beglov, recebeu o presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez, a quem tinha visto recentemente, em novembro de 2024, em sua viagem à Ilha caribenha. Então, o chefe de Estado antilhano lhe dera as boas-vindas no Palácio da Revolução, em Havana, e dali nasceu o convite para esta visita de agora.
Na entrada do Palácio Smolny, um prédio histórico que foi eleito por Lênin como o quartel-geral bolchevique, no decurso da Revolução de Outubro, o governador de São Petersburgo recebeu Díaz-Canel, e depois do abraço ambos os líderes colocaram flores na estátua que se encontra na porta do recinto, que honra a memória do líder do primeiro Estado socialista do mundo.
Depois teve lugar o encontro, que na linguagem diplomática recebe o nome de Conversações Oficiais, e que na prática acabou sendo um diálogo muito próximo. Beglov disse que era uma honra receber o presidente e sua comitiva, «orgulhamo-nos de que seu primeiro destino na Rússia tenha ido nossa cidade», declarou. Depois, qualificou como heróis os três cubanos que morreram durante a Grande Guerra Pátria.
O governador considerou que São Petersburgo desempenha um papel importante nas relações entre Cuba e a Rússia, existindo confiança e respeito mútuo.
Falou do enorme potencial para continuar o caminho da cooperação, referindo-se a linhas importantes como a farmacêutica, a maquinaria, os equipamentos e o fornecimento de matérias-primas. Referiu-se à Medicina cubana como uma das mais progressistas do mundo, e à disposição do seu Governo para compartilhar experiências em especialidade como a Cardiologia, a Pediatria e outras.
Beglov foi enfático com a cooperação na área do ensino médio e superior, nos quais as potencialidades são em enormes. «Estamos prontos para receber estudantes de especialidades técnicas em nossas escolas», afirmou, referindo a um projeto prestes a se concretizar neste ano.
Ao usar da palavra, o presidente Díaz-Canel agradeceu a sensibilidade com que a Rússia atende aos problemas de Cuba; e particularmente sobre os vínculos com a antiga Leningrado, disse que se veio construindo um importante portfólio de trabalho, em vários âmbitos da vida econômica e cultural de ambos os povos.
O presidente referiu-se à proposta de colaborar no setor da Saúde, sobretudo em temas de reabilitação; «temos a capacidade de oferecer esses serviços», afirmou. Igualmente, valorizou como muito positivos os programas de educação relativos a acolher estudantes cubanos em São Petersburgo, e dar treinamento a professores do ensino médio; bem como aumentar as trocas culturais.
Díaz-Canel agradeceu o apoio permanente da Rússia na luta contra o bloqueio dos Estados Unidos à Ilha; e ratificou a condenação às medidas de coerção que Ocidente aplica para punir a Rússia.
O presidente descreveu a situação que enfrenta o país, com carência de alimentos, de medicamentos, problemas energéticos, que afetam a vida econômica e social da nação. Garantiu que o povo cubano não vai se render, tal como fez Leningrado, e «não nos vamos deixar humilhar».
Finalmente, considerou que esta visita fortalece convicções e promove novos compromissos para ambas as partes.
A sessão da manhã de segunda-feira, 5 de maio, concluiu no Palácio Smolny, com a inauguração da exposição Oh, La Habana. Tránsito, com pinturas de artistas russos sobre a vida em Cuba. Depois, o presidente visitou os escritórios nos quais trabalharam, cada um seu tempo e com suas responsabilidade, Vladimir Ilicht Lenin e Vladimir Putin, líderes desta grande nação que por estes dias acolhe Cuba e outros países irmãos do mundo, para a comemoração dos 80 anos da vitória contra o fascismo.
Tal como disse o chefe de Estado cubano, em sua conta na rede social X; «Cuba estará na Praça Vermelha neste dia 9 de Maio. É uma honra».
O apoio à luta contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos, com desbordadas manifestações de solidariedade em cidades de todas as latitudes; o rechaço mundial à incluso na lista de países patrocinadores do terrorismo, e a profunda e coerente presidência do Grupo dos 77 mais a China, elevaram ainda mais o prestígio de Cuba em suas relações com o mundo