
Rio de Janeiro, Brasil. — «A luta por uma mídia justa, plural e soberana no Sul não pode se limitar ao aspecto técnico ou profissional: é uma tarefa política, cultural e civilizacional».
Esta foi a afirmação de Marydé Fernández López, membro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e vice-chefa do seu Departamento Ideológico, em discurso a quarta-feira, 16 de julho, no 7º Fórum de Mídia do Brics. Ela enfatizou que, por meio do bloco, podemos «contribuir para transformar a ordem global atual e tornar o planeta um lugar mais seguro, inclusivo, próspero, sustentável e culturalmente diverso».
Enfatizou que um dos principais fronts dessa batalha é a comunicação, visto que a guerra cognitiva se tornou uma ferramenta central de controle geopolítico.
A mídia dos BRICS — e do Sul Global como um todo — tem o dever histórico de cooperar para romper o bloqueio informativo, democratizar a produção de sentido, defender a verdade do povo e desafiar a narrativa mundial. Essa responsabilidade não é secundária nem ornamental: é estratégica.
Fernández López afirmou que Cuba pode contribuir ativamente para esse objetivo, visto que sua resistência midiática «não é apenas um ato de dignidade, mas também uma escola para os Brics na construção de uma estratégia de comunicação a serviço de nossos povos».
Nesse sentido, reiterou a disposição de Cuba de integrar esforços comuns para:
• Criar uma infraestrutura digital soberana.
• Promover marcos legais e políticas públicas que democratizem o acesso à comunicação e promovam mídias sem fins lucrativos, comunitárias e educacionais.
• Fomentar redes de formação e cooperação entre jornalistas do Sul.
• Construir uma narrativa global do Sul que unifique lutas díspares, visibilize experiências bem-sucedidas e fortaleça a autoestima coletiva diante do colonialismo cultural.
• Promover a educação midiática emancipatória.
• Estabelecer intercâmbios Sul-Sul para formar jornalistas e comunicadores com uma perspectiva crítica e anticolonial, comprometidos com a transformação social.
• Promover redes continentais e transcontinentais de colaboração entre mídias populares, públicas e alternativas do Sul.
• Criar repositórios compartilhados de notícias, imagens e dados para facilitar a cobertura colaborativa de questões importantes.
• Desenvolver agências de notícias regionais com foco próprio.
• Enfrentar a guerra midiática e a desinformação com nossas capacidades. Criar centros digitais de monitoramento e análise do discurso, capazes de detectar operações midiáticas, bots, campanhas algorítmicas e tendências artificiais em tempo real.
A vice-chefa do Departamento Ideológico do Comitê Central do Partido acrescentou que Cuba se unirá a todos os esforços do Fórum de Mídia do Brics «para que a verdade seja respeitada e cessem as mentiras, o ódio, a manipulação e a violência nas redes sociais e outros espaços públicos de comunicação».
«O desenvolvimento que o Sul precisa não pode seguir os moldes impostos pelo Norte», concluiu.





