ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

NÃO é necessário o requinte dos hotéis e suas respectivas estrelas para encher-se de prazeres em uma experiência turística. “Naquelas pequenas coisas” às que canta Joan Manuel Serrat, está o charme da singeleza tranquilidade e o valor do singular. Para aqueles que amam os ambientes naturalmente aconchegantes um local ideal é o número 167 da rua Colón, na cidade de Santa Clara.

Como anfitriões esperam ali, na Pousada Jover, Mirtha e Denis. Ela sabe de economia; ele de arquitetura; ambos, de hotelaria. Juntos fazem do local construído em 1867, por uma das famílias mais ilustres de Villa Clara, o lar de franceses, alemães e suíços, que principalmente ficam por pouco tempo, porque usam o centro do país para viajar a outras cidades.

Menção à parte merece um dos outrora proprietários da casa. De raízes catalãs, foi o astrônomo Julio Jover Anido, fundador de um Front Patriótico, em 1894, e dono de um dos primeiros e mais avançados observatórios que existiu em Cuba.

Jover Anido, tio-avô da Mirtha, também colaborou com os Centros de Furacões de Miami, Washington e Porto Rico.

No dizer de Denis López, “a pousada possui uma enorme atração. Sou das pessoas que acredita que as edificações têm seu espírito e, por isso, há lugares aos quais vai pela primeira vez e sente como se tivesse estado neles toda a vida”.

Contudo, é o serviço o que mais destaca da hospedaria, que em 2014 recebeu o reconhecimento à Excelência, outorgado pelo site TripAdvisor e distinto, no passado ano, com o Prêmio à Qualidade que o Sindicato de Hotelaria e o Turismo outorgou a 25 instalações da Ilha.

De acordo com este trabalhador independente, “qualquer um tem uma boa casa, mas não um serviço de excelência. Tem que enfatizar nessa cultura do detalhe, que costuma ser tão difícil de conseguir. Dos pouco mais de dez trabalhadores com que contamos 70% deles são profissionais”.

Aberta há exatamente oito anos e sendo também restaurante, a hospedaria teve como primeiros clientes dois estadunidenses. Segundo rememora López, “pediram ceia e não havia nada na geladeira. Houve que sair e resolver a comida com alguns amigos para poder atendê-los. Pouco depois, abrimos quartos até completar três, que era o máximo permitido então. Depois, as leis mudaram e chegamos aos cinco que existem hoje”.

Ter conhecido a Europa os ajudou a melhorar visualmente o negócio e, por isso”, significa o trabalhador não estatal, “agora temos uma casa colonial ambientada como uma espécie de taverna, algo ao que na Itália denominam ‘tractoria’”.

Grande aceitação tem nessa iniciativa privada o serviço à camponesa, que oferece diversas classes de pratos principais, entre os quais destaca o frango ao mel, cuja receita é presenteada a cada comensal.

“No fim dos almoços, como sobremesa, temos um intercâmbio com os visitantes sobre a origem da casa, da família, etc.”, afirma López. Entretanto, as agências turísticas confirmam que o lugar tem ampla aceitação.

Por outro lado, expressa: “o frango ao mel que se come aqui é como um achado saído de minha vontade de experimentar. Aprendi a cozinhar há tempo, porque não gostava do que preparava minha avó para almoçar, antes de ir à universidade”. Esse prato, inclusive, recebeu o reconhecimento de uma importante guia gastronômica porque busca fazer algo diferente dentro da cozinha cubana.

Em janeiro de 2016, com o interesse de não abrir para todo o mundo, mas apenas para 20 pessoas que enviaria a Agência Celimar, em parceria com Havanatur, foi inaugurado o restaurante da Pousada Jover.

Denis López lembra que, inicialmente “temíamos que a abertura do restaurante contaminasse a tranquilidade da pousada, o ambiente de paz, etc., mas tudo correu bem e estamos esperando maior entrada de hóspedes norte-americanos. Tenho clientes que vieram três e até cinco vezes, porque conosco se sentem em família”.