
UM navio no qual tremule a bandeira de qualquer nação não pode entrar em um porto estadunidense se leva na tripulação um marinheiro cubano. Ou falando direto, pode. Mas deve estar disposto a pagar uma quantia de 1,5 mil dólares diários por cada um destes tripulantes, os quais, aliás, são impedidos de descer à terra.
Eis uma das leis mais absurdas que contém o bloqueio. Uma lei que, hoje em dia, impede a Cuba enrolar mensalmente 500 marinheiros em embarcações comerciais. Isto, adicionado ao fato de que um navio que ancore em um porto cubano deve esperar um mínimo de 180 dias para tocar em um porto norte-americano, causa, logicamente, que nem todas as embarcações de fora estejam dispostas a chegar ao nosso país.
Assim, das 1,1 mil capacidades portuárias com que conta a Ilha (anualmente) para admitir escalas de cruzeiros, hoje, pelas afetações do bloqueio, são ocupadas apenas 11%. Este fato representa para Cuba uma perda anual de US$ 149,5 milhões, segundo dados oferecidos à imprensa pelo diretor-geral do grupo empresarial do transporte marítimo portuário Juan Carlos González Zamora.
“O desempenho de uma entidade adjacente se vê afetado, também, pelo bloqueio”, explicou o diretivo. Exemplo disso são os agentes consignatórios, os quais gerem as necessidades dos navios nos portos, diante das autoridades cubanas. É lógico, quando há menos navios ancorados, há menos necessidades. E uma perda anual aproximada de US$ 2,2 milhões para o país.
Da mesma maneira, o bloqueio afeta grandemente o setor portuário em termos de reparação e manutenção dos equipamentos. A esse respeito, González Zamora explicou que a dita política limita, por exemplo, o acesso a sites de internet que proporcionam informação técnica atualizada. Esta informação facilitaria os processos de reparação, contudo temos que obtê-la por terceiros países, o qual estende o tempo e encarece as reparações.
Apesar disso — conclui — os trabalhadores do sistema marítimo portuário estamos dispostos a resistir outros 50 anos de bloqueio se fosse necessário; sem abrir mão de nossa dignidade; sem jamais ajoelhar-nos.