ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

O Grande Caribe, outrora espaço disputado pelas grandes potências coloniais europeias e lastrado ainda por expressões de neocolonialismo, tenta forjar um destino comum em meio de uma diversidade, legada por componentes europeus, africanos e asiáticos, os que têm feito desta região um mosaico étnico-cultural inigualável que tem na Associação dos Estados do Caribe (AEC), uma de suas ferramentas principais, no difícil caminho para vencer a pobreza e o subdesenvolvimento e alcançar o almejado progresso econômico-social justo, equitativo e sustentável.

O turismo, o comércio e o transporte foram identificadas como as três grandes prioridades da AEC desde a primeira reunião de chefes de Estado e de Governo, realizada em 1995, em Trinidad e Tobago.

E é que precisamente esta organização surgiu para a consulta, o fortalecimento da cooperação regional e do processo de integração e a ação combinada, com uma abordagem atual centrada nos três mencionados eixos, junto à redução dos riscos dos desastres naturais; além de ter grande interesse na preservação do Mar do Caribe, visto como o principal patrimônio dos povos desta extensa zona.

Neste plano suas sinergias vão encaminhadas à criação de um espaço econômico ampliado, que contribua para incrementar a competitividade nos mercados internacionais e a facilitar a participação ativa e coordenada da região nos fóruns multilaterais, com voz própria.

Nascida em 24 de julho de 1994, em Cartagena de Índias, Colômbia, após a assinatura de seu Convênio Constitutivo, a AECentrou em funções em 17 de agosto do ano seguinte, na primeira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, com sede em Trinidad e Tobago, onde se encontra suasede operativa. Atualmente, é formada por 25 Estados membrose sete membros associados.

Em seu seio convergem nações pequenas e grandes, elas todas unidas pelo mar do Caribe, mas com patamares de desenvolvimento econômico, extensão territorial e população muito dispares. Dessa forma, pertencem à AEC os membros da Comunidade do Caribe (Caricom), os doSistema de Integração Centro-americana (SICA), o Grupo dos Três (México, Venezuela e a Colômbia), Cuba e Suriname.

UM NOVO DESEMPENHO

Para os especialistas, incluído o professor e diplomata colombiano Alfonso Múnera, secretário-geral que termina o mandato na AEC, a Associação no último lustro registrou uma revitalização, com a renovada vontade dos Estados membros, a partir de 2011, e de maneira muito especial a das autoridades haitianas, as quais serviram de sede, em 2013 da Cúpula de Chefes de Estado, com a reativação dos mecanismos de concertação.

Justamente, em 19 de janeiro último teve lugar na cidade de Pétion-Ville, Haiti, a 21ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da AEC e nesse encontro Cuba assumiu a presidência da mesa diretiva do Conselho de Ministros da organização, para o período 2016-2017.

Ainda, foi aprovada a proposta cubana para a convocatória, no decurso do primeiro semestre deste ano, da 7ª Cúpula da AEC a ser efetuada em Havana.

As relações de Cuba com o Caribe gozam de um excelente estado e têm uma alta prioridade para sua política exterior. Neste sentido, existem altos níveis de cooperação com os 25 estados membros da AEC, em temas de política social como saúde e educação e se oferece apoio no desenvolvimento de determinada infraestrutura.

A Ilha maior das Antilhas sempre reiterou o firme compromisso de continuar a revitalização da agenda da AEC sobre a base de seus princípios de criação, bem como a vontade de afiançar os esforços de unidade e cooperação de nossa região, ajudando a que a Associação seja capaz de contribuir para unificar esforços, com o fim de assegurar, resolver e enfrentar os principais problemas do Caribe.

“Cuba é um aliado incondicional e entusiástico das tarefas da organização e entende perfeitamente o potencial da AEC para a implementação de programas estratégicos na área do Caribe”, afirmou em uma entrevista para o jornal Granma o diplomata colombiano Alfonso Múnera, quem marcou presença, como convidado especial, na Festa do Fogo de Santiago de Cuba, em julho do ano passado.

A esse respeito ao encerrar, em 29 de dezembro passado, o 6º Período Ordinário de Sessões da 8ª Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular, o presidente Raúl Castro expressou: “No próximo mês, Cuba assumirá a presidência da Associação dos Estados do Caribe, sob o compromisso firme e invariável com a causa da unidade e a integração latino-americana e caribenha”.

O TURISMO SUSTENTÁVEL COMO EIXO CENTRAL DA AEC

De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), em meados desta década, 12 dos 20 principais destinos turísticos da América e 13 dos 20 países com maiores ingressos por esse conceito eram localizados no Grande Caribe, segundo destacou a agência IPS.

Em algumas das pequenas ilhas caribenhas, o número de turistas que entra anualmente supera a população local, como é o caso das Ilhas Cayman, que com 30 mil habitantes recebe no ano 610 mil visitantes.

A informação precisa que fontes do Centro de Estudos Demográficos da Universidade de Havana advertem que só com a implementação de medidas que garantam a preservação do ambiente poderá deter-se o impacto de 100 milhões de turistas cada ano na subregião.

A partir desta realidade, onde ao menos 10 dos 25 países membros dependem do turismo, esse setor constitui a principal atividade econômica para a maioria dos países do Grande Caribe.

Daí que os especialistas considerem que é crucial tanto a importância da sustentabilidade da chamada indústria do lazer, como base para a proteção da cultura e o meio ambiente, como o melhoramento da distribuição dos benefícios derivados de seu desenvolvimento.

Um ponto importante neste esforço o constituiu, em 6 de novembro de 2013 a entrada em vigor do Convênio para o Estabelecimento da Zona de Turismo Sustentável do Caribe (ZTSC).

O estabelecimento da ZTSC traz muitos benefícios para os países e, sem dúvida, para a região. Não somente as nações serão beneficiadas ao formarem parte da Primeira Zona de Turismo Sustentável do Mundo, o qual representará uma vantagem competitiva sobre outros destinos turísticos, mas esta iniciativa posicionará a área como líder na nova era do turismo responsável.

A ZTSC será baseada nos princípios da sustentabilidade, a integração, a cooperação e o consenso. Pretende assegurar a expansão deste setor em longo prazo.

A AEC parte da possibilidade de contar com ofertas turísticas complementares, como as praias caribenhas, as ruínas astecas do México e vários lugares declarados Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Esta diversidade coloca as bases para o impulso do multidestino e a cooperação como parte de uma estratégia de desenvolvimento que pretende incluir o setor público e o privado.

O TRANSPORTE, DESAFIO COMPLEXO

Ligar o Caribe, criar rotas de transporte, é um dos maiores problemas que têm as ilhas do Caribe se se quer dar impulso ao turismo de multidestino. Segundo os especialistas, esse é o desafio mais difícil de todos, pois dependem não só de políticas públicas, mas das companhias aéreas e do mercado.

Daí o apoio aos objetivos de um programa para “Unir por ar e por mar” os países da AEC, como resposta à ausência de um sistema de transporte aéreo regular, efetivo e econômico que garanta o desenvolvimento do multidestino turístico e contribua, ao mesmo tempo, à consolidação de um espaço para o comércio e os empreendimentos.

A AEC constitui, sem dúvida, uma família inseparável, unida por um destino comum.

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• Os Estados membros da AEC são: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e as Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago e a Venezuela.

Membros associados: Aruba, Curaçau, Guadalupe, Martinica, Sint Maarten, França, em nome da Guiana Francesa, São Bartolomé e São Martín; e os Países Baixos, em nome de Bonaire, Saba e Sint Eustatius.

Os Países observadores são: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Coreia, Equador, Egito, Eslovênia, Espanha, Finlândia, Índia, Itália, Marrocos, Peru, o Reino dos Países Baixos, Reino Unido, Rússia, Sérvia, Turquia e a Ucrânia.