O semanário Granma Internacional entrevistou o diretor superintendente em Cuba da maior companhia latino-americana de Engenharia e Construção, a organização Odebrecht, Mauro Hueb, quem explicou que sempre que chegam a um país pela primeira vez, eles têm a missão de se integrar na agenda construtiva dessa nação, para tornar-se numa empresa local e perdurar ali.
Sob essa linha de trabalho bem definida, a entidade de origem brasileira, com mais de 70 anos de existência e que há quatro décadas se expande a mais de vinte países de América Latina e o mundo, atua não apenas no ramo da engenharia e Construção, mas também: Imobiliários, Engenharia Ambiental, Energias Renováveis, Defesa e Tecnologia, Petróleo e Gás, Química e Petroquímica.
Após conhecer Cuba, em 2008, a Odebrecht começou a efetuar operações no campo nacional participando da construção do porto do Mariel, o qual deixou inaugurado no ano 2014, e há aproximadamente duas semanas fez sua inscrição oficial como uns dos usuários da Zona Especial de Desenvolvimento (ZED), localizada em Artemisa a 45 quilômetros de Havana.
DE EMPREITEIRO A USUÁRIO
Segundo o dizer de Hueb, a Odebrecht considera que faz parte da história da ZED e quer permanecer fazendo parte dela. Destaca que “chegou ao Mariel quando a Zona era só um sonho, foi gerido o crédito com o Brasil, feita a mobilização da obra, depois de capacitar profissionalmente quase oito mil pessoas contratadas de áreas próximas”.
Por isso, de acordo com o responsável da firma sul-americana, eles consideram ter sido a primeira empresa em ter posto “um pé” em Mariel e é uma honra atingir a categoria de usuário daquilo que ajudaram a construir, em parceria com Cuba.
Ao mesmo tempo, ressaltou que pertencer à ZED, agora como uma empresa com capital totalmente estrangeiro, constitui um reconhecimento por parte do governo cubano pelo realizado no porto do Mariel e uma oportunidade de se unir ao desenvolvimento da Ilha.
Caracterizado por utilizar uma estrutura descentralizada, inclusive para soluções integradas e inovadoras, a Odebrecht se aproximou inicialmente a Cuba para participar das obras do porto do Mariel, momento em que começou a estudar as fortes potencialidades do país e começou a entender o processo de atualização econômica.
Segundo relembra Mauro Hueb, chamaram sua atenção as consultas populares às quais foram submetidas as Diretrizes econômicas e perceberam que Cuba se prontificava para um crescimento econômico futuro, sem pressa, com uma base sólida e séria, corretamente sustentada.
“Existe a certeza de que, tal como acontece até hoje, a ZED atrairá os investidores de todas as regiões do mundo. Acontece que, nos últimos meses, muitos presidentes e empresários de múltiplos países do mundo a visitaram” acrescentou Hueb.
Em outra ordem, o líder da Odebrecht na Ilha ressaltou a quantidade e qualidade provada de pessoal cubano, em todas as especialidades, desde operários e técnicos até profissionais e administrativos. “Estivemos em vários países, mas os trabalhadores daqui ressaltam porque têm referentes de capacidade muito altos, respeito ao nível cultural, à disciplina e à facilidade para se formarem”.
OPORTUNIDADES
Apoiada pelos benefícios fiscais, claramente expostos no Decreto/Lei 313, a Odebrecht oferecerá serviços de Engenharia e Construção aos investidores nacionais e internacionais que cheguem à ZED, e caracterizando-se sempre por sua capacidade de entregar suas obras sem atraso e com qualidade. Se bem a engenharia e a construção será o principal enfoque da Odebrecht, também pretende disseminar em Cuba cada linha de negócios que possui.
De igual maneira, o especialista ressalta a possibilidade com que conta a Odebrecht de oferecer uma cadeia completa de serviços, com a incorporação de atividades demandadas pelos clientes: o apoio nos financiamentos, o estudos de factibilidade, a execução e a operação assistida.
Acerca dos outros interesses no Mariel, o especialista informou que já foi solicitado um projeto com capital inteiramente estrangeiro ou misto para a indústria do plástico, que a Odebrecht já desenvolve em outros países com a produção de resina.
Também se valoriza o investimento na ZED para o tratamento de resíduos industriais, naquilo que seria uma iniciativa ambiental para converter esses resíduos em água que possa ser reutilizada no processo industrial, significou Hueb.
Percebendo que uma das premissas do país é a substituição de importações, o dirigente salientou duas grandes oportunidades: o mercado nacional, já que será excelente produzir em Cuba para o futuro consumo local e outra questão é que poderia contar com o mercado consumidor no Caribe, América Central e outros.
O que persegue o investidor é isso, ratificou Hueb: adicionar valor aos seus produtos, ter um mercado consumidor e poder exportar suas mercadorias para outros destinos. Com um design muito apropriado, a ZED satisfará as exigências logísticas para criar produtos competitivos, com um custo muito econômico.
Fora do Mariel, a Odebrecht iniciará, daqui a pouco, a construção de um novo terminal no aeroporto internacional “José Martí”, ideia gigantesca que duplicará a capacidade da estação de voos internacionais. Também tem assinado com Azcuba um contrato de administração produtiva para a usina açucareira 5 de Septiembre em Cienfuegos.
