ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

PELA primeira vez, o Concurso Internacional Habanosommelier convocou oito vencedores de edições anteriores do certame para eleger um grande mestre, em meio do principal encontro do charuto Premium (feito à mão).

Organizada em três sessões, a concorrência aglutinou participantes de Cuba, Chile, México, Brasil e Espanha, todos especialistas na arte de catar, combinar e propor charutos com bebidas ou alimentos.

Com 51 anos e prévios reconhecimentos nacionais e internacionais, o sommelier cubano Juan Jesús Machín obteve o prêmio “Mestre de Mestres”, durante o 28º Festival do Charuto Havana.

Para quem assiste ao encontro desde 2008 e trabalha no Cigar Bar do Hotel Quinta Avenida, situado em Havana, a distinção outorgada é uma recompensa à dedicação e ao compromisso que exigem os charutos.

“Para ser um habanosommelier, explica Machín, é preciso ter horas de estudo e pesquisa constante. Trata-se de uma profissão que defende a identidade cultural cubana e que se sustenta em um discurso do conhecimento”, significa.

“Se se quer dar um serviço de alta qualidade e promover esse grande produto que é o charuto havana, a pessoa tem que se esforçar muito. Tem que se converter em um conhecedor integral de tudo o que é a gastronomia: vinhos, comidas, charutos. É um mundo maravilhoso, mas também muito amplo e novo”, garante.

Ao definir o Festival Internacional do Charuto Havana como uma ponte necessária e ideal, Machín refere que, de acordo com o terceiro descobridor de Cuba Fernando Ortiz, o charuto constitui um elemento transculturador, “que traz paz, comunicação e alimento à espiritualidade humana”.

Segundo conclui o especialista, “dizem alguns que o charuto havana é nocivo para a saúde, mas eu digo que se a gente fumar com responsabilidade, sem abusar, pode desfrutar de algo tão belo como as mulheres”.

De outra óptica o responsável do júri, José Ilario, afirma que foi complicado deliberar, porque os concorrentes eram muito bons. Além de elogiar a criatividade e o conhecimento dos sommeliers, o especialista espanhol destaca que o Festival é único e tem vantagem sobre outras iniciativas parecidas.  

O habanosommelier brasileiro Walter Saes, que ocupou a quarta colocação do concurso, acrescenta que foi um evento muito exigente e que durante dois meses se preparou, degustando diariamente quase 300 destilados.

Entregue ao universo dos Havanas desde 2005, Saes realiza treinos e ministra aulas sobre os charutos Premium em uma escola que criou no Brasil, ao tempo que mantém o vínculo com as três Casas do Charuto que existem nesse país sul-americano.

“A riqueza de um habanosommelier está na atualização do aprendido e na harmonização que pode conseguir-se entre os charutos e infinitas bebidas. Por exemplo, levam-se mais em conta as comidas quando os clientes não são fumantes experientes”, ressalta o jovem mestre.

Após sua décima visita à Ilha, este especialista continua surpreendido pois ainda se mantêm técnicas tradicionais na confecção de charutos, enquanto outros lugares do mundo utilizam a tecnologia, mas não obtém produtos com sabores similares aos cubanos. “Aqui existe o clima, o solo, as variedades e as pessoas perfeitas para fomentar essa cultura”.