
(Tradução da versão estenográfica do Conselho de Estado)
Boa tarde, presidente Castro; ao senhor, ao governo de Cuba e ao povo de Cuba, expresso meu agradecimento pelas boas-vindas estendidas a mim e a minha família e a minha delegação.
Por mais de meio século ver um presidente dos EUA aqui em Cuba era algo impensável, mas este é um novo dia: é um novo dia entre os nossos dois países. Com sua permissão, senhor presidente, eu vou sair um pouco do assunto, porque durante este fim de semana eu recebi a notícia de que um dos nossos fuzileiros, de Temecula, na Califórnia, morreu no norte do Iraque e foi um soldado honrado. Nós ajudamos o governo iraquiano com o problema do grupo terrorista... e quero enviar meus pensamentos, minhas orações a todos os feridos também. Isso é algo que aconteceu na medida em que nós nos embarcávamos nesta viagem histórica, tão emblemática, tivemos tropas de nossas forças armadas que sacrificaram suas vidas pelas nossas liberdades.
Minha esposa, Michelle, e as nossas meninas vieram. Minhas meninas nem sempre querem vir conosco, eles são adolescentes, mas queriam vir para Cuba, apesar de deixar para trás amigos e adolescentes, porque elas sabiam que nós queríamos mostrar-lhes a beleza de Cuba e dos cubanos.
Nós realmente ficamos animados ao ver os cubanos que nos receberam ontem sorrindo, acenando, quando estávamos saindo do aeroporto. Agradecemos, também, a oportunidade de também conhecer Havana Velha e também comer a excelente comida cubana. A visita à Catedral nos fez lembrar os valores compartilhados: a fé profunda que sustenta tantos cubanos como norte-americanos, e também me deu a oportunidade de expressar minha gratidão ao cardeal Ortega, quem, juntamente com Sua Santidade o papa Francisco, muito fizeram para apoiar que fossem melhores as relações entre nossos governos. E nesta manhã tive a honra de prestar homenagem a José Martí, não só por seu papel na independência de Cuba, mas também por aquelas palavras tão profundas que ele expressou apoiando a liberdade em todos os lugares.
Trago comigo as saudações e a amizade dos estadunidenses. Nesta viagem eu trouxe comigo 40 membros do Congresso, democratas e republicanos, é a maior delegação que houve durante minha presidência, o que indica o entusiasmo e o interesse dos Estados Unidos em relação ao processo que estamos empreendendo. Estes membros do Congresso reconhecem que nosso novo relacionamento com o povo de Cuba é de interesse para ambas as nações. Além disso, acrescentam-se ao grupo líderes empresariais, empreendedores, os que estão, basicamente, à procura de novas oportunidades de negócio que vão criar empregos e oportunidades para cubanos e norte-americanos.
Também estou satisfeito de que tenham vindo nesta viagem muitos cubano-americanos; para eles e para os mais de dois milhões de cubanos-americanos orgulhosos este é um tempo que está cheio de emoção. Desde que facilitamos as viagens entre nossos países, maior número de cubano-americanos está voltando para casa, e para muitos este é um tempo de uma nova esperança para o futuro.
Portanto, presidente Castro, eu quero agradecer-lhe pela cortesia e este espírito de abertura que tem mostrado durante nossas conversações. Em nossa reunião no Panamá, no ano passado, o senhor disse que iria falar sobre tudo, com a sua compreensão, talvez, vou falar mais do que eu normalmente faria. O presidente Castro sempre faz piadas comigo, piadas sobre quanto tempo podem durar os discursos dos irmãos Castro, mas vou me estender um pouco mais que o senhor, contando com a vossa compreensão.
Temos de atualizarmo-nos com meio século de trabalho. Nossa apreciação crescente em Cuba é norteada por um papel principal que é avançar nos interesses mútuos dos dois países, incluindo e melhorando a vida dos nossos cidadãos, cubanos e norte-americanos, e é por isso que eu estou aqui. Como eu sempre digo, depois de mais de cinco décadas de relações difíceis entre os nossos governos, isso não vai ser transformado da noite para a manhã; continuamos — tal como indicou o presidente Castro — tendo diferenças muito sérias, incluindo a democracia e os direitos humanos. O presidente Castro e eu tivemos conversações francas e honestas sobre estas questões.
Os Estados Unidos reconhecem o progresso que Cuba tem tido como nação, incluindo conquistas extraordinárias em educação e saúde, e talvez o mais importante, eu digo, é que o destino de Cuba não vai ser decidido nem pelos Estados Unidos nem por outra nação. O futuro — que é soberana e tem todo o direito de se orgulhar do que tem — será determinado pelos cubanos e por mais ninguém.
Ao mesmo tempo — o que fazemos quando viajamos pelo mundo todo — ficou claro que os Estados Unidos continuarão falando, defendendo a democracia, incluindo o direito que tem o povo cubano de decidir seu próprio futuro. Também vamos votar a favor dos direitos humanos universais, o direito de expressão e de religião, e amanhã vamos falar com os líderes da sociedade civil em Cuba.
O presidente Castro também se referiu ao que ele viu, quais são as limitações que possa haver nos Estados Unidos sobre as necessidades básicas para as pessoas, desigualdade, as relações raciais, e nós acolhemos com satisfação qualquer diálogo que seja construtivo, uma vez que pensamos que quando compartilhamos nossas ideias e nossas crenças mais profundas com uma atitude de respeito mútuo, podemos, então, trabalhar bem e melhorar a vida de nossos povos. E parte da normalização das relações significa que vamos falar sobre essas diferenças diretamente.
Estou satisfeito de que nós tenhamos concordado de que nosso próximo diálogo sobre Direitos Humanos Estados Unidos-Cuba seja aqui em Havana, neste ano, e nossos países receberão visitas de peritos independentes das Nações Unidas, como combater o tráfico humano, concordando que é uma flagrante violação dos direitos humanos.
Apesar de falar sobre essas diferenças, nós pensamos que podemos fazer progressos nas áreas que temos em comum.
Presidente, o senhor disse no Panamá que, talvez, nós possamos estar em desacordo em alguma coisa hoje, mas talvez no mesmo vamos concordar amanhã, e isso, com certeza, tem sido o caso nos últimos 15 meses e nos dias que precederam esta visita. E hoje posso informar que estamos avançando, quando estamos verdadeiramente normalizando as relações.
Também estamos facilitando maiores oportunidades para que os norte-americanos possam viajar a Cuba e interagir com os cubanos, um número crescente de estadunidenses tem aumentado este ano, e, então, nesta semana demos a aprovação para que cidadãos norte-americanos possam vir para viagens educacionais.
Linhas aéreas norte-americanas começarão voos comerciais diretos este ano. E com o anúncio de Segurança Portuária da semana passada, realmente nós removemos um grande obstáculo para resumir tudo aquilo que são cruzeiros e serviços de overcrafts. Isso significa que teremos mais americanos que poderão apreciar a incrível história do povo cubano.
Estamos avançando com mais comércio. Com apenas 90 milhas nos separando, somos parceiros comerciais naturais.
Na semana passada nós demos outros passos, permitindo que o dólar norte-americano possa ser usado mais amplamente em Cuba, dando aos cubanos maior acesso ao dólar nas transações internacionais e permitindo que os cubanos nos EUA possam ganhar salários. Isso irá gerar mais oportunidades de comércio e empresas em parceria.
Congratulamo-nos com o anúncio importante de Cuba que pensa acabar com o gravame de 10% no uso do dólar, o que levará ao aumento do comércio e das viagens. E estes são passos que, realmente, mostram maior abertura.
Com esta visita também concordamos alargar nossa cooperação na agricultura, para apoiar nossos agricultores e pecuaristas.
Nesta tarde falarei sobre os novos acordos comerciais que estão fazendo novas empresas americanas, e continuo pedindo ao Congresso para levantar o embargo comercial.
Falei também com o presidente Castro os passos que exortamos que Cuba dê para permitir que haja maior número de empresas em parceria e que também as empresas estrangeiras possam contratar diretamente os cubanos.
Estamos fazendo progressos nos esforços para conectar mais cubanos à Internet na economia global. Sob o presidente Castro, o objetivo de Cuba é levar ao mundo ao cubano online.
Nessa palestra da tarde falarei sobre os passos adicionais para ajudar os cubanos a aprender, a inovar e fazer negócios on-line, porque no século XXI nenhum país pode ter sucesso se os cidadãos não têm acesso à Internet.
Estamos avançando com mais intercâmbios educacionais. Graças ao apoio generoso da comunidade cubano-americana posso anunciar que minha iniciativa ‘One hundred thousand’... vai oferecer novas oportunidades para os estudantes universitários que estudam no exterior. Teremos também mais norte-americanos em instituições educativas cubanas e, vice-versa, cubanos nos Estados Unidos. Teremos também disponíveis para os estudantes cubanos mais bolsas de estudo e mais rotações e também, em parceria com o governo cubano, vai haver mais aulas de inglês para os professores cubanos, tanto on-line como em Cuba.
Hoje mesmo, quando os cubanos estão preparados para a chegada dos Rolling Stones, nós vamos continuar com mais eventos e intercâmbios, para fundir ainda mais os cubanos e norte-americanos.
Estamos realmente animados com o jogo de beisebol, que terá lugar amanhã entre o Tampa Bay e a seleção nacional de Cuba.
Estamos também avançando com ações em saúde, ciência e meio ambiente.
Tal como as equipes norte-americanas e cubanas que trabalharam juntas no Haiti contra a cólera e na África contra o Ebola, eu quero felicitar os médicos cubanos que concordaram e assumiram essa tarefa tão dura de salvar vidas na África Ocidental conosco e com outras nações, e agradecemos sua tarefa. Nossos profissionais norte-americanos também cooperarão em novas áreas, impedindo a propagação de vírus tais como o Zika e também liderando novas pesquisas em vacinas contra o câncer.
Nossos governos também vão trabalhar de mãos dadas para proteger os belos oceanos nesta região que compartilhamos. Como países ameaçados pelas mudanças climáticas, eu penso que podemos trabalhar de mãos dadas para proteger as comunidades em zonas costeiras de baixa altitude, e eu estou convidando Cuba para se juntar a nós e a nossos parceiros no Caribe e na América Central para que participem da Cúpula Regional da Energia, nesta primavera, em Washington.
Eu também quero discutir sobre maior cooperação em matéria de segurança nacional. Estamos trabalhando para aprofundar a nossa coordenação na aplicação da lei, especialmente contra os narcotraficantes que ameaçam ambas as nações.
Quero agradecer ao presidente Castro por ter facilitado as conversações de paz entre a Colômbia e as FARCs, e estamos otimistas de que os colombianos possam alcançar uma paz justa e duradoura.
Também falamos sobre a Venezuela. Eu acho que toda a região tem interesse em um país arrastando seus desafios comerciais, que responde às aspirações de seu povo e que é uma fonte de estabilidade na região. Esse é o interesse que eu acho que todos nós devemos compartilhar.
Mais uma vez, presidente Castro, eu quero agradecer-lhe por me ter recebido aqui. E é justo dizer que os Estados Unidos e Cuba estão agora participando em muitas mais áreas do que já foi visto em mais de meio século. Enquanto os dias passam, mais americanos estão vindo para Cuba, mais empresas, escolas, grupos religiosos estão trabalhando aqui para forjar mais aliança com os cubanos; e mais cubanos estão se beneficiando das oportunidades que vai trazer esta viagem para o comércio.
Então, basicamente, não temos de nadar entre os tubarões, a fim de atingir os objetivos que nos temos proposto e, tal como eles dizem aqui em Cuba, avançar na frente. Vamos nos concentrar no futuro e estou confiante de que se mantivermos este caminho poderemos oferecer um futuro que seja melhor e mais brilhante para os cubanos e para os norte-americanos.
Muito obrigado.
(Versão da intepretação simultânea)







