ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
A decoração de interiores constitui um dos principias serviços oferecidos à hotelaria e ao turismo.

EMBORA Ariel Balmaseda fosse artista por quase duas décadas, assegura sentir-se melhor como empresário. Com experiência prévia nos negócios independentes, este fotógrafo natural de Jatibonico elogia os benefícios deste setor não estatal para a sociedade. “O cooperativismo permite que um coletivo de parceiros seja dono de uma pequena empresa, que oferece maior estabilidade econômica e proteção absoluta”.

Líder da primeira cooperativa não agropecuária (CNA) que teve Matanzas, afirma ter a certeza que não possuía quando era trabalhador independente. “Hoje cobro menos, mas estou muito mais tranquilo”.

Aprovada a experiência inicial das CNAs e após uma análise dos grupos de criação artística que existiam em Cuba, a Comissão de Implementação e Desenvolvimento das Diretrizes escolheu “Decorarte” como a única iniciativa dedicada à publicidade e ao design gráfico e industrial para decoração de espaços interiores.

“Assim começou um processo de acomodação e de seleção do mercado. Foi difícil colocar-nos porque ao setor turístico custou trabalho assimilar outra forma de gerir. A “Decorarte” nasceu como a única entidade não estatal da Península de Icacos, aberta para trabalhar com qualquer empresa ou pessoa. Não há diferença no tratamento nem nas ofertas que fazemos aos clientes estatais ou privados”, referiu Ariel, quem esteve presente no Fórum Empresarial Cuba-EUA, realizado em Havana, durante a visita de presidente norte-americano Barack Obama.

GRÁFICA E DECORAÇÃO À LA CARTE

Segundo o responsável por mais de vinte parceiros, o que eles mais fazem são projetos que partem do design, além de que alguém possa trazer um ideia e unicamente quer que seja aplicada. “Também se cria o produto completo: desde o conceito até a execução chave em mão, que inclui construção e montagem, mobiliário, luminária, marchetaria, decoração, etc”.

Entretanto, acrescenta: “Evitamos isso e tentamos não tornar-nos uma construtora porque existem muitas na Ilha. A construção civil representa apenas 10% do que fazemos; o desafio está na gráfica e nos artigos personalizados”.

Igualmente, destaca Balmaseda, a linha gráfica lhes dá uma liderança quase total porque há tempo investem em tecnologia e tentam somar à oficina equipamento digital de alto padrão, em correspondência com as demandas do principal mercado da cooperativa da província de Matanza: hotelaria e turismo.

Surgida em meio da atualização econômica, a “Decorarte” se beneficia do desenvolvimento tecnológico. Com equipamentos obtidos através das corporações como Cimex e Copextel o projeto atinge elevar com rapidez o número de clientes e o capital.

Uma vez completado o ano 2014 com um estimado de 10 milhões de pesos e 29,7 no ano 2015, Balmaseda prevê faturar 70 milhões de pesos no presente ano. “Este resultado tão amplo tem sido graças à constante renovação e o crescimento criativo e tecnológico”, explica.

De acordo com o presidente da cooperativa, as ofertas que possuem são praticamente exclusivas no país, já que imprimem quase em cima de qualquer material: madeira, metal, acrílico, PVC, vinila, lona, cristal, em pequeno ou grande formato. A amplíssima escala vai desde mínimas letras de 0,1 milímetros, até impressões de 1,60 por 50 metros.

Se bem até agora a demanda não foi maior que o serviço, a CNA localizada em Varadero, acha-se hoje em condições de tratar quase qualquer pedido, Balmaseda informa que restam ao redor de 10 milhões de dólares destinados aos investimentos. Com isso, segundo os investidores estrangeiros, iria conseguir-se o domínio em parte da América Central e o Caribe.

Dona de um imenso volume de contratos que abrangem todo o país, a “Decorarte” faz subcontratação a trabalhadores privados para responder aos pedidos em torno a 300 clientes.

VARADERO NO ALVO

Não sem um brilho de orgulho no olhar, o jovem empresário reconhece que “a gente nos vê como o grupo da imagem de Varadero, porque a principal missão social que defendemos é trabalhar fortemente para mudar a estética do principal destino antilhano de sol e praia”.

Assegurando que a imagem de Varadero está deprimida, a “Decorarte” quer conseguir um design único, onde convirjam a elegância e a calidez caribenha. Segundo opina Balmaseda, existe muita concorrência entre os polos turísticos. “Por exemplo, Copacabana tem calçadas personalizadas e motivos patrimoniais que o visitante leva em souvenirs, toalhas, roupa de praia, etc.”.   “Para atingir a identidade que não existe, desejamos algo bem concebido, que cative o turista e se imponha como ícone de Varadero”.

Entre as obras mais recentes, percebe-se a remodelagem de um spa da rede hoteleira Iberostar e de banheiros públicos da praia, a recuperação do único Patrimônio Nacional de grau 1 que tem Varadero: a mansão Xanadú, e o começo da reanimação das calçadas da primeira avenida, que pode abranger o resto das principais ruas da península, para que tenham coerência, bom gosto e uniformidade.

Da mão igualmente de outra cooperativa e com apoio irrestrito do Ministério do Turismo, os trabalhos na importante rua compreendem a colocação de louças decorativas com gráficas gravadas ou moldadas em concreto, cerâmica ou metal, maior número de luminárias, atalhos, bancos decorativos.

Tornar mais agradável a estada dos visitantes é a razão fundamental pela qual a “Decorarte” empreende a transformação dos sinais turísticos da cidade, a confecção de um guia e de uma mascote do polo e a total decoração de parques e praças públicas.

PRATOS MAIS IMEDIATOS

Entretanto, a “Decorarte” continua divulgando de boca em boca, de Pinar del Río a Guantánamo, prepara o lançamento de três marcas próprias na próxima Feira CubaIndustria Internacional. “Serão produtos novos que esperamos sejam comercializados nas redes de lojas, porque atualmente são importados. Desenhamo-los e fazemo-los em Cuba para vendê-los à população, que é um megamercado praticamente inexplorado” acrescentou o entrevistado.

Devido à realização de muita impressão gráfica em artigos personalizados: mochilas, bonés, canetas, louças, roupa, etc., a cooperativa premiada em feiras cubanas e estrangeiras, copatrocinou variados eventos; daqui a pouco abrirá uma loja em Matanzas e um escritório comercial em Náutico, na capital. Depois de Havana pretende inaugurar uma sucursal em Cienfuegos, onde atende a mais de trinta empresas.

Balmaseda agradece o apoio recebido do organismo reitor da “Decorarte”, o Ministério da Indústria e ratifica que desde o começo “somos muito independentes. Podemos fazer uma estratégia de vida através de um planejamento econômico. Sentimos que temos autonomia total e não esquecemos o compromisso com a comunidade. Por isso, ajudamos creches, lares de crianças sem aparo filial e grupos de teatro”.

Integrada, maiormente por inovadores arquitetos, engenheiros civis, artistas e designers gráficos, a iniciativa aproveita tecnologia, mercado, potencialidade e possibilidade para introduzir os recém graduados do Instituto Superior de Design e incrementar o prestígio de uma CNA que contribui com a saúde, alimentação e construção ou reparação de casas dos membros das cooperativas.

Por outro lado, prepara-se um site da “Decorarte” para a promoção e a compra do exterior, mediante uma passarela de pagamento. “Prevê-se uma loja virtual, ao nível da Amazon, com boa visualidade e interatividade com o cliente”, adianta o especialista.

Em meio a um mercado varejista desprovido, as entidades estatais abastecem um pouco, mas “seria bom estender-se a empresas internacionais porque temos um mercado seguro, e seria interessante que alguém comprasse nossos produtos para exportá-los, finaliza Balmaseda, disposto sempre ao empreendimento”.