ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
A cobertura docente em províncias como Havana e Matanzas ainda não atingem 100%, mas se utilizam variantes para não afetar a aprendizagem dos alunos.

O Seminário Nacional de Preparação do ano letivo 2016-2107 desenvolveu-se nos dias 22, 23 e 24 de abril, em Havana e neste encontro participaram diretivos dos níveis nacional, provincial e municipal.

O evento foi propício para identificar os aspetos que ainda não mostram resultados satisfatórios e os avanços registrados até princípios do ano. Entre estes últimos, a primeira vice-ministra de Educação, Cira Piñeiro Alonso, reconheceu que houve melhoras no planejamento do sistema de trabalho, a estabilidade dos diretores de escolas, a organização escolar e o processo de superação.

“Abriu-se maior espaço no horário da escola para que os docentes possam preparar-se, tanto de forma coletiva quanto individual, e isto se reconhece; mas temos que continuar insistindo na qualidade da preparação metodológica e no papel que nos cabe para que estes elementos se traduzam em qualidade na aula”, enfatizou a funcionária.

O tema do número de professores, sobretudo na capital do país, também esteve presente no debate de professores e mestres. Ainda existem territórios que para resolver esse problema aplicam alternativas como contratar estudantes universitários como professores, durante um tempo determinado.

“Atualmente, referiu Piñeiro Alonso, este tema é atendido a partir de duas arestas: o atendimento sistemático das condições e da preparação dos professores em exercício e o trabalho de formação vocacional e orientação profissional, com ênfase nas carreiras pedagógicas, o que permite garantir o ingresso às escolas de formação de professores”.  

Em outro momento do contato com a imprensa, a primeira vice-ministra de educação sublinhou a necessidade de enaltecer o papel dos técnicos médios e operários qualificados que atualmente estão sendo formados para resolver as necessidades de cada território.

“Isto tem que se tornar uma tarefa permanente, mediante o trabalho que fazemos com a formação vocacional e a orientação profissional”, acrescentou.

DAR À HISTÓRIA SEU LUGAR

A importância da História de Cuba nos processos de formação dos diferentes escalões do ensino e o tema das relações Cuba-Estados Unidos não se descurou no seminário de preparação do próximo ano letivo. Por tal motivo, um dos workshops da jornada de inauguração intitulou-se “Cultivar a memória histórica e a esperança de um mundo melhor”.

O metodólogo nacional de História, Manuel Romero Ramudo, dialogou brevemente com o semanário Granma Internacional em relação à necessidade de vincular o nome do worshop com as jovens gerações e a urgência de que esse conhecimento não esteja limitado às aulas de história. “Cultivar a memória histórica supõe refazer, melhorar, evocar o passado, mas não para memorizá-lo reprodutivamente, mas para sermos melhores”.

A ancoragem dessa memória histórica assenta em recuperar as melhores experiências do homem e a mulher ao longo de todos os tempos, a partir do universal e do cubano, com ênfase no cubano, pois desejamos o desenvolvimento de um patriotismo inteligente.

“Precisamos de um patriotismo de pessoas que saibam defender, contestar, opinar, que saibam compreender onde está a verdade e onde está a manipulação. Isso é o que precisamos”.

A esperança tem a ver com os sonhos, os propósitos, com determinadas intenções premeditadas. Se não tivermos sonhos, a memória poderia resultar reprodutiva.

“Temos que treinar os estudantes para que pensem antes de fazer e que sejam capazes de achar a informação fidedigna partindo da ciência, mas ainda do imperativo ético que está no melhor da ciência cubana”.

“Ainda predomina muita aprendizagem histórica memorística. É certo que é preciso memorizar determinada informação, mas não pode ficar nesse aspecto. Requer-se da melhor subjetivação possível do que estamos estudando na sala de aulas. Para isso são precisos indivíduos capacitados e não só os professores de História”.

AS RAZÕES DO APERFEIÇOAMENTO

Neste momento em Cuba se põe em prática um processo de aperfeiçoamento do sistema nacional de educação, cujo motor de impulso tem sido as adequações à organização escolar, implementadas nos últimos anos para fazer da escola o centro cultural mais importante da comunidade.

Acerca dos motivos que justificam esta reorganização a diretora do Instituto Central das Ciências Pedagógicas (ICCP) “Maria Navarro Quintero”, dra. C. Silvia Maria Navarro Quintero, referiu como causas as mudanças que estão ocorrendo na sociedade.

“Nossas crianças devem estar à altura de nosso tempo. Elas têm que saber o que está acontecendo no âmbito da ciência, da cultura, a política e a sociedade. Tem que ser uma criança que nós consigamos sensibilizar com o processo no qual vive”.

Embora a experiência ainda não seja geral em todo o país, é preciso destacar que se nutriu com os resultados das teses de mestrado e de doutoramento dos professores e que já mostra resultados que falam favoravelmente acerca deste processo, como a metodologia para a elaboração dos projetos, os livros de textos e os cadernos de trabalho.

“Podemos ter os melhores livros de texto, as melhores orientações metodológicas. Se não tivermos um professor capacitado que o ative e se a escola não estiver organizada para funcionar de maneira ótima, de nada vale. Por isso para nós a concepção curricular que estamos propondo tem um alto valor”, afirmou a diretora do ICCP.

Durante a sessão final de trabalho do Seminário Nacional de Preparação do Ano Letivo 2016-2017, foi reconhecido o trabalho de professores destacados e de diretivos com 10 e 15 anos de trabalho sem interrupção.