ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
“A capital empolga, é como se cativasse ou assombrasse e isso faz com que seja amada. Sinto-me orgulhosa dela”, expressa a presidenta da Assembleia Provincial do Poder Popular (governo) de Havana, Marta Hernández.

“EU não sou havanesa, sou de Santiago de Cuba, Porém, quando a gente chega em Havana começa a senti-la como própria e depois não quer ir embora. Sem esquecer minhas raízes, eu reconheço que a capital empolga, é como se cativasse ou envolvesse e isso faz com que seja amada. Sinto-me orgulhosa dela. Em 2014 foi eleita uma Cidade Maravilha, mas para mim já era”, afirma exclusivamente ao Granma Internacional a presidenta da Assembleia Provincial do Poder Popular (governo) de Havana, Marta Hernández, no oitavo andar de um prédio do qual, como tantos outros em Havana Velha, se pode enxergar diretamente os olhos vigias das fortalezas de São Carlos de la Cabaña e a baía.    

Lembrando uma recente entrevista do historiador de Havana, Eusébio Leal, na qual assegurava que não ficou surpreso ao saber que a cidade tinha sido considerada entre as sete Cidades Maravilhas do mundo moderno, Hernández ratifica que não é preciso ficar espantados porque, como patrimônio da nação, a capital guarda uma valiosa riqueza material e não material em suas construções, onde convergem diferentes períodos da arquitetura, até o pessoal de um gabinete como o de Leal, que tanto fez e faz pelo resgate dos valores que refletem a história de Cuba.  

Em 7 de junho passado, como parte de uma jornada de festas que se estendeu até o sábado 11, Havana recebeu oficialmente, na esplanada do Castelo de San Salvador de la Ponta a condição promovida pela fundação suíça New7Wonders.

Para a escolha, segundo as palavras da responsável pelo governo da capital, se teve em conta o significado de suas pessoas e sua cultura, bem como a tranquilidade cidadã que demonstra o interesse de Estado por preservar o entorno urbano, proteger o meio ambiente e aprovar estratégias que exijam às instituições e organismos estatais e às pessoas naturais cuidar e querer o que foi criado.    

Segundo Hernández, é preciso legar às futuras gerações uma cidade em desenvolvimento organizada, amigável, na qual não concorra a modernidade com a tradição nem o presente com o passado. Neste sentido, um das Diretrizes do Partido pondera o papel da reorganização territorial urbana: “O governo trabalha fortemente para materializar uma reestruturação, que elimine violações, ordene melhor os empreendimentos e consiga maior harmonia”.

Que responsabilidade coube ao governo na indicação de Havana como Cidade Maravilha?

“Soubemos do projeto que estava encaminhando a New7Wonders através do Ministério do Turismo. Com a ajuda do Gabinete do Historiador e outras entidades, nos dedicamos a promover o que se estava fazendo e organizar a participação da cidadania na votação, onde finalmente se envolveram mais de 200 países”.

O que destacaria dessa eleição que foi um exercício participativo?

“Os próprios organizadores europeus definiram o processo como um exercício democrático universal, onde o mundo dá a opinião através do voto. As redes sociais e os celulares permitiram que as pessoas compartilhassem o que pensavam da cidade e dos seus autênticos valores”.

“Como governo conhecemos de perto esse tipo de prática democrática porque constitui nosso método de trabalho. Não é para nós nada extraordinário, mas o apreciamos, pois abrange o que pensa o público de diferentes categorias e isso outorga maior valor ao assunto. Indica que Cuba é conhecida, respeitada e admirada. Acho que é um reconhecimento à cubanidade, a uma Ilha que soube se levantar perante milhares de barreiras e cujo povo possui um hábito de luta, de resistência e de vontadepara avançar”.

Como se insere a referida distinção na celebração do 500º aniversário de Havana?

“É mais um elemento para impulsionar os trabalhos de preservação que desde há muito tempo se realizam, pois se produz em uma etapa na qual preparamos as festividades pelo 500º aniversário da fundação da vila de São Cristóvão de Havana, que acontecerá em novembro de 2019. Atualmente estamos submetendo as propostas à consulta de instituições, organismos e personalidades”.

“Esperamos chegar ao meio milênio com uma cidade que mostrará suas melhores galas, mas que precisará ainda de anos de recuperação, de esverdear grandes praças e avenidas, de restaurar edificações, etc. Existe uma estratégia aprovada para dar continuidade, em longo prazo, ao compromisso de acabar com a deterioração que sofrem as instalações e áreas da cidade”.

“Relaciona-se, ainda, com o que foi aprovado no 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba acerca de potencializar uma sociedade sustentável e sustentada baseada, precisamente, no bem-estar dos seres humanos”.                

Não se pode deixar de falar, também, da capital, como centro do desenvolvimento científico e industrial, aglutinador do talento humano...

“Somos os pioneiros daquilo que incentivou o comandante-em-chefe Fidel Castro, dessa convivência em paz com a natureza, que viu nascer múltiplos cientistas ilustres e grandes descobertas. O pólo científico ainda está em evolução e foi um forte embrião do que se faz no país. Para pôr só um exemplo; o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia possui sucursais no território nacional”.

“Igualmente, Havana é epicentro das contribuições que faz a ciência a outros setores como a economia, a saúde, a agricultura, etc. Uma coisa que a distingue é tudo aquilo que foi conseguido em matéria de pesquisas e de excelência dos recursos humanos. Há múltiplas instituições destacadas na preparação médica, que oferecem serviços dentro e fora da capital e o mesmo acontece com a cultura”.

“Se bem existe talento cultural no país, a partir da capital se regem as iniciativas e a participação de pessoas que apoiam e se envolvem. A riqueza está em todos os ramos. Olhando o aspecto produtivo podemos perceber que é um lugar netamente industrial, no qual temos usinas e indústrias únicas no país, nas quais se formam técnicos e profissionais de outros recantos do país. O avanço se expande graças a isso”.          

“Temos a responsabilidade de garantir um grupo de serviços, recursos e produtos a outras províncias. A cidade é responsável por quase 40% da produção mercantil nacional e isso faz com que o esforço dos trabalhadores, funcionários, o desempenho econômico de Havana seja realizado a partir do compromisso com Cuba”.

“Apesar de que o porto de Havana atualmente está reestruturando suas funções, continua tendo e terá um papel primordial no comércio cubano. Continuamos apostando no crescimento futuro de uma cidade criativa, eminentemente turística. A cultura faz parte do surgimento da nação cubana e por isso é um elemento fundamental nas atividades culturais efetuadas pela condição de Cidade Maravilha”.

“O festejos se encontram guiados pelas manifestações artísticas que nos descrevem: a música, a dança, as artes plásticas. Igualmente se vinculam prestigiosas universidades de Havana, há espaço para o esporte e se faz a convocatória em massa da população”.

Havana acolhe uma quinta parte dos cubanos, bem seja de Havana ou pessoas que emigram. A senhora acha que é uma representação do que é Cuba? Que é o que distingue a comunidade diversa que mora na capital?

“Quando afirmamos que é a capital dos cubanos todos fechamos esse conceito. Aqui não moram somente pessoas nativas do lugar, mas sim vindas de cada região da Ilha. A qualquer lugar que vamos achamos pessoal de Cuba. É uma honra saber que em Havana está tudo aquilo que representa o cubano e que em inúmeras atividades e eventos necessariamente abrange o resto dos territórios”.

“Ao mesmo tempo, tentamos fortalecer a identidade e o sentido de pertencer, não a partir de uma visão regionalista, mas sim partindo do essencial da cubanidade. Há valores que é preciso reforçar, os mesmos acerca dos quais muito se discute, dizendo que se perderam ou que estão em crise, mas o fundamental é que a população perceba o que se faz e o sinta”.

“É uma cidade na qual as pessoas percebem que suas aspirações podem tornar-se realidade. Falamos das possibilidades e facilidades reais que tem, mas devemos criar maiores obrigações e atitudes cidadãs responsáveis. Esse é um dos objetivos para o 500º aniversário: incentivar um melhor trabalho educativo e esse sentimento patriótico que salvaguarda o que é Havana e o que é Cuba”.

“Sem dúvida, Havana é a capital da paz. Recebemos inúmeros amigos e isso é outro sinal da qualidade das pessoas. Está presente a solidariedade médica, cultural, científica que possuímos. O morador de Havana representa esse cubano humanista, meigo, que ajuda e compartilha. Às vezes vemos vizinhos que se ajudam como se fossem família”.

“Havana continua sendo Havana, a capital, e não agora que é mais conhecida. Não descobrimos recentemente que é uma grande cidade, exemplo para a América Latina e o mundo, O prioritário é preservar nossa identidade da banalidade e utilizar como escudo a verdadeira cultura, tal como explica Fidel”.      

Como disse a poetisa Fina García Marruz, será que o aberto é o segredo de Havana? Terá por isso essa bela senhora um perfil de ave? Indubitavelmente, é e será uma dama conquistadora de ângulos desiguais.