
CIEGO DE ÁVILA.— A empresa agroindustrial Ceballos e a de culturas variadas La Cuba espremem o suco da eficiência industrial e agrícola, necessária para eliminar as “ervas daninhas” que ainda travam o desempenho de muitas entidades estatais.
Em ambas, vai ganhando força e se desenvolve, a passos de gigante, o novo modelo econômico que o país quer implantar nos tempos atuais, de sobrevivência, de exigência e sucesso, nas águas tempestuosas do mercado nacional e internacional.
ABRIR CAMINHO ATÉ…
Em verdade, o aparecimento da Huanglongbin, em 2006, uma doença que afeta os cítricos, impediu toda tentativa de continuar com o fomento desta cultura na Agroindustrial Ceballos, até o ponto de destruir uns 4.000 hectares destas plantações.
“Não ficou em pé nem uma laranjeira, limoeiro ou de toranja. Fomos obrigados a eliminá-las. Tudo foi por água abaixo; porém, as decisões da direção daquele tempo foram certas e nos obrigou a buscar alternativas”, assevera Wilver Bringas Fernández, o jovem que comanda o destino da entidade.
Se bem a laranja não está em condições de concorrer com outras produções — têm 692 hectares plantados de laranja, limão e toranja — todo o mundo pensa em melhorar, para que a produção de sucos e néctares de Ceballos volte a conquistar, em grande magnitude, o mercado europeu, como tem sido tradicional.
Hoje, a empresa é uma das mais diversificadas do Ministério da Agricultura e, há já um tempo, dedica-se a novas culturas, que vão desde as frutas, os vegetais, as conservas, até a exportação de carvão de jurema, e deste último produto já enviaram a países europeus, na última década, mais de 190 mil toneladas de carvão, para, nesse item, manter o reinado entre todas as entidades do país.
“Entre os grandes empreendimentos da empresa — precisa Bringas — também está o resgate da variedade de abacaxi MD-2 (vencedora da Medalha de Ouro na 32ª Feira Internacional de Havana) que, sem substituir totalmente a tradicional espanhola vermelha, começa a lotar os campos do sul desta província, de onde, neste ano, têm saído para a Europa umas mil toneladas da fruta”.
A colheita de manga, goiaba, mamão e outras frutas se complementa com o desenvolvimento de um excelente processo de investimentos, que permitiu o avanço de novas linhas, capazes de assimilar quanto chegue do campo.
Dito assim, tudo parece simples, mas atingir a eficiência econômica que torna possível a concorrência no mercado internacional junto dos países desenvolvidos implica mudanças profundas, incluídas a legitimação de distintos processos produtivos por parte do Gabinete Nacional de Normalização e por certificadores internacionais, como o Bureau Veritas, da França, e o protocolo Global Gap para o processamento do abacaxi.
A entidade conta em toda sua produção industrial com os sistemas certificados de inocuidade dos alimentos (HACCP) e com o integrado de segurança e saúde no trabalho.
No cuidado e preservação dos recursos da natureza também é líder e a Unidade Industrial detém o Prêmio Nacional do Meio Ambiente 2003, que manteve até à atualidade, condição que reforça o desenvolvimento estratégico até o ano 2030 na indústria e a agricultura, tanto das frutas, vegetais, como os cítricos que, de conjunto, permitiram a comercialização de mais de 50 tipos dessas ofertas.
Domingo Escalante Pérez, diretor de Desenvolvimento e Investimentos, dá um dado revelador: “Nos últimos quatro anos, o país investiu mais de 13 milhões de pesos em moeda total, no aumento das capacidades deles, e 11 milhões em divisas, somente na diversificação da parte industrial, capaz de elaborar sucos e néctares de frutas, pasta e purê de tomate e catchup, algo impensável uns anos atrás”.
MESA SERVIDA
Isso não quer dizer que com os grandes volumes produzidos, a empresa de culturas variadas La Cuba tenha uma varinha de condão para servir a mesa de todos os lares cubanos.
Contudo, dos solos vermelhos dessa entidade, de grande alcance e notoriedade na nação, saem muitas toneladas de alimentos para quase todas as províncias — menos Guantánamo — alguns mercados agropecuários estatais e mais de 200 instalações turísticas da Ilha Grande.
Se algo também a distingue é que na época das mudanças de estruturas, de entrega de terras em usufruto — Decreto-Lei 259 e, mais recentemente, o 300 — de formação das Unidades Básicas de Produção Cooperativa (UBPCs)… a empresa não ziguezagueou e permaneceu como empresa estatal socialista.
“Jamais permitimos dividi-la em parcelas. Quando a gente está certa de que está vencendo no jogo e os jogadores no campo têm um ótimo desempenho e tudo funciona, não é preciso mudar nada”, refere em linguagem esportiva Carlos Blancos Sánchez, diretor dessa organização de desde há mais de 20 anos.
“Aqui, cada homem e mulher é responsável pelo trabalho que faz em sua área, da qual responde até por custodiá-la; ligamos o pagamento do trabalho aos resultados produtivos, com menos chefes e mais controles. Têm-nos dado bons dividendos, e o melhor exemplo é que em determinadas épocas do ano um trabalhador pode perceber um salário mensal superior aos 4 mil pesos”.
Variadas culturas potencializa a empresa La Cuba, nas quais se incluem mais de 20 tipos de frutas e vegetais e algumas produções de decapados, que têm como principal objetivo o turismo.
Carlitos, o de La Cuba, como ele é conhecido, fala com entusiasmo do programa de grãos em desenvolvimento Tres Marías, e do fomento do feijão e do milho que, dependendo da época do ano, cobrem uma área que abrangerá 2.6 mil hectares, dos quais centenas deles se encontram plantados.
Embora o leque de ofertas seja muito amplo, o produto líder é a banana fruta e a banana em geral, entretanto também comercializam outras variedades.
Arturo Figueredo Crespo, vice-diretor de produção, assegura que a realidade atual impõe novos desafios para diretivos e trabalhadores e os enfrentam com decisão.
DO PRINCÍPIO E NO FIM
Evidentemente, ambas as empresas têm bem traçada a diversificação das culturas e aproveitam quanto mecanismo seja possível para consegui-lo, com um objetivo comum de ter criado uma cadeia produtiva, desde o sulco até o consumidor, bem seja em mercados internos ou externos, conceito presente nas Diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e a Revolução.
Isso oferece vantagens para um país como o nosso, e é prova de que os recursos podem ser aproveitados melhor e, ao mesmo tempo, elevar a competitividade empresarial e imprimir maior dinamismo e solidez no processo produtivo, para assim eliminar os espaços por onde escapa a eficiência.
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A empresa agroindustrial Ceballos exporta para a Europa abacaxi de primeira qualidade.