ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Jose M. Correa

MAISÍ, Guantánamo.—Depois de caminharmos encosta acima, por volta de meia hora, sob a chuva e contornando as árvores derribadas por Matthew, que são incontáveis no município, escutamos ao longe o som das motosserras, perto do acampamento El Rosquito, na comunidade Los Arados.

Ali achamos duas brigadas de trabalhadores florestais da província Granma, que apoiam a recuperação do café em Maisí, ramo básico na economia desse assolado município e do qual dependem boa parte das famílias.

As brigadas chegaram na noite de domingo, com a missão específica de limpar as plantações de café das árvores derribadas. São 21 trabalhadores das empresas agro-florestais Batalla de Guisa e Ataque a Bueycito. Já conseguiram recuperar um hectare na fazenda de Wílder Tuz Abad.

«Vamos estar aqui o tempo que seja necessário, pois os danos nas culturas são colossais e sua recuperação requer de tempo e muito trabalho, é a afirmação que resume o sentir de Alexánder Espinosa Aguilar e Alexánder Tamayo Martínez, à frente dessas brigadas.

Os trabalhadores afirmam: «viemos a Maisí conhecendo que íamos trabalhar duro, em condições de vida difíceis e pelo tempo que for preciso.

Tuz Abad valorizou a ajuda que recebe como uma bênção e estimou que caso estivesse sozinho demoraria muitos anos e com muito esforço para recuperar sua fazenda. «Com estes homens- máquinas que me trouxeram espero que em poucos dias meus 2,5 hectares de café de novo estejam produzindo».

DANOS AGRÍCOLAS

O vento e a chuva de Mathew causou muitos estragos na agricultura de Maisí. No café afetaram-se os 4.940 hectares existentes, deles 1.197 renovados nos últimos quatro anos; ocasionaram a perda das 86 mil latas que existiam nas plantações e de 150 mil plântulas nos viveiros.

Também afetaram dezenas de toneladas do café já colhido, destruíram o telhado das sete despolpadoras existentes e dos centros de benefício seco situados em Punta de Maisí e Punta Caleta, explica o diretor geral da Empresa Agro-florestal no município, Danny Matos Bravet.

Ainda, foram prejudicados 570 hectares de cacau, perdida toda a produção prevista para a safra pequena (umas 20 toneladas) e se molharam outras 25 toneladas, ao se afetarem os telhados dos armazéns onde se protegiam, inclusive com mantas.

O dano do furacão à floresta também foi colossal, milhares de árvores foram derribadas incluindo coqueiros, cítricos e outras árvores frutíferas. E não falamos da banana, segunda cultura mais importante no município, com extensas áreas intercaladas nos cafezais.

ESTRATEGIA DE RECUPERACIÓN

O diretor da Empresa Agro-florestal fala da estratégia de recuperação, que implica iniciar este processo nas áreas com plantas em desenvolvimento, de um a quatro anos de plantadas. As mudas ou plântulas que resistiram o furacão serão dedicadas a povoar áreas novas.  

«Depois concentraremos o esforço no resgate das plantas adultas menos afetadas. As que receberam danos maiores e as que tenham mais de 20 anos em produção serão renovadas».

Para essas tarefas dispõe-se de seis brigadas procedentes de Santiago de Cuba e Granma, equipadas com motosserras e outras ferramentas. A elas se somam duas da mesma zona.

Assegurou o diretor que esperavam a cegada de um carregamento de telhas para reparar as instalações prejudicadas, os mercados agropecuários e pontos de venda. Trabalha-se. Ainda, nos secadouros de café, afetados pela chuva e se espera a chegada de fertilizantes, herbicidas e outros insumos, para a recuperação das áreas de café e cacau, bem como outras ferramentas.

Evidentemente, o setor agropecuário em Maisí demanda de um furacão de trabalho, de pensamento, ações e recursos para reparar os colossais danos provocados por Matthew. Nesse empenho já sopram os primeiros ventos.