ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA

CASO conseguirmos perceber a realidade do turismo, mais além das gráficas e estatísticas, encontraríamos um desafio da altura de um arranha-céu, com o objetivo de elevar, no mesmo ritmo que aumentam os visitantes internacionais, o nível dos produtos e serviços do ramo mais dinâmico da economia cubana.

Um dado que já não é notícia: o turismo incide, cada vez mais, em outros ramos econômicos e, indiscutivelmente, é preciso estar à altura de seu crescimento exponencial. A esse respeito, é bom dizer que, em 2015, a chamada indústria do lazer faturou receitas diretas de mais de 2,8 bilhões de dólares. A eficiência que manteve esse ramo o colocou então como segundo gerador de divisas tangíveis para a Ilha.

Mas, percebido o compromisso perene que liga o ramo turístico com essa palavra tão utilizada que é qualidade, entenderemos que as estatísticas também refletem resultados e a elas é preciso acudir, de qualquer modo, pois o iminente fim do ano 2016 nos leva a fazer uma análise detalhada dos dados — mais uma vez históricos — que até agora têm sido publicados.

Segundo informaram recentemente as autoridades do Ministério do Turismo de Cuba (Mintur), espera-se a chegada de mais de 4,1 milhões de turistas, para 2017 (4.100.000) e ultrapassar os 3,7 milhões de visitantes (3.700.000), antes de concluir o presente ano (quer dizer, receber mais de 175 mil do que em 2015).

HIGHLIGHTS COMERCIAIS

De acordo com a diretora-geral de Marketing do Mintur, María del Carmen Orellana, até o fim de outubro passado os visitantes internacionais ultrapassam 12% aos de 2015 e o número dos três milhões de turistas recebidos se completou 39 dias antes deste.

Canadá continua liderando a lista dos turistas que chegam à Ilha e depois aparecem os cubanos residentes no exterior, os estadunidenses e aqueles procedentes dos mercados europeus tradicionais (Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha) como os que mais visitam o arquipélago.

Lembrando que mais de 70 anos de rela-ções diplomáticas contínuas unem Cuba e Canadá, principal emissor de turistas ao país, desde 1998, é significativa a diminuição do número de visitantes dessa nação da América do Norte à Ilha maior das Antilhas que foi de 1,3 milhão, em 2005 e agora, devido à desvalorização do dólar canadense e a forte concorrência na região, até outubro de 2016, mal atingia um milhão.

A funcionária Orellana explica que, apesar de que se mantém crescendo o número de norte-americanos que visita o país, o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba continua impedindo que o façam na categoria de turistas e que os EUA representem o principal emissor de turistas à Ilha, como acontece no resto do Caribe.

Até outubro de 2016, destacava o volume de visitantes procedentes dos Estados Unidos (167,8%), Alemanha (145,7%) e Polônia (144,7%)

Igualmente, o México e a Argentina são os maiores emissores da América Latina. Entre os motivos da viagem, crescia em 11,9% o turismo planejado e em 333% os dos iatistas.

SEM PARAR OS EMPREENDIMENTOS

Junto às mais de 65 mil habitações que possui o sistema turístico nacional, Cuba tem atualmente mais de 17 mil casas particulares e quase vinte contratos com cooperativas não agropecuárias que, segundo a opinião de Orellana, tornam possível melhorar as ofertas.

Ao finalizar outubro de 2016, as habitações alugadas em casas particulares registravam um incremento de 130%, relativamente ao ano 2015, pois existia um total de três mil casas privadas e 441 lanchonetes contratadas pelas agências cubanas de viagens.

Apesar de que, segundo destaca Orellana, em 2015, começou o funcionamento de 14 instalações, com 2.655 capacidades novas, que se mantiveram em serviço durante 2016, continuam os empreendimentos para ampliar a indústria hoteleira e renovar a existente.

As instalações que começaram a funcionar, recentemente, localizam-se nos pólos de Viñales (21), Cayo Levisa (21), Matanzas (82), Cayo Santa María (800), Cayo Largo (70), Jardines del Rey (1 606),Camaguey (43) e Gibara (12).

A diretora-geral da Qualidade e Operações do Mintur, María del Pilar Macías, garante que o desafio fundamental é conseguir um turismo mais competitivo que, sem abrir mão dos padrões internacionais, seja baseado na qualidade e a inovação.

Durante o ano 2106, os empreendimentos e obras tiveram como centro os hotéis Pullman Cayo Coco (192 cômodos), Villa Iguana (120) e Iberostar Playa Pilar (194), em Ciego de Ávila; os Ocean Casa de Mar (424) e Villa Costa del Sol (200), em Villa Clara; o Ocean Vista Azul (470 apartamentos), em Matanzas; e o Manzana de Gómez, em Havana, com 270 apartamentos, que espera iniciar seus serviços nos começos de 2017.

NA TRILHA DO ESTRATÉGICO

Por outro lado, a indústria do lazer em Cuba fomenta, desde 2015, a partir do lançamento da Pasta de Oportunidades para o investimento Estrangeiro, o desenvolvimento imobiliário associado a campos de golfe. De 13 projetos iniciados até o momento existem dois constituídos com capital inglês e chinês, respectivamente: Carbonera S.A. e Bellomonte S.A.

Orellana refere que os projetos a ser constituídos têm parceiros definidos e que «atualmente se trabalha com o Instituto de Planejamento Físico para a identificação de novas parcelas de terra, com infraestrutura para o desenvolvimento desse tipo de iniciativas».

Especial atenção é oferecida, no ramo turístico, aos produtos de náutica e mergulho, bem como os do turismo cultural, de saúde, de natureza e de percursos e circuitos. Acerca da saúde, por exemplo, inserem-se os produtos e serviços médicos cubanos, no interior e exterior da Ilha.

Paralelamente, o Mintur prepara uma nova campanha publicitária em relação à imagem de Cuba, para janeiro de 2017, fazendo uma promoção emergente para o Canadá, com ações de alto impacto na mídia, e impulsiona um programa acerca da «herança cultural e a diversidade turística» das cidades patrimoniais, encaminhado, fundamentalmente, ao público interno.

Quanto ao aperfeiçoamento do turismo especializado, transcende a gestão de licenças para a introdução do parapente no principal destino do sol e praia do país (Varadero) e a renovação gradual do equipamento náutico, para a realização de excursões, percursos, pesca e mergulho.

Especificamente, será preciso mencionar a aquisição, em 2016, de três navios de pesca em Varadero e, em 2017, de catamarãs e lanchas para o mergulho. Igualmente, trabalha-se na obtenção de navios com fundo de vidro, em Varadero e Cayo Largo e serão abertas duas escolas novas de Kitsurfe em Jardines del Rey.

As autoridades do Mintur referiram, igualmente, a criação de novos circuitos, como o de motocicletas Harley Davidson, um musical e outro relacionado com a história da Revolução cubana. Os alemães são os turistas que mais preferem está modalidade.

Outros produtos novos são lançados a partir do mundo da cultura, que atende ao desenvolvimento sociocultural, através de rotas que pretendem descobrir os costumes e os gostos do cubano.

NOVAMENTE CRUZEIROS E AVIÕES

Relativamente aos cruzeiros, Orellana informou que durante o presente inverno a chegada dessas embarcações ao país deverá duplicar o número registrado na temporada 2015-2016. A especialista acrescenta que, ao finalizar o atual calendário, chegarão a Cuba uns 46 mil turistas que viajam nos cruzeiros, entre os meses de novembro e dezembro.

«Não só cresce o número de embarcações, mas também de pessoas que viajam nesses cruzeiros», assevera a funcionária do Mintur. A isso acrescenta que os passageiros aumentam 375,4% e que Havana repete como o destino principal, «o qual contribui para o desenvolvimento da capital».

Em 2016, devem chegar ao país cruzeiros como o MSC Armonia, Adonia, Europa II, Odissey, Saga Pearl II, Artemia, Saga Shapire, M/V Hamburg, Le Ponand, M/S Boudicca, e atracam novamente em Cuba os cruzeiros, Panorama II, Ocean Dream, Thomson Dream, MSC Opera, Sea Cloud, Star Flyer, Serenísima, Thot Heyerdahl e Celestial Cristal.

Outro aspecto significativo no âmbito turístico são as operações aéreas que, de acordo com o que expõe a especialista, continuarão crescendo e se incorporando novas linhas aéreas.

Tão só em outubro passado as linhas europeias Austrian Airlines e Azur Air estrearam viagens semanais desde Viena até Havana e de Moscou a Varadero, respectivamente. Entretanto, a linha russa Pegas também iniciou voos charters que cada dez dias chegam a Varadero e Cayo Coco.

Por outro lado, no penúltimo mês do ano, chegou desde Londres até Havana o Virgin Atlantic, com um frequência semanal e, para o mesmo destino, mas às terças e aos sábados a Alitalia. Em novembro, ainda, a linha polaca Itaca iniciou um voo charter que em cada dez dias viaja a Varadero, Camaguey e Holguín.

Em dezembro se reservou a abertura da linha aérea Turkish Airlines, que viajará a Havana três vezes à semana; a linha Eurowings que terá como destino Matanzas e Havana, com duas frequências semanais, e a francesa Xl Airways, que viajará aos domingos para as ilhotas Cayo Coco, Santa Clara e para Varadero.

É preciso destacar que os dois últimos meses de 2016 foram caracterizados pela regularização dos voos desde os Estados Unidos até Havana, através das companhias, American Airlines, JetBlue, Delta, Spirit, United Airlines, Alaska, Frontier, Southwest e Sun Country.

UMA TEMPORADA CADA VEZ MAIS ALTA

Acerca da presente temporada alta do turismo em Cuba, iniciada em 1º de novembro, María del Carmen Orellana assinala que cada ano esse período começa mais cedo porque, «na medida em que o adiantamos, recebemos mais visitantes» e «nos propomos que a Ilha seja assumida como um destino turístico que é mais do que sol e praia».

«Dessa forma, argui Orellana, ao redimensionar a comercialização, promoção e publicidades, mediante o uso das novas tecnologias da comunicação, ajudará a que o mundo aprecie a segurança, a paz, o patrimônio, a história e a cultura, que definem a Ilha maior das Antilhas.

A prevenção das doenças e acidentes se une à manutenção tecnológica, ao incremento do conforto das habitações e a remodelação das instalações turísticas na procura desse objetivo, desde a perspectiva de Macías.

A funcionária sublinha que se trabalha por diversificar os serviços gastronômicos, resgatar a cultura relacionada com os coquetéis, garantir o fornecimento dos hotéis e atualizar os programas de animação e divertimento.

Não obstante, esclarece Macías, os níveis de qualidade dependem de toda a rede de valor do ramo turístico, que inclui as empresas e instituições que não pertencem ao Mintur.

A especialista no tema conclui que hoje se realiza uma análise exaustiva das instalações do sistema turístico nacional, que dará a possibilidade de atribuir ou melhorar a categoria às mesmas.