A Praça de La Marqueta é hoje um dos lugares mais atraentes da cidade. Fotos: Juan Pablo Carreras Foto: Juan Pablo Carreras / AIN
Praça Julio Grave de Peralta, anteriormente Praça La Parroquial. Foto: Juan Pablo Carreras / AIN
Foto: Juan Pablo Carreras / AIN
DAS muitas maravilhas que possui a cidade de Holguín, as praças são as mais notáveis, pois ultrapassam a concepção de espaços para o descanso ou o divertimento e se convertem em sinais da sólida base cultural criada por seus moradores, que se gabam de sua projeção universal.
Este conceito é avaliado pela Comissão Nacional de Monumentos, que mediante a Resolução no 4, de 23 de setembro de 2014, declarou Zona de Proteção da República de Cuba o «conjunto histórico Sistemas de Praças da Cidade de Holguín».
Trata-se de um caso único em Cuba, devido à existência de 12 praças e pracinhas situadas em um trecho de dois quilômetros de comprimento, que começa em Loma de la Cruz e acaba na junção dos rios Marañon e Jigüe, limitando lateralmente com as ruas Máximo Gómez e Morales Lemus, segundo descreve o presidente da Comissão Provincial de Monumentos e Lugares Históricos, Hirán Pérez Concepción.
O sistema, refere, foi traçado em 1720, após ter sido criada a praça La Parroquial, hoje parque Julio Grave de Peralta, seguida da Praça de Armas, atualmente nomeado parque Calixto García. Posteriormente, em 1752, surgiu a Praça Nova (Parque Carlos Manuel de Céspedes), à qual seguiram as praças do Camposanto (parque Martí), do Mercado ODonnel (La Marqueta) e Mantilla (parque Rubén Bravo), bem como a Pracinha da Ferrovia do Norte, também realizada no período colonial.
«No século 20, construiu-se a Pracinha da Ferrovia do Sul; o parque González Valdés, conhecido como Loma de la Cruz, famosa por sua escadaria de mais de 458 degraus; as praças Finlay, hoje, Armando Mestre, e Paquito González. A mais jovem do conjunto é a praça ou Parque das Esculturas, inaugurada em 2014».
A extensão da zona, que coincide com o centro histórico da cidade, é dada pelo valor patrimonial, em dimensões diferentes, dos mais de 800 edifícios e casas, de acordo com uma deta-lhada pesquisa realizada com a intenção de declarar a área Monumento Nacional, proposta que não foi aceita e que, finalmente, só recebeu o status de protegida.
Hirán assevera que está categoria tem facilitado o estabelecimento dos mecanismos jurídicos necessários para criar condições e empreender obras de reconstrução, apoiadas pelas autoridades do Partido Comunista de Cuba e do governo na província e no município de Holguín.
ATRAENTE COMPLEXO CULTURAL-COMERCIAL
Em abril deste ano, após ter começado a prestar serviços finalizando o ano 2014, concluiu a reabilitação, reconstrução e conservação da Praça de La Marqueta, empreendimento feito a um custo de 1,5 milhão de pesos.
O prédio central, construído em 1918, recuperou seu esplendor depois de décadas de situação precária. As pessoas que a frequentam e as que a visitam pela primeira vez acham que é um atraente Complexo Cultural-Comercial, onde é possível achar, entre outras coisas, mobília, confecções têxteis e variados e elegantes artigos de artesanato, confeccionados com pele, fibra, madeira, vidro e barro.
Os arquitetos Lilian Rodríguez e Gerardo Segura, bem como os engenheiros Sayra Maceira e Jorge Figueredo, do Gabinete de Monumentos da província, foram os responsáveis pelo projeto. A partir do momento em que foram elaboradas as primeiras ideias, a equipe teve em conta a interação do projeto com o meio em torno da praça.
Neste último item, destaque para a Empresa de Serviços à Arte, adstrita ao Conselho da Administração Provincial, que contratou pessoal qualificado para restaurar o caráter patrimonial às fachadas de casas particulares e locais estatais localizados na área.
Uma das instalações de uso social recuperadas é a sede da Associação Hermanos Saiz, que funciona, ao mesmo tempo, como a Casa do Jovem Criador. Está localizada onde ficava há meses, a desvencilhada instalação de uma empresa do comércio. Agora, como resultado do bom gosto dos projetistas e do trabalho esmerado dos construtores, existe ali, no primeiro andar, uma galeria para exposições de diferentes manifestações artísticas e uma lanchonete, entretanto o segundo andar foi reservado para os locais dos dirigentes da associação, sala de internet e salões de reunião dos promotores culturais.
SALDAR DÍVIDAS COM O PATRIMÔNIO
Para a restauração da praça Calixto García foram atribuídos 500 mil pesos, de acordo com dados oferecidos por Mariano García Freeman, chefe do Departamento de Investimentos da Direção de Serviços Sanitários.
O trabalho foi profundo. Foram restituídas as jardineiras e os bancos circulares e pequenos de granito, bem como os muros que a limitam, colocando uma nova cerca. Nas quatro entradas também se restabeleceram as pilastras originais com seus capitéis, resgatando-se, paralelamente, os três chafarizes que o parque teve em seu período de fundação.
Entre as obras mais imediatas se prevê colocar os postes originais do sistema de iluminação e continuar a restauração do assoalhado de granito da rotunda e dos corredores, de maneira que para o ano 2017, continuará o polimento dessas partes e a colocação dos elementos da jardinagem.
Com o tempo esta praça se tornou centro da cidade. É cercado de instituições bem cotadas, como o Museu Provincial La Periquera, o Teatro Eddy Suñol e a Biblioteca Provincial Alex Urquiola, beneficiados, tal como outros prédios, com ações de reconstrução. Também nas proximidades, em processo de reconstrução, está o hotel Saratoga, notável por seus valores patrimoniais.
Durantes os anos 2013 e 2014, a praça Carlos Manuel de Céspedes foi reconstruída. O projeto, da autoria da arquiteta Yoanka del Cerro Campana, do Gabinete de Monumentos da província, teve em conta a reprodução e colocação das lousas para o assoalho de barro cozido, fabricadas em um telhal do município de Rafael Freyre, bem como lampiões, também de estilo colonial, encarregues ao artista das artes plásticas José Gabriel Maslotikhas. Do mesmo modo, as áreas de relva experimentaram uma mudança significativa.
O melhoramento foi imediato e pode ser constatado na reconstrução de várias edificações próximas, entre as quais estão a Academia Provincial de Xadrez e a casa onde nasceu José Juan Arrón, destacado estudioso da cultura hispano-americana. Igualmente, percebe-se o trabalho de restauração na antiga hospedaria La Esmeralda, futuro hotel da modalidade Encanto.
Para a pessoa que percorrer as praças de Loma de la Cruz, Rubén Bravo, Julio Grave de Peralta e Martí, bem como as praças Finlay e Paquito González resultará fácil descobrir os novos elementos construtivos que têm propiciado vitalidade.
Daquilo que falta por reconstruir, assim que haja capital financeiro e material, destaque para a restauração da ampla Pracinha da Ferrovia do Norte. O projeto documentado em uma tese de mestrado, que defenderá, daqui a pouco, Hirán Pérez Concepción, prevê torná-lo Centro de Interpretação promotor da unidade do povo, a partir do conhecimento da história.
Sua realização, encaminhada a sensibilizar os visitantes, prevê a aplicação de tecnologia avançada. Terá a maquete da capital provincial. Por seu conteúdo geral será uma forma de conhecer a cultura, arquitetura, ciência e desenvolvimento social. Com esse objetivo criarão salões de palestras acerca dos mais variados temas, concertos, exposições e outros eventos que contribuam para a formação do ser humano.
Justo defensor dos elementos materiais e espirituais que conformam a identidade da região, Hirán reclama maior apoio da população no enfrentamento às indisciplinas sociais que afetam parte da reconstrução, e solicita do Governo Municipal a aplicação das regulamentações relacionadas com o comportamento dos cidadãos e a proteção do patrimônio.
«O Conjunto Histórico Sistema de Praças da Cidade de Holguín, componente singular do tesouro arquitetônico cubano, deve ser defendido com paixão», assevera o destacado historiador.
