A doutora Claudia Felipe Torres. Foto: Jose M. Correa
Além da arquitetura, o patrimônio universitário se enriquece com documentos, arquivos e bibliotecas. A Universidade conta com museus de História Natural e Antropologia, um observatório astronômico, bem como coleções de Arqueologia e Arte. Para incutir nos estudantes o aprezo pelo valor da instituição, incluíram-se nos programas de estudos matérias optativas e eletivas sobre patrimônio. Desde 2013 a Universidade se incorporou ao projeto Rotas e Andares, do Gabinete do Historiador da Cidade, com grande aceitação do público, acrescentou a especialista. Foto: Jose M. Correa
O conjunto deste campus é uma grande evocação do espírito clássico, mas fundamentalmente uma reinterpretação dos códigos da antiguidade. A ideia da sabedoria e o amor ao saber são constantemente evocados em prédios, esculturas, quadros, denominações e personalidades exaltadas. Este é o caso do professor cubano Felipe Poey Aloy, cujos restos são custodiados no prédio que leva seu nome e que hoje acolhe a Faculdade de Matemática e Computação, concluiu Felipe Torres. Foto: Jose M. Correa
A doutora Felipe Torres explica que a Tríade da Universidade é a Alma Mater, a Escadaria e o prédio do Reitorado, mas embora seja difícil imaginá-los separadamente. A famosa escultura existiu antes que A Escadaria. Esta última foi feita com muita qualidade, em menos de três meses e com material trazido dos Estados Unidos. Em boa medida é um anfiteatro natural que comunica todas estas zonas de Havana. Também é um lugar com valores históricos que excede muito os valores universitários. Daqui parte a Marcha das Tochas, cada dia 27 de janeiro, em homenagem ao Herói Nacional José Martí. Foto: Jose M. Correa
Esta escultura da Alma Mater é uma das mais famosas do mundo. A diferença da maioria das obras da Colina, que foram feitas por engenheiros e arquitetos cubanos, pertence a Mario Korbel, um tcheco nacionalizado estadunidense. Korbel utilizou dois modelos para fazer a figura: uma garota bem jovem para o rosto e uma mulher de uns 30 anos para o resto do corpo. Em boa medida a Alma Mater organiza espacialmente todo o campus universitário. Tem uma linha imaginária que a liga com a Aula Magna. Pode-se transitar sem nenhuma interferência entre a escultura e o lugar onde se senta o reitor. Este eixo permite atravessar o prédio do Reitorado, a Praça Ignacio Agramonte (outrora Praça Cadenas), a Biblioteca Central e entrar na Aula Magna, acrescenta Felipe Torres. Foto: Jose M. Correa
A colina universitária é majestosa, monumental, transparente e, ao mesmo tempo, muito íntima. Tem espaços muito poderosos em seu interior que se conjugam com outros muito amáveis para a vida cotidiana. Uma de suas áreas mais transitadas é a Praça Agramonte (na imagem), mas também possui pequenos locais ao léu, como os parques Hugo Chávez, Martí, Lídice e o de Los Ilustres. Na Colina está alojada menos de metade das 18 faculdades que tem a UH, especificou a entrevistada. Foto: Jose M. Correa
Este é outro dos lugares mais queridos por estudantes e professores: a Aula Magna. Terminou de construir em outubro de 1911 e é o primeiro prédio da Universidade. Sua fisionomia mudou muito pouco desde então. É um prédio cujo exterior é o bastante simples, contrário ao seu interior que é extremamente majestoso. O primeiro ato solene que teve lugar atrás destas paredes foi a inauguração do monumento sepulcral que guarda os restos mortais de Félix Varela. A Aula Magna é um local especial por sua história. Aqui foram recebidos muitos dos grandes líderes nacionais e internacionais e personalidades como o papa João Paulo II. É um lugar que Fidel Castro frequentava com muita sistematicidade. Nos últimos dois anos visitaram-na presidentes da França, Portugal e o primeiro-ministro do Canadá.
Foto: Jose M. Correa
A Universidade de Havana (UH) é a mais antiga de Cuba e por mais de 200 anos foi a única no país. Em uma trajetória de quase três séculos passou por várias denominações. Em 1728 (momento da fundação) era a Real e Pontifícia Universidade de São Jerônimo. Em 1842, mudou para Real e Literária, mas é durante a pseudorrepública (depois da ocupação norte-americana) que adotou o nome de Nacional ou de Havana.
A afamada instituição não nasceu no Vedado, mas no centro histórico de Havana Velha, no Convento de San Juan de Letrán, prédio que desafortunadamente já não existe mais em nossos dias.
O local que ocupa agora a casa de altos estudos é, claramente privilegiado, pois liga o coração da cidade moderna (o Vedado) com Centro Habana, uma das zonas mais vetustas da cidade.
A UH excede La Colina, como é conhecida a área onde está encravada. São as demais faculdades que se construíram por encargo, o estádio universitário e os prédios que a instituição foi adotando.
Tomando como pretexto a proximidade do 290º aniversário, conversamos com a doutora em Gestão e Conservação do Patrimônio, Claudia Felipe Torres, sobre os valores patrimoniais deste colégio.
••••
Antes da colina
Em 1902, a universidade foi transferida para o espaço que ocupa atualmente, no fim da ocupação militar estadunidense. Até aquele momento nessa elevação existiam alguns edifícios coloniais de uso militar. Essas construções foram adaptadas para laboratórios, bibliotecas e escritórios. Os estudantes se mudaram em não muito boas condições e começaram a reutilizar os prédios.
As escolas e faculdades começaram a ser construídas dependendo tanto do orçamento quanto do interesse da máxima direção universitária. Passaram quase 30 anos desde o acabamento do primeiro até concluir o conjunto que conhecemos atualmente, explicou a especialista.
••••
A imagem de hoje
A doutora comentou que a Universidade, tal como é conhecida atualmente, terminou de ser construída em 1940. Com grande tino, a direção daquela época determinou que os novos prédios deviam estar fora da Colina, para conservar a coerência e a harmonia do campus.
Depois que se terminou a Aula Magna foram edificados, quase em uníssono, o Reitorado, as antigas escolas de Física e de Química. Mais adiante a de Direito. Depois, apareceram a Faculdade de Ciências, a Biblioteca Central, o Prédio Varona. Conclui o design da Colina a antiga Escola de Ciências Comerciais e a Escola de Farmácia, os dois primeiros prédios que encontra quem sobe pela Escadaria.