ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Mohamed Keita avalia a obra martiana como o eixo central para sua vida profissional, dela aprendeu a ser melhor pessoa. Photo: Orlando Perera

PARA Mohamed Keita, conselheiro político da embaixada da República da Guiné em Cuba, o nome de José Martí significa o grande patriota que lutou no fim do século 19 pela independência da Ilha contra a Espanha e lembra seus anos de estudo na carreira de Licenciatura em Filologia, na Universidade de Havana.

Chegou à Ilha Maior das Antilhas em 1982, depois de passar um rigoroso exame de seleção entre centenas de candidatos, todos com altas notas em seus estudos do bacharelado e com o sonho de se converter em prestigiosos profissionais para ajudar suas famílias e o país.

Naquela etapa o presidente Ahmed Sekou Touré realizava ainda seu trabalho de governo e a imprensa se referia à amizade entre esse líder e o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, que ajudou desinteressadamente a buscar alternativas para o desenvolvimento da África, necessitada de mudanças econômicas e sociais depois de séculos de colonialismo.

Portanto, a palavra Cuba não era alheia para os guineanos. Ali se conheceu do processo político iniciado pela vitória atingida na região do Caribe, em 1º de janeiro de 1959 e da decisão dos cubanos de construir uma sociedade afastada do capitalismo, com garantias sociais para todos em educação, saúde, cultura, esporte e previdência social, pelo qual constituía uma novidade para os jovens, que admiravam também o espírito revolucionário do Comandante guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara.

Antes de iniciar estudos na Universidade de Havana, Mohamed Keita recebeu um curso preparatório para a aprendizagem do idioma espanhol e de familiarização com a cultura cubana, em um centro docente, situado na localidade de Machurrucuto, no município havanês de La Lisa. Sua professora o introduziu na poesia de José Martí, explicou-lhe a vida desse herói e a partir daí nasceu um vínculo com a obra martiana, a qual admira com paixão.

Ao estudar a carreira continuou seu interesse por aprender mais dos textos martianos e, portanto, elaborou sua tese de grau na concepção acerca das raças deste pensador, apegado a criar consciência perante toda classe de discriminação entre os homens, na busca da unidade para enfrentar o grande inimigo dos povos: o colonialismo.

Mohamed Keita considera muito complexa a leitura da obra de José Martí e, portanto, recebeu ajuda de seus professores e de vários colegas do grupo da universidade, com eles forjou uma amizade imperecedoura, válida nos dias atuais em que se desempenha como diplomata. Pensa que encontrou nos cubanos pessoas muito solidárias e dispostas a compartilhar seus espaços e tempos pelos simples fato de serem hospitaleiros e contribuir com outras causas.

Por isso significa a ajuda internacionalista oferecida por Cuba à África para der-rotar em Angola as tropas invasoras do outrora regime racista do apartheid da África do Sul e seus aliados, patrocinados pelas potências imperialistas ocidentais, bem como a colaboração médica oferecida a muitos países desse continente, principalmente a Libéria, Serra Leoa e Guiné, para erradicar a letal epidemia do Ébola no ano 2015.

De sua etapa de estudante comenta um ensinamento: «Exigiram-me com o mesmo rigor que a todos meus colegas. Criaram uma disciplina de estudo em mim porque devia ler vários volumes em muito pouco tempo para render as matérias. Contudo, essa aprendizagem me valeu para, 24 anos depois de formado, desempenhar-me em outras funções em meu país, incluído o setor diplomático. Por tudo isso Cuba é minha segunda pátria e considero-me um cubano».