ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, Miguel Díaz-Canel, participou do encerramento do Cibersociedade 2017.

APRENDER, sonhar e criar os mapas de trabalho que permitam mudar o futuro da região, para construir uma sociedade informatizada, justa e equitativa foi a mensagem com a qual a presidenta da União dos Informáticos de Cuba (UIC), Aylin Febles Estrada inaugurou Cibersociedade 2017.

O evento, que teve sessões nos dias 17 a 20 de outubro, no Hotel Meliá Marina, de Varadero, reuniu por volta de 400 delegados. Representantes de todas as províncias do país e uns 40 participantes de 12 países fizeram deste um espaço para a troca de conhecimentos.

Temas como segurança cibernética, governo eletrônico, computação em nuvem, Internet das coisas, big data, equidade, e desenvolvimento humano e econômico unido às tecnologias foram o centro dos debates que provocaram inquietações e novos desafios em matéria tecnológica.

INOVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TECNOLOGIAS

As sessões científicas estiveram, a maioria delas, a cargo de representantes de empresas cubanas e estrangeiras, governos e associações relacionadas com as tecnologias da informação e as comunicações (TICs).

Pela parte cubana, destaque para a intervenção do vice-ministro das Comunicações de Cuba, Wilfredo González Vidal, quem deu a conhecer a política integral para o aperfeiçoamento da informatização e as comunicações que desenvolve o país e os avanços que se conseguiram.

González acrescentou que, embora já possa ser visto o progresso em alguns setores, a informatização da sociedade é um processo complexo que não está afastado do resto dos que Cuba vem implementando.

Acerca do tema, o diretor executivo da Associação Interamericana de Empresas das Telecomunicações (ASIET) Pablo Bello, assegurou que o plano está muito bem focalizado e é muito ambicioso.

«O tema está em fazê-lo mais rápido e isso se consegue trabalhando juntos; as empresas, o governo, as universidades, a sociedade e buscando soluções mais criativas que permitam essa transformação no menor tempo possível», acrescentou Bello.

Sobre esta mesma linha, o diretor executivo da ASIET, deu a conhecer em sua exposição os desafios que tem hoje a região, relativamente ao tema das tecnologias. E reiterou que, para fechar a fenda digital, é preciso infraestrutura e transformar a economia para avançar na integração.

Os especialistas de Cuba deram uma ampla explicação do que está conseguindo o país com respeito à diminuição da fenda digital. Assim ficou demonstrado pelo vice-ministro das Indústrias, José Gaspar Álvarez Sandoval, ao aprofundar na sua intervenção como avança o país na indústria eletrônica, sobretudo, na produção de tabletes e laptops.

A diretora de investigações da Datys, empresa cubana responsável pela criação de softwares, Isnery Tarabela, referiu-se a alguns desafios do setor empresarial. Em sua intervenção, Tarabela explicou a necessidade de conseguir melhores ligações entre a ciência e a economia e encorajar o desenvolvimento de organizações que garantam economias baseadas no conhecimento.

Segurança cibernética e governo eletrônico foram outros temas abordados pelos palestrantes cubanos. Acerca dos desafios que representa para Cuba estar ligados e com segurança, os especialistas insistiram na necessidade de elevar a cultura dos usuários.

«Ações não autorizadas, mensagens não desejadas (SPAM), comprometimento de recursos nacionais e afetações nas redes por causa de programas malignos são os principais incidentes registrados pelo Gabinete de Segurança de Redes Informáticas até agosto de 2017», indicou Yohanka Rodríguez, membro da União dos Informáticos de Cuba.

«A política de informatização da sociedade cubana», acrescentou, «implica fazê-lo de uma forma ordenada, regulada e segura, facilitando o uso das tecnologias no interesse de satisfazer as necessidades crescentes de informação e serviços, além de elevar o bem-estar da população».

«Em Cuba o tema da segurança cibernética tem uma abordagem sistêmica», insistiu Rodríguez. «E um dos principais desafios é preparar-nos para um cenário com modalidades de ameaças cibernéticas, a partir da percepção de risco e a gestão de vulnerabilidades».

O engenheiro Jorge Abín, membro do conselho diretivo da Agesic, a Agência de Governo Eletrônico e Sociedade de Gestão da Informação e o Conhecimento, marcou presença no Cibersociedade para mostrar como o governo uruguaio leva em diante sua política digital e a redução da fenda digital.

Em sua intervenção, Abín explicou as experiências do seu país relativamente à expansão de redes na cidadania e assegurou que a importância destas mudanças assenta em conseguir a equidade. A esse tema também atribuiu muita importância o doutor Peter Major, presidente da Comissão das Nações Unidas da Ciência e a Tecnologia para o Desenvolvimento.

Major mostrou as perspectivas das políticas públicas digitais, expôs as iniciativas e programas globais e o impacto da Internet na era digital. Acrescentou que um dos maiores desafios é encurtar a fenda digital e instalar banda larga para todos, resolver os desafios resultantes do desenvolvimento das telecomunicações e inovar e colaborar para conseguir melhor adaptabilidade ao mundo constantemente em mudança das TICs.

PARTICIPAÇÃO DIVERSA E ALIANÇAS

O evento, que durante toda uma semana permitiu explorar o horizonte de Cuba e seus desafios em matéria de TICs, desenvolveu, ainda, o fórum da sociedade civil. O espaço reuniu trabalhadores não estatais, acadêmicos, representantes do governo e do setor empresarial, para juntos pensarem em um país mais digital.

Como grandes temas foram desenvolvidos o da indústria 4.0, a educação virtual na saúde, governabilidade da Internet, o capital humano no desenvolvimento das TICs e as plataformas emergentes. A partir daí se produziram debates sobre arquitetura tecnológica, segurança cibernética e produção de softwares.

«Vamos sair daqui, talvez, com mais interrogantes das que tínhamos ao chegar, porém isso quer dizer que temos aprendido muito e que nossa visão de um país digital ficou muito mais aberta. Há muito trabalho daqui em diante e não há tempo que perder. Temos o talento e a determinação de contribuir para o futuro de Cuba e esse foi o centro de cada fórum», assegurou Ramón González de la Calle, trabalhador não estatal e membro da UIC.

O desenvolvimento da plataforma computacional de alto rendimento para a farmacêutica biológica em Cuba, as infraestruturas segundo a experiência da companhia chinesa Huawei, a analítica de dados, o big data, a governabilidade democrática e inclusiva foram algumas das temáticas abordadas nas intervenções.

Carlos de Castro, presidente executivo do Centro de Produção Multimídia para a Televisão Interativa, veio da Universidade de Córdoba, em Espanha, para explicar o poder da analítica de dados e a inteligência cognitiva aplicada à saúde, os negócios e o turismo. De Castro, expôs exemplos do trabalho feito com aplicações ancoradas na nuvem e as vantagens que têm estas plataformas para o funcionamento da sociedade.

Trazer a quinta geração de tecnologia (5G) à realidade e pensar a evolução da rede completamente na nuvem foram alguns dos temas aos que se referiram empresários da Huawei. Javier Zarate Hernández, representante desta companhia na América Latina, explicou a importância do desdobramento da 5G e as soluções que ajudarão a estender esta conectividade e facilitar o trabalho dos operadores dos telefones celulares.

Destaque para a Colômbia na jornada, ao pôr na mesa conceitos tão importantes como a Internet das coisas, web semântica e big data. Assuntos que necessitam serem vistos como um tudo, na hora de atingir um desenvolvimento econômico e humano eficaz, unido às tecnologias.

O painel de gênero nas TICs foi um dos mais atraentes. O potencial feminino foi reconhecido como uma das conquistas de Cuba, que também mostra a qualidade profissional e as ações concretas no setor profissional. Varias soluções foram expostas pelos depoentes para, a partir das tecnologias, apoiarem as mulheres e conseguir maior empoderamento delas na sociedade cubana.

A esse respeito, o diretor-geral da ASIET, Pablo Bello garantiu que é muito relevante a importância que se dá às mulheres engenheiras e informáticas em Cuba. É um avanço que está muito acima do que acontece em outros países. «Vê-se claramente a contribuição da mulher em papéis de liderança nos temas de futuro e eu acho isso fascinante», explicou.

A feira de soluções foi um dos palcos de maior convocatória. Mais de 20 projetos de aplicações tecnológicas para resolver problemáticas sociais e econômicas chegaram de praticamente todas as províncias do país. Estas novas soluções foram defendidas por seus desenvolvedores em apenas um minuto e meio, perante o público e o júri que mais tarde os avaliou de forma individual e premiou os melhores trabalhos.

Aplicações para celulares, projetos para a gestão de serviços informáticos, redes sociais de microbloggings, videogames, lojas de conteúdos digitais e plataformas múltiplas de realidade aumentada ligadas à história, foram algumas das ideias compartilhadas neste espaço onde se entregaram seis prêmios e quatro menções.

Cibersociedade também serviu de palco para a assinatura de dois memorandos de entendimento. O primeiro deles entre entidades cubanas e outro entre a Empresa Nacional de Aplicações de Software (Desoft) e o Instituto Internacional de Qualidade do Software (ISQI), da Alemanha.

Luis Guillermo Fernández Pérez, diretor da Desoft e o senhor Sthepan Georicke, diretor do ISQI, assinaram o convênio, com o objetivo de assegurar a certificação internacional de especialistas cubanos em diferentes processos do ciclo de vida do desenvolvimento do software, que permitirá ao ISQUI, alargar seu mercado à região.

Relativamente a este acordo, o diretor da Desoft, explicou: «A empresa transforma-se com vista a abordar o tema das tecnologias da informação, tal como se faz no mundo todo. Há dois anos, nós estamos empenhados na mudança de um modelo de negócio de produção para vender produtos de software com serviços associados. Por isso, para a Desoft, este acordo é uma possibilidade de poder oferecer ao mercado da fala hispânica nossos produtos e permitir às empresas cubanas se formarem e certificarem nestes temas».

Por outra parte, a União dos Informáticos de Cuba (UIC) e a Empresa Tecnológica de Informação, que pertence ao grupo BiocubaFarma, também assinaram um acordo. Segundo explicou Aylin Febles, presidenta da UIC, o mesmo permitirá a colaboração entre ambas as entidades para cursos, eventos e a capacitação do pes-soal dedicado às tecnologias.

AGIR É O DESAFIO

A diversidade de temáticas foi uma das fortalezas do evento que, unido ao nível de convocatória, fez da Cibersociedade 2017 um começo promissório, quando se trata de organizar foros internacionais.

A Cibersociedade 2017 concluiu depois de várias jornadas, onde o centro dos debates foram as tecnologias da informação e as comunicações e seu papel nas sociedades do século 21.

O diretor-geral da ASIET, Pablo Bello, comentou ao Granma Internacional acerca do altíssimo nível do evento. A participação de profissionais cubanos de excelência, com muito bons convidados internacionais, mostra a importância que a sociedade cubana e as universidades do país estão dando a estes temas. «Vou-me embora muito contente de tudo o que eu vi nestes dias e da convicção e os desejos que as pessoas têm de trabalhar», comentou.

A presidenta da União dos Informáticos de Cuba, UIC, Aylin Febles Estrada, expressou nas palavras finais que a Cibersociedade 2017 conseguiu um debate enriquecedor, graças aos seus participantes. «No evento sonhamos e agora cabe agir», sentenciou Febles.

As propostas feitas em Cibersociedade 2017 serão recolhidas pela UIC e entregues àqueles responsáveis pelas decisões do país, a fim de consolidar o lema «Sonhemos e ajamos»”, assegurou ao Granma Internacional a presidenta da UIC.

Por outra parte, o primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, Miguel Diaz-Canel Bermúdez, quem presidiu o encerramento deste primeiro encontro internacional convocado pela UIC, assegurou em declarações à imprensa:

«Eu acho que é preciso reconhecer o papel da UIC. É uma organização muito jovem, capaz de ter esta força de convocatória. Com isto ela atingiu sua maturidade e agora somente lhe resta continuar. Devem se integrar, conseguir aplicações e serviços em função das pessoas, para assim avançar muito mais rápido rumo a um governo eletrônico».

A Cibersociedade 2017 superou as expectativas e deixou metas bem altas, para a sua segunda edição, em 2019. As pretensões para então serão crescer ainda mais quanto à participação e tornar mais visível o trabalho de Cuba. Da mesma maneira, tornou possível compartilhar experiências com representantes de outros países e mostrou que unidos se podem construir mais rápido cibersociedades para o benefício dos seus cidadãos.