
ELVIRA, José Manuel e Omar, padecem de diabetes mellitus e foram ingressados, de forma ambulatória, no Centro de Atendimento ao Diabético, em Havana, para receberem ensinamentos acerca de sua doença, serviço que se dá, também, a pacientes estrangeiros e aos seus familiares.
Elvira foi remetida a este centro pelo médico da família para reajustar suas doses de insulina e aprender como se deve dosar. José Manuel teve, recentemente, uma crise dessa doença e depois de receber tratamento no hospital lhe recomendaram atendimento neste centro para realizar estudos mais personalizados. Entretanto, Omar teve sua diabetes detectada durante testes preliminares para submetê-lo a uma cirurgia e lhe orientaram estabilizar seus parâmetros.
Os três fazem parte de um grupo de 25 pacientes que cada semana frequenta essa instituição para receber educação terapêutica, examinar seu nível de glicemia e avaliar possíveis contratempos. Assim, reajustam-se os tratamentos, oferece-se informação atualizada e orientação no atendimento individual da doença, segundo disse ao semanário Granma Internacional a diretora da entidade, doutora Ana Ibis Conesa González.
Ana Ibia, também especialista de 2º grau em Endocrinologia, expressou que o Centro de Atendimento ao Diabético faz parte do Instituto Nacional de Endocrinologia, adstrito ao Ministério da Saúde Pública, e sua
função principal é a educação acerca desta doença. «Desenvolvemos, também, um programa para crianças e adolescentes que padecem da doença», significou.

Na semana de recesso docente, organizam uma escola na qual se ensina às crianças com diabetes e aos seus familiares. Começando pelo entretenimento, promovem conversas, fazem excursões à praia, festas e exercícios físicos ao ar livre para aprender como viver com a diabetes, patologia crônica produzida pelo funcionamento deficiente do pâncreas.
No ingresso diurno para adultos se desenvolve um protocolo de trabalho estabelecido a partir da experiência adquirida a partir de 1972, data em que foi fundada a instituição. Também se realizam testes de laboratório para procurar presença e efeitos dos transtornos e estudar os possíveis contratempos, e daí estabelecer estratégias individualizadas.
«Invariavelmente, o paciente recebe conversas educativas durante suas consultas com os especialistas, que os avaliam nas consultas e no horário da tarde são ministradas palestras acerca dos sintomas da diabetes, o cuidado dos pés, os hábitos nutricionais, os problemas e as doenças associadas, a aplicação dos medicamentos e outros temas de interesse», assinalou a diretora.
Após terminar a semana, para cada paciente foi elaborada uma ficha clínica detalhada de seu padecimento e recebe a alta, com indicações precisas para tratar da
doença, levando em conta os estilos de vida incorporados para viver plenamente, porque recebe os alimentos adequados, segundo seu peso e altura, as quantias e horários requeridos.
No país existem 19 instituições semelhantes, atendidas metodologicamente pelo centro, mas sob o auspício dos hospitais provinciais de cada território, para aproximar esta aprendizagem a todos os pacientes do país. Eles são remetidos por sua área de saúde ou pelos hospitais generais e se permite a participação dos familiares próximos para que haja um acompanhamento e o doente seja ajudado.

Os profissionais que trabalham neste centro pesquisam constantemente para mostrar resultados que se tornem gerais em qualquer sociedade, principalmente na prevenção da doença com pessoas que ainda não são consideradas diabéticas, mas têm características fisionômicas e estilos de vida propensos a um padecimento deste tipo.
«Nossas pesquisas procuram o atendimento imediato dos doentes e poder alongar sua vida. Igualmente indagamos acerca do vínculo da doença com outras patologias associadas. Aliás, realizamos testes clínicos com anticorpos monoclonais e outros medicamentos», precisou Conesa González.
Estes saberes são partilhados em eventos nacionais e internacionais, em cursos, workshops e outras modalidades docentes para profissionais cubanos e estrangeiros, tanto clínicos, de consultórios comunitários, de cuidados intensivos ou outras especialidades. Também formam os residentes em endocrinologia com aspirações de desempenhar-se no atendimento integral da diabetes.
Cada ano comemoram duas datas importantes com jornadas científicas. Uma é o aniversário da instituição, em 26 de maio e outra é em 14 de novembro, para lembrar o Dia Mundial da Diabetes com um tema a esse respeito que convoca a Federação Internacional da Diabetes. O ano anterior foi dedicado à mulher, para dar a conhecer os riscos de padecer uma diabetes durante a gestação.
Precisamente, uma das consultas especializadas da instituição tem a ver com os
riscos reprodutivos na mulher com diabetes. Nelas as jovens são atendidas para conciliar com o médico o melhor momento para a gravidez. Com isso agem sobre os fatores de risco que possam evitar uma morte fetal, neonatal ou materna. Quer dizer, garantir resultados favoráveis durante a gestação para as mulheres com diabetes.
A oftalmologia também é outra das especialidades de maior peso dentro da instituição, segundo arguiu a doutora Emoe Pérez Muñoz: «Valorizamos o paciente com diabetes e insistimos em sua educação em relação à doença. Revemos a retina para verificar a presença de algum sinal de retinopatia diabética, um dos problemas da doença que causa cegueira irreversível», significou.
Aos pacientes sem lesões ou com lesões mínimas se insiste no controle metabólico para manter indicadores mínimos da glicemia e se recomenda que anualmente sejam submetidos ao exame do fundo do olho. No entanto, aqueles que são detectados com lesões mais profundas, frequentemente são chamados para aplicar-lhes novas técnicas, como o laser.
Eles possuem equipamentos especializados para atender as patologias oculares e caso as diagnosticarem em uma fase mais avançada, com necessidade de um tratamento mais especializado, enviam os pacientes ao hospital oftalmológico Pando Ferrer, que funciona como um terceiro centro da especialidade e com recursos para solucionar casos complexos.
Isso foi verificado pela diretora do Instituto Nacional de Endocrinologia, Isleydis Iglesias Marichal, doutora e especialista em Endocrinologia, destacando que o centro para diabéticos tem a categoria de Referência Nacional da Organização Pan-americana e Mundial da Saúde.
Dados estatísticos mostram que 62 milhões de pessoas padecem esta patologia no mundo e se prevê que aumente 40% para 2040. Entretanto, em Cuba, foram diagnosticadas 636.231 pessoas e se estima que 30% do total da população vive com a doença e ainda não conhece.
«Nosso principal propósito é conseguir que cem por cento das pessoas, que vivem sob esta condição sejam atendidas, estejam registradas e diagnosticadas, para que possam ser tratadas oportunamente, porque nossa rede de atendimento ao diabético permite total acesso e uma especialização em todo o país», manifestou a também professora auxiliar e pesquisadora adstrita. Isto se traduz, sem dúvida, em melhor qualidade de vida.







